terça-feira, 30 de setembro de 2008

A propósito da crise americana (parte 02)


Só para ilustrar o que a Veja escreveu semana passada, aí vai o trecho final da reportagem sobre a crise norte-americana:

"Na sua fase de crescimento, essa mesma bolha, esse mesmo sistema tóxico e demonizado da semana passada, foi o que produziu a liquidez mundial capaz de tirar da miséria centenas de milhões de pessoas na China e no Brasil, principalmente. Graças ao sistema financeiro, quase meia centena de países antes estagnados hoje cresce a taxas de 7% ou mais por ano. O aumento do nível e da qualidade de consumo no Brasil, a economia pujante do país e, por conseqüência, a popularidade recorde do presidente Lula se devem a cabeças brilhantes e maquiavélicas de Wall Street que inventaram esses gigantescos instrumentos de liquidez mundial. Por esse prisma, é uma pena que a bolha tenha estourado. Limpar a bagunça vai custar cerca de 1 a 2 trilhões de dólares – o mesmo custo de cinco a dez anos de guerra no Iraque. Quem vai pagar? O contribuinte americano. Mas boa parte disso será recuperada pelo Tesouro americano no mercado."


Ou seja, nem Deus fez mais do que os Estados Unidos e seus asseclas liberais de Wall Street. Bonito, não é? Pena que não é verdade.

Imigração Japonesa




A imigração japonesa foi a bordo do vapor Kasato-Maru que, no dia 18 de junho de 1908, aportou em Santos a primeira leva organizada de trabalhadores vindos do Japão.
Com uma cultura rica e bem particular (incluindo uma maneira própria de tratar os alimentos), eles saíram de seu pequeno país em busca de trabalho na imensidão das terras brasileiras.
Sua chegada ao Brasil significou, para eles, a descoberta de um enigmático mundo novo. O mesmo aconteceu com os brasileiros que os recebiam: para estes, abria-se uma era de contato com uma civilização que, em quase um século de presença, mostraria ter muito a ensinar.
Relativamente recente já que a data deste século, e apesar de dificuldades iniciais, esta imigração terminou sendo um fenômeno tão importante que hoje o Brasil já sedia a maior comunidade japonesa fora do Japão.
São Paulo é o exemplo mais eloquente do peso desta cultura que chegou e ficou, cativando os brasileiros por sua riqueza e tradição - e também pelo estômago. A prova disso é a existência de um importante bairro japonês na cidade, a Liberdade, onde o comércio de artigos de todo tipo, inclusive alimentícios, é intensamente frequentado pelos paulistanos. Os produtos ligados à mesa vão desde as lascas de peixe seco, tão importantes no caldo básico das sopas, até apetrechos para moldar rapidamente os bolinhos de arroz dos sushis. Eles são procurados e escolhidos criteriosamente pelos japoneses, por senhoras de gestos rápidos,ocupadas em prover seus descendentes com a mesma comida que as nutriu na infância, e que traz no paladar e nos aromas a saudade de sua terra.
Mas não são apenas os japoneses ou seus herdeiros, nisseis e sanseis, que circulam pelos mercados e lojas orientais, aspirando o aroma de um potinho de raiz-forte para verificar o seu frescor ou tocando delicadamente a crosta de pequenos pastéis para testar o ponto da massa: hoje são muitos os brasileiros que se misturam aos rostos orientais nas lojas e mercados, já iniciados nos segredos destes sutis sabores trazidos de tão longe.
Não só em São Paulo, mas em outros Estados brasileiros, tornaram-se um sucesso os restaurantes japoneses. Muitos vivem lotados: alguns por uma clientela ocidental mais abastada , que maneja com incrível desenvoltura os antes tão exóticos talheres de pauzinhos, o hashi; outros, atraem um público mais simples, mas igualmete interessado, que os procuram nas imediações dos mercados ou no próprio bairro japonês.

1968 - o ano das transformações (parte 02)

Caros alunos, aí está a segunda parte da reportagem da revista Época publicada em 26 de maio. Nos próximos dias, postarei outros textos referentes à datas significativas para o ano de 2008, como os 200 anos da vinda da família real portuguesa para o Brasil.


