quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Como vai a intervenção do Estado na crise?

John Maynard Keynes

O controle governamental da oferta de moeda, a manipulação da taxa de juros, e o ajustamento da política fiscal aos requisitos da manutenção ou do crescimento da demanda agregada eram considerados por Keynes instrumentos de política econômica muito mais eficientes do que a redução geral dos salários, defendida pela teoria convencional como a melhor maneira de combater o desemprego. Na opinião de Keynes seria muito mais fácil conseguir resultados com custo social bem menor. Já que a classe assalariada sindicalizada não seria prejudicada. E em crise, além dessas medidas, o governo tem que ajudar com dinheiro aos bancos, às grandes empresas em falência, enfim, com recursos, estimular os investidores produtivos através de crédito e fortalecer a demanda agregada, dessa forma, abrange a macroeconomia no seu todo. Seria a intervenção do Estado na economia.

Hoje, parece-nos que os países afetados pela crise estão, mais ou menos, seguindo essa orientação de Keynes, com exceção dos Estados Unidos que deixaram a bolha estourar depois de um ano de crise. Descuidaram-se da solução! A ponto de agora declararem que estão em plena recessão. Aliás, há muito tempo, estavam nessa recessão. Também, alguns países da Europa, por exemplo, a França e a Inglaterra entraram em pequena recessão, mas estão conseguindo sair. Os que conseguiram seguir os postulados da Teoria Geral a tempo estão atravessando a crise. Não só pelo lado da oferta como da demanda agregada.

No momento, em que esses países aumentam a oferta de recursos para créditos e da demanda através de gastos em obras públicas e em infra-estrutura, estão no caminho dos postulados da Teoria Geral de Keynes. Com todos os altos e baixos da crise financeira, a economia brasileira está muito bem até agora superando os reflexos recessivos do momento. E acreditamos que vamos atravessar essa tempestade sem maiores problemas econômicos. Aliás, baseado na capacidade de liquidez de nossa economia, sempre achei que atravessaríamos bem essas turbulências financeiras. O mais difícil já passou.

No ápice da Depressão de 29, a maioria dos economistas considerava a crise como sendo apenas de conjuntura. Muitos estavam conscientes da crescente distância entre os pressupostos teóricos e a realidade concreta, mas não percebiam que os fundamentos da Teoria clássica estavam fora de tempo. Não tentavam discordar da doutrina estabelecida. Não tentavam substituí-la por novas idéias. Esse mérito só caberia à Teoria Geral, publicada por Keynes em 1936. Hoje, graças aos ensinamentos dessa obra, os países do mundo têm, praticamente, um modelo correto a seguir sem titubear.

Mas daí grande parte desses economistas da época discordava em parte da teoria de Keynes. Mas eles eram mais contra os ataques da Teoria Geral aos postulados do pensamento clássico de Marshall e Pigou. Na verdade, esses ataques não eram de natureza pessoal, inclusive Keynes dizia ser amigo dos dois intelectuais. É claro que Keynes atacava a impotência da teoria econômica e da política econômica com relação ao desemprego involuntário de partes crescentes da força de trabalho. Essa teoria e essa política baseavam-se na absoluta capacidade das forças naturais de mercado expandirem a produção e o emprego em quaisquer circunstâncias. E isso não é mais verdade em tempos de recessão ou depressão.

Daí a importância desse trabalho de Keynes, quando lançado, teve uma grande repercussão não só nos países de língua inglesa, mas também em toda Europa e em outros países do mundo Sua obra, inovadora chegava para ficar e impressionar o mundo intelectual. Sobretudo, porque abalou os alicerces da teoria do marginalismo, mostrando sua inconsistência no princípio do equilíbrio automático na economia capitalista. Ele percebia que havia uma distância muito grande entre essa teoria clássica e a prática das políticas econômicas. E foi esse caminho que ele perseguiu, com sua pesquisa, para aprofundar seus estudos e formular as idéias conceituais do seu magnífico trabalho, A Teoria Geral do emprego, do juro e da moeda. Uma obra que inspirou o nascimento da macroeconomia, daí seu autor ser o pioneiro mais forte deste novo ramo da ciência econômica.

Autor: Paulo Pereira dos Santos
E-mail: Economista, professor e sócio efetivo do IHGRN

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que esse Paulo Pereira dos Santos tem um livro sobre História Econômica do RN. Quanto à crise e as contradições do Capitalismo, estou certo de uma coisa. Os Liberais tem que engolir a intervenção estatal na economia para a estabilização mundial e ver que a auto-regulamentação do mercado não é a melhor solução pra economia. O Esquema nos mostra uma idéia de altos e baixos do capitalismo. Mostrando a fragilidade do capitalismo vigente. Daí fico pensando... Quantas críticas foram feitas ao socialismo soviético, e quantas críticas são feitas à Cuba. O que me revolta são essas críticas, como se o capitalismo fosse a solução para o desenvolvimento do Sistema com todos essas subidas e descidas. Mas não se fala que um sistema baseado no socialismo poderia dar certo, desenvolvendo uma política econômica voltada pra educação profisional e tecnológica com todos os altos e baixos tbm. Fica minha indignação.
Obg pelo espaço, já que vivemos num mundo de contentamentos e aceitação em massa do Sistema.


Ah!! Uma boa pedida de leitura para as férias é um livro que tô lendo de Ignácio de Loyola Brandão,
Não Verás País Nenhum.
Tchau!