Os principais pesquisadores do período divergem s quanto ao impacto político de 68. Segundo o historiador Green, as manifestações contra a Guerra do Vietnã exerceram uma influência que não pode ser descartada. “Os protestos quebram o ciclo histórico de conformismo dos americanos”, diz. “Foi a primeira vez que a população se voltou contra a política externa do país.” Historiador e professor titular da Universidade de Paris – Sorbonne, o brasileiro Luiz Felipe de Alencastro acredita que todas as manifestações antiautoritárias de massa nos anos seguintes filiam-se aos movimentos de 68. Entre elas, os protestos de 1989 na Praça da Paz Celestial. “As correntes libertárias da década de 60 mudaram as sociedades contemporâneas”, afirma. Sem 68, teria havido na Inglaterra e na Espanha grandes manifestações de massa contra a invasão do Iraque? Alencastro acha que não. “Hoje há uma onda pacifista no mundo que saiu dos anos 60.”

Um período tão controverso não poderia deixar de provocar polêmica ainda hoje. O historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autor do livro O Regime Militar no Brasil, defende a tese contrária à de Alencastro. Segundo ele, os mesmos ativistas que defendiam a liberdade de imprensa e criticavam os governos reacionários de direita muitas vezes não percebiam que os sistemas socialistas que tanto admiravam eram também opressores. “A verdade nua e crua é que a esquerda da época estava pouco preocupada com a questão democrática.” Fico afirma que, em especial no Brasil, o que muitos jovens desejavam era a instauração de uma ditadura proletária. Essa impressão é confirmada pelo próprio Fernando Gabeira, um rebelde que era da linha de frente da revolução. Na análise de Fico, também não se deve esquecer que muitas reivindicações de 68 estão marcadas pelo fracasso. “A luta armada no Brasil, o movimento pacifista nos Estados Unidos e o maio de 68 na França não passaram de chuva passageira”, diz. “No Brasil, a ditadura perdurou por longos anos, os Estados Unidos continuaram a ser uma nação com orientação bélica e na França os estudantes viram De Gaulle obter uma vitória estrondosa nas eleições.” Até a Primavera de Praga, um espasmo de independência nos países-satélites da União Soviética stalinista, foi sufocada pelos tanques russos.

Boa parte dessas reivindicações perdeu o sentido hoje. No campo político e econômico, o mundo é quase irreconhecível. A União Soviética, modelo inspirador para uma legião de revolucionários, esfacelou-se. A China comunista tornou-se uma potência econômica que impulsiona o capitalismo mundial. Em quatro décadas, surgiram 60 novos países e o planeta ficou US$ 30 trilhões mais rico. A globalização, com sua onda de oportunidades e temores, tornou-se um fenômeno irresistível. Nada disso teve raiz nos protestos de 68. Talvez por isso aqueles ideais tenham permanecido tão firmes em nosso imaginário, como um mundo que vislumbramos, mas não se realizou.

Se não tiveram força para revolucionar o cenário político do mundo, os ventos que sopraram em 68 deixaram marcas profundas no comportamento, na vida cultural e nos valores da sociedade. Segundo o escritor americano Paul Bermann, autor de O Poder e os Idealistas, um apanhado histórico sobre a geração de 68, duas principais heranças foram transmitidas às gerações futuras: a aversão visceral a toda forma de poder autoritário e a defesa dos direitos civis. É inegável que muitas das conquistas sociais da modernidade nasceram em 68 ou foram plantadas naquele ano. O movimento feminista foi uma das grandes forças do final da década de 60. As imagens mais marcantes são das ativistas que queimavam sutiãs em praça pública, em protesto contra a condição subalterna em relação aos homens. O sutiã sobreviveu. Mas as mulheres entraram maciçamente nas universidades, fincaram raízes irreversíveis no mercado de trabalho e conquistaram o direito de assumir sua sexualidade.

Leila Diniz: modelo para uma geração de mulheres que descobria a liberdade sexual.

No Brasil, não houve um movimento feminista organizado. Mas as mesmas barreiras começaram a ser quebradas. Prova disso foi o sucesso da atriz Leila Diniz e o fascínio que ela exerceu sobre uma sociedade conservadora, numa época em que as mulheres nem sequer iam sozinhas a bares e restaurantes e não eram bem-vistas se falassem palavrão. Linda, despojada e sedutora, Leila, ex-professora primária que saíra de casa aos 17 anos para viver com o cineasta Domingos de Oliveira, ganhou notoriedade em 1966, com o filme Todas as Mulheres do Mundo, em que aparecia nua. Nos anos seguintes, fez um filme atrás do outro, tornou-se a primeira porta-bandeira da Banda de Ipanema, defendia o amor livre e virou um mito no meio artístico, até sua morte, num acidente de avião na Índia aos 27 anos, em 1972. Leila era a face mais visível de uma revolução que ocorreu de maneira quase silenciosa – na época, a revolta contra o conservadorismo se confundia com a revolta contra a ditadura. “Nós não discutíamos essa coisa da liberdade comportamental”, diz a atriz Marília Pêra, que chegou a ser presa duas vezes em 68 por sua luta contra o cerceamento artístico. “Nossa única preocupação era impedir que a ditadura nos castrasse. Acho que naquela época eu não ouvi uma única vez a palavra feminismo.” Zuenir Ventura chama de sintonia mágica o fato de as mulheres daqui terem se comportado tal qual suas colegas americanas, embora inconscientemente. “Eu amava muito, freqüentava festas loucas, fazia o que bem entendia. Se isso era uma revolução, eu não sabia dizer”, afirma Marília Pêra.

Martin Luther King lutou pelos direitos civis dos negros norte-americanos

O ano de 1968 também foi um marco na luta dos negros pela conquista dos direitos civis, especialmente nos Estados Unidos. Na luta contra a segregação racial que existia no país, o pastor Martin Luther King, um líder que pregava a resistência pacífica, foi assassinado. Naquele período, crescia a influência do movimento Panteras Negras, um grupo revolucionário marxista que buscava conquistar espaço pelo confronto. Os Panteras tornaram-se mundialmente conhecidos nos Jogos Olímpicos do México, quando dois corredores americanos subiram ao pódio usando luvas pretas para receber suas medalhas. Durante a cerimônia, eles ergueram os punhos cerrados, gesto característico do movimento. Mas foi a veia pacífica de King que sensibilizou os americanos. Pouco após sua morte, a Suprema Corte declarou que todas as formas de segregação eram contrárias à Constituição. “Hoje, até George Bush venera King”, diz o historiador Alencastro. Foi a geração de 68 que permitiu a ascensão de negros a posições de destaque nos Estados Unidos. “Se há empresários negros bem-sucedidos, apresentadores de televisão de sucesso ou esportistas idolatrados, é porque as pessoas iam às ruas gritar contra a discriminação”, diz o historiador Green.

EXPERIÊNCIAS
Foi uma época marcada pela busca de novos caminhos. A visita dos Beatles ao guru indiano Maharishi Mahesh Yogi fez o Ocidente descobrir a espiritualidade oriental. No Brasil, a ousadia da peça Roda Viva irritou a ditadura

No Brasil, grandes transformações na área cultural vieram no embalo da contracultura. A principal delas foi o tropicalismo, que ainda hoje reverbera especialmente na música popular brasileira. O movimento, liderado por Caetano Veloso, Nara Leão e Gilberto Gil, entre outros artistas, propunha mudanças tão radicais que se revelaram inspiradoras para todas as gerações seguintes. O tropicalismo de Caetano incorporou o uso da guitarra elétrica e de gêneros como o bolero e as músicas de raiz. De tão ousada, a mistura provocou reações iradas dos setores mais conservadores, que consideram aquilo uma agressão. O tropicalismo só foi possível porque vivia-se uma época em que se experimentava de tudo. Era o ano em que o principal grupo de rock do mundo, os Beatles, ia à Índia conhecer o guru Maharishi Mahesh Yogi. Aquela viagem, que então parecia maluquice, apressou o contato do mundo ocidental com as técnicas da meditação, diz a escritora Sharon Begley num artigo publicado na revista Newsweek.

Atores da peça Roda Viva

O diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa, que encenou a peça marginal Roda Viva, um dos marcos da contracultura do período, diz que 68 foi fundamental para uma mudança não só de comportamento, mas da própria visão de mundo. “Aquela geração tirou a máscara da hipocrisia”, diz. “As pessoas se deram conta de que precisavam viver o aqui e o agora, que não dava para esperar os outros fazerem algo por você.” Uma das trilhas sonoras possíveis para o período, “Para não Dizer Que não Falei das Flores”, de Geraldo Vandré, traz um verso, um tanto gasto hoje em dia, que traduz esse espírito: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Fazer a hora era um termo cujo significado ia desde ingressar na luta armada contra o governo militar até o uso de drogas, praticar o sexo livre ou vestir-se com calças boca-de-sino. Hoje esse discurso soa algo irreal. Desde então, o regime militar foi sepultado e uma era individualista torna difícil acreditar nas soluções coletivas. O escapismo das drogas revelou-se um vício associado à violência, muito mais que à “abertura da mente”. A aids fez refluir o comportamento sexual sem limites – junto com a percepção de que, embora prazeroso, ele não tornava as pessoas felizes.

E, no entanto, poucas das grandes mudanças por que passamos nessas quatro décadas não surgiram naquela época. Da tolerância à diversidade ao reconhecimento dos direitos das mulheres e minorias, do movimento ambientalista às organizações comunitárias, da valorização dos prazeres à busca da espiritualidade pela meditação, a geração de 68 atingiu, sim, seu ideal de transformar o mundo.

Calendário dos fatos de 1968. Para ampliar, clique na imagem.

A propósito da crise americana.


Ler é fundamental. Aprender a separar o joio do trigo, também.

Voce entendeu?

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

1968 - o ano das transformações

Caros alunos: aí está, conforme havia prometido, uma reportagem introdutória sobre os acontecimentos do ano de 1968 (publicada em 26 de maio de 2008 na revista Época). Foi um período muito importante na história contemporânea, tendo os jovens como principais agentes das transformações. Depois postarei mais textos sobre esse período.


Pense em 1789 e você logo imaginará o início da revolução francesa. No século XX, 1945 entrou para a História como o marco do fim da Segunda Guerra Mundial e 1989 carrega a lembrança da queda do Muro de Berlim. Todos esses anos têm eventos tão únicos e extraordinários associados a eles que é fácil saber de imediato o que representam. No entanto, nenhum deles possui a aura de magia que acompanha 1968. Quarenta anos depois, 68 continua enigmático, estranho e ambíguo como um adolescente em crise existencial. Ele foi o ano da livre experimentação de drogas. Das garotas de minissaia. Do sexo sem culpa. Da pílula anticoncepcional. Do psicodelismo. Do movimento feminista. Da defesa dos direitos dos homossexuais. Do assassinato de Martin Luther King. Dos protestos contra a Guerra do Vietnã. Da revolta dos estudantes em Paris. Da Primavera de Praga. Da radicalização da luta estudantil e do recrudescimento da ditadura no Brasil. Da tropicália e do cinema marginal brasileiro. Foi, em suma, o ano do “êxtase da História”, para citar uma frase do sociólogo francês Edgar Morin, um dos pensadores mais importantes do século XX. Foi um ano que, por seus excessos, marcou a humanidade. As utopias criadas em 68 podem não ter se realizado. Mas mudaram para sempre a forma como encaramos a vida.

O cantor americano Bob Dylan disse recentemente que 1968 foi o último ano em que todas as utopias eram permitidas e que hoje em dia “ninguém mais quer sonhar”. Numa simplificação, pode-se afirmar que o período simboliza a utopia de milhões de jovens rebeldes e cabeludos de acabar com a moral repressora da velha sociedade. Por si só, isso já seria grande o suficiente. Mas foi só isso? Para o escritor e jornalista Zuenir Ventura, autor de 1968 – O Ano Que Não Terminou, serão necessários muitos anos para que se entenda seu legado. “Ainda ninguém explicou por que tudo aconteceu naquele ano e de que forma o mundo absorveu os impulsos revolucionários daquela geração”, diz Zuenir.

Nos próximos meses, estão previstos vários eventos em comemoração aos 40 anos de 1968. A Universidade Federal do Rio de Janeiro promove em abril um ciclo de debates com especialistas brasileiros e estrangeiros. Na França, estudantes universitários planejam uma caminhada pacífica pelas ruas de Paris para lembrar as manifestações de maio, que colocaram frente a frente milhares de jovens e a polícia do presidente Charles de Gaulle. Nos Estados Unidos, vários livros estão sendo lançados desde o ano passado. Um deles, intitulado Boom, do jornalista americano Tom Brokaw, recebeu uma enxurrada de críticas. O motivo? Não ter chegado a um veredicto sobre o real significado do período...

As discussões, tanto no Brasil quanto no exterior, são quase tão apaixonantes quanto a energia revolucionária que desabrochou há quatro décadas. Uma forte corrente acredita que o mundo seria hoje muito pior se 68 não tivesse acontecido. Nesse time jogam as pessoas que mantêm as idéias de esquerda frescas na memória. “Se a juventude, e não a repressão, tivesse vencido, o Brasil teria avançado mais rapidamente nas reformas democráticas”, diz José Dirceu de Oliveira, um dos protagonistas do 68 brasileiro. Para ele, os principais protestos civis da história recente do país só ocorreram porque o caminho foi traçado pelos rebeldes de sua geração. Seriam exemplos dessa herança contestatória a campanha das Diretas Já e os caras-pintadas que foram às ruas pedir o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. Em seus tempos de líder estudantil, José Dirceu pregava a liberdade e a justiça social. Mas ele foi alvejado pelos anos. Ex-homem forte do PT, ministro e deputado federal, acabou cassado pelo Congresso em 2005, no escândalo do mensalão.

Há uma vertente que relativiza a herança deixada pela geração do desbunde. Seus adeptos acreditam que as lembranças afetivas turvam a análise independente. O deputado Fernando Gabeira, hoje uma das vozes mais lúcidas de Brasília, enxerga com certo incômodo a veneração do período. Ex-guerrilheiro de esquerda durante a ditadura militar, Gabeira arrepende-se de muita coisa da época. “A busca pela implantação do socialismo, a luta armada e o seqüestro do embaixador americano foram grandes equívocos”, diz. “Eu gostaria de sepultar esse período” . Em sua visão, a luta armada não só fortaleceu a ditadura militar, como deu de bandeja um pretexto para que o presidente Arthur da Costa e Silva promulgasse o Ato Institucional no 5 no dia 13 de dezembro de 1968, recrudescendo os Anos de Chumbo no Brasil. Mas não foi só de luta armada que se construiu a oposição ao regime militar. Em 1968, o operário Luiz Inácio Lula da Silva se filiou ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Com o passar dos anos, sua atuação de sindicalista o tornaria uma figura conhecida nacionalmente.


Passeata dos Cem Mil - maior protesto contra a ditadura brasileira em 1968

O 68 brasileiro foi diferente por uma razão simples. Aqui ele tinha um viés mais político que na França e nos Estados Unidos, países que também viviam em erupção. No Brasil, os contestadores do regime sofreram torturas e exílio. “Nos Estados Unidos, havia o sentimento generalizado de que era preciso mudar a estrutura da sociedade, mas não necessariamente o governo”, diz o historiador americano James Green, especializado nos movimentos civis dos anos 60. Os manifestantes gritavam nas ruas de Washington, Nova York e São Francisco pelos direitos das mulheres, dos negros e dos homossexuais. Exigiam o retorno dos soldados americanos da Guerra do Vietnã. Pregavam o respeito à natureza. Mas não queriam tomar o poder. “Na França, os movimentos de revolta começaram com a exigência do dormitório misto nas universidades”, diz Zuenir. “No Brasil, o 68 começou com a morte do estudante Édson Luís, assassinado pela Polícia Militar do Rio.” A Passeata dos 100 Mil, no Rio, era uma afronta à ditadura militar. Na França, o sentimento era de revolta contra o conservadorismo de De Gaulle, mas não havia uma atmosfera de repressão como no Brasil.

VINGANÇA FEMININA

Amigos muito cuidado qundo resolverem desprezar uma MULHER.

Mulher morde e arranca pedaço de orelha de rival no Espírito Santo

Um pedreiro de 34 anos foi morto pela ex-amante, de 31 anos, na noite da quarta-feira (24), em Cachoeiro de Itapemirim (ES). Segundo informações da polícia, o crime foi cometido em etapas. A vítima foi dopada, agredida com golpes de marreta, pedra e faca. Em seguida, teve água quente jogada no rosto. A crueldade seguiu no quintal da casa, onde o corpo do rapaz foi queimado e enterrado em uma cova rasa.

O delegado Guilherme Eugênio Rodrigues, titular da Delegacia de Crimes Contra a Vida (DCCV), informou que a mulher foi presa e teria confessado o crime com riqueza de detalhes.

Ainda de acordo com a polícia, em depoimento, a mulher disse que o pedreiro foi até sua casa para conversar sobre o fim do relacionamento deles, que durou cerca de cinco anos. Ela teria contado à polícia que ofereceu um suco à vítima com sonífero, pois ele estaria tentando reatar o relacionamento.

Segundo a polícia, o pedreiro adormeceu em um colchão que havia na sala do imóvel. "Depois que a vítima dormiu, ela o golpeou com várias marretadas, pedradas e facadas. Ela disse que o homem teria resistido e ela jogou água fervendo no rosto dele", afirmou o delegado.

"Não bastasse isso, ela o arrastou para o quintal da casa e ateou fogo ao corpo. O pedreiro foi queimado vivo", afirmou Rodrigues. Em seguida, de acordo com o delegado, a mulher abriu uma cova rasa no quintal e enterrou o pedreiro no local.

O crime só foi descoberto depois de a polícia receber denúncias anônimas sobre o caso. De acordo com Rodrigues, ambos viviam em casamentos distintos e tinham três filhos cada, frutos dos relacionamentos oficiais.
Ainda segundo o delegado, a mulher vai passar por uma avaliação mental, pois já teria feito tratamento em um centro psiquiátrico na cidade. Ela será indiciada por homicídio doloso, traição e emboscada.

Rio tietê

Um homem de 40 anos entrou nas águas do Rio Tietê, na Zona Norte de São Paulo, e foi ajudado pelos bombeiros a sair do local no início da tarde desta segunda-feira (29). Ele foi encaminhado para a Santa Casa de Misericórdia, onde aguarda avaliação psiquiátrica e permanece em observação.

Ele usava uma bóia para se manter flutuando e agitava uma bandeira do Brasil. A Santa Casa não divulgou informações sobre o estado clínico do paciente e não informou se o contato com a poluição do rio causou problemas a sua saúde.






Fonte: Portal G1

domingo, 28 de setembro de 2008

Para gostar de ler.(parte 04)


Ainda Escravos...

Da senzala à favela.
Da chibatada aos cassetetes.
Das correntes às algemas.
Dos negreiros aos camburões.
De escravos a explorados.

Dos porães às pensões.
Nos deram alforria mas não a liberdade.
Disseram que somos livres
(livres sem dignidade).
Soltaram as correntes e nos prenderam à miséria,
Falando em igualdade.

Natal, ontem e hoje.(parte 03)


As fotos acima são da Praça Padre João Maria, por tras da Antiga Cadetral, hoje Igreja de Nossa Senhora da Apresentação, na Cidade Alta, zona leste de Natal.

João Maria Cavalcanti de Brito, conhecido como Padre João Maria, que empresta seu nome a Praça, nasceu na antiga Fazenda Logradouro do Barro, hoje Fazenda Três Riachos, em Jardim de Piranhas no Rio Grande do Norte, era filho de Amaro Cavalcanti e Ana de Barros. Foi ordenado sacerdote em 30 de novembro de 1871. Realizou a primeira missa em Caico-RN quando tinha apenas 23 anos e assumiu a paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, antiga catedral de Natal, em 1881.
Foi nessa época que ele passou a ser conhecido pela sua extrema solidariedade, Padre João Maria marcou sua vida com uma meta bem definida: ajudar aos mais pobres. A determinação em estar ao lado dos que precisam, foi confirmada quando o Rio Grande do Norte foi atingido por uma epidemia de varíola, no final do século XIX, seguida de uma grande seca. Padre João Maria também distribua alimentos as pessoas mais pobres da cidade. Acabou morrendo em 16 de outubro de 1905, da mesma doença que tanto combateu, a varíola.
Desde então, é considerado como o Santo de Natal, aonde foi construída, por trás da Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, uma praça em sua homenagem, lá existe um busto seu, onde fieis costumam fazer promessas, se benzem com água benta e agradecem ao "santo" com pequeno objetos que fazem alusão às graças obtidas, a ele são atribuídas inúmeras graças, principalmente as que amenizam o sofrimento dos fiéis.

Com sua grande popularidade, por onde passava, Padre João Maria era carinhosamente chamado por apelidos como: "Benzinho do Seridó", "O Santo", "Pe. João de Deus", "O Apóstolo da Caridade", "O Anjo da Cidade", "O Santo do Seridó", "O Santo de Natal", entre outros.
Em 2002, o processo de beatificação do padre João Maria foi aberto, desde então todas as graças atribuídas a ele estão sendo registradas.
OBS.: para sua orientação geográfica, se voce seguir esta avenida principal direto, passará pelas lojas Riachuelo e ficará diante da Catedral Metopolitana de Natal.

sábado, 27 de setembro de 2008

COMO ANDA O SEU TEMPO???


Um menino, com voz tímida e com os olhos cheios de admiração,pergunta ao pai, quando este retorna do trabalho:

- Pai, quanto o senhor ganha por hora?

O pai, num gesto severo, responde:
- Meu filho, isso nem a sua mãe sabe.Por isso, não me amole, estou cansado!!

E o filho insiste:

- Mas papai, por favor, diga, quanto o senhor ganha por hora?

A reação do pai foi menos severa e respondeu: Três reais por hora.

- Então papai, você poderia me emprestar um real?

O pai, cheio de ira e tratando o filho com brutalidade, respondeu:

-Então era essa a razão de querer saber quanto eu ganho?

Vá dormir e não me enche mais o saco!

Já era noite, quando o pai, por algum momento raro,começou a pensar no que havia acontecido com o filhoe sentiu-se culpado.

Talvez, quem sabe,o filho precisasse comprar algo.

Querendo aliviar sua consciência doída,foi até o quarto do menino e, em voz baixa perguntou:

-Filho, está dormindo?


- Não papai - o garoto respondeu sonolento e choroso.


- Olha, aqui está o dinheiro que me pediu: Um real.


- Muito obrigado, papai!


-disse o filho,levantando-se rapidamente retirando mais dois reaisde uma caixinha que estava sob a cama.


-Agora já completei, papai! Tenho três reais.Poderia me vender uma hora do seu tempo?




OBS: Você pode até não ter filhose achar que isso não é com você.Porém, com certeza você tem família,e será que nela não existe alguém que sente a sua falta?


Olhe ao seu redor...




sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Setença judicial de 1833.



Vejam como era uma sentença judicial de um cabra que tentou estuprar uma moça no sertão sergipano em 1833. O texto é tecnico e carregado com a grafia portuguesa da época.


Sentença:
"O adjunto de promotor público, representando contra o cabra Manoel Duda, porque no dia 11 do mês de Nossa Senhora Sant'Ana quando a mulher do Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra que estava de tocaia em uma moita de mato, sahiu della de supetão e fez proposta a dita mulher, por quem queria para ‘coisa que não se pode trazer a lume’, e como ella se recuzasse, o dito cabra abrafolou-se dela, deitou-a no chão, deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará. Elle não conseguiu matrimonio porque ella gritou e veio em amparo della. Nocreto Correia e Norberto Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante. Dizem as leis es que duas testemunhas que assistam a qualquer naufrágio do sucesso faz prova".


Considero:
QUE o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento para conxambrar com ella e fazer chumbregâncias, coisas que só marido della competia conxambrar, porque casados pelo regime da Santa Igreja Cathólica Romana; QUE o cabra Manoel Duda é um suplicante deboxado que nunca soube respeitar as famílias de suas vizinhas, tanto que quiz também fazer; conxambranas com a Quitéria e Clarinha, moças donzellas; QUE Manoel Duda é um sujeito perigoso e que não tiver uma cousa que atenue a perigança dele, amanhan estará ‘metendo medo até nos homens’. CONDENO o cabra Manoel Duda, pelo malifício que fez à mulher do Xico Bento, a ser CAPADO, capadura esta que deverá ser feita a MACETE. A execução desta peça deverá ser feita na cadeia desta Villa. Nomeio carrasco o carcereiro. Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.
Manoel Fernandes dos Santos, Juiz de Direito da Vila de Porto da Folha, Sergipe".


quinta-feira, 25 de setembro de 2008

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

De volta...

Olá a todos e todas alunos(as) do CIS ou não,
Estou de volta às publicações nesse blog e logo de cara recomendo que leiam com bastante atenção os novos dados sobre a população brasileira apresentados hoje pelo IBGE e postado logo abaixo.Lembrem-se de que o assunto POPULAÇÃO é tema muito recorrente nos vestibulares da UFRN.Portanto, a equipe de geografia do CIS julga ser de primaz importância a leitura paciente e a correta interpretação dos dados apresentados pelo IBGE,pois eles vão ao encontro do que tem sido comentado em sala de aula.
Um grande abraço a todos e todas.

IMPORTANTE - Novos dados sobre a população brasileira

Envelhecimento populacional cresce de forma acelerada no Brasil, mostra IBGE
SÃO PAULO - Os avanços tecnológicos e a redução da taxa de fertilidade são os principais fatores que fazem com que o Brasil, hoje, esteja em um acelerado processo de envelhecimento populacional. É o que diz a Síntese de Indicadores Sociais 2008, análise divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. O estudo aborda as condições de vida da população brasileira a partir de informações socioeconômicas adquiridas, principalmente, na Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad), também realizada pelo IBGE.
· Além de notar o aumento de idosos no País, o IBGE também informa que os brancos continuam tendo mais acesso ao ensino superior que os brancos e pardos, e que as mulheres têm expectativa de vida maior que a dos homens. Veja os principais dados do estudo:
Casamentos, separações e divórcios

Brasileiros voltam a casar mais, mostra IBGE
O IBGE obteve dados junto às serventias de Registro Civil de Pessoas Naturais e às Varas Cíveis e de Família e descobriu que a taxa de nupcialidade legal (número de casamentos por 1000 habitantes em um determinado ano) era de 6,4% em 1997, caiu para 5,7% em 2002 e voltou para 6,5% em 2006. O crescimento verificado nesse período, segundo o IBGE, é reflexo da renovação do código civil, em 2002, e de outras medidas que reduziram a burocracia e os gastos para o registro civil de casamento.
Entre as mulheres, a maior taxa de nupcialidade legal verifica-se entre as que têm de 20 a 24 anos (30%) e de 25 a 29 anos (29,1%). Entre 1997 e 2007, houve diminuição significativa no percentual de mulheres oficialmente casadas com menos de 19 anos: de 24,2% para 14,8%.
Entre os homens, houve crescimento da taxa em todos os grupos etários a partir de 25 anos e redução nos grupos mais jovens (de 15 a 19 anos e de 20 a 24 anos). Segundo o IBGE, há mais homens que mulheres legalmente casadas nos grupos de maior idade. O destaque fica para as pessoas com 60 anos ou mais, no qual a taxa de nupcialidade é de 3,4% para os homens e de 0,95% para as mulheres.
Os dados sobre separações judiciais revelam que, em 1997, 81,7% delas foram consensuais. Entre as não-consensuais, 10,7% foram requeridas pela mulher e 3,2% pelos homens, sobretudo devido à conduta desonrosa ou grave violação do casamento.
Em 2006, 69,9% dos divórcios concedidos no Brasil foi para casais que tinham filhos maiores de idade ou não tinham filhos. Em 89,2% dos divórcios concedidos, a guarda foi concedida às mulheres.
Cor ou raça
Segundo o IBGE, as diferenças sociais entre brancos, pretos e pardos continuam evidentes. Em 1997, 9,6% dos brancos tinham ensino superior completo, índice muito maior que os 2,2% registrados por pretos e pardos. Em 2007, os percentuais passaram para 13,4% e 4%, respectivamente. A diferença entre os grupos, portanto, foi de 7,4 pontos percentuais para 9,4 pontos percentuais na última década.
Os índices também são muito diferentes quando analisada as taxas de analfabetismo. Dos pouco mais de 14 milhões de analfabetos brasileiros registrados no ano passado, 9 milhões eram pretos e pardos. Entre os analfabetos funcionais (sabe ler e escrever o próprio nome), 16,1% são brancos e 27,5% são pretos e pardos.
Como conseqüência da disparidade educacional, os rendimentos médios de pretos e pardos são em torno de 50% menores que os dos brancos. Os pretos e pardos são quase 74% da população mais pobre do País e apenas 12% da população mais rica.
IBGE mostra redução no número de crianças
A proporção de crianças e adolescentes na população brasileira vem se reduzindo gradativamente, devido à queda da fecundidade e do aumento da esperança de vida. Em 1997, metade da população era composta por pessoas de 0 a 24 anos de idade, o equivalente a 78,1 milhões de brasileiros. Em 2007, o grupo aumentou para 82,4 milhões, mas baixou seu peso relativo para 43,4% do total da população.
Considerando apenas o grupo de 0 a 6 anos, a redução foi de 13,6% para 10,5%. No entanto, 47% das 60,1 milhões de famílias brasileiras contavam com ao menos uma criança ou adolescente de até 14 anos.
O trabalho ilegal de crianças entre 5 e 15 anos, por sua vez, diminuiu de 3 milhões em 2002 para 2,5 milhões em 2007. No ano passado, as crianças trabalhadoras representavam cerca de 6,6% do grupo entre 5 e 15 anos - 42% delas estão no Nordeste.
Densidade demográfica
Em 2007, a densidade demográfica (número de habitantes por km²) média da população brasileira era de 22,3 hab./km². A distribuição deste número de pessoas é bastante irregular. A Região Norte, que possui 45,2% da área do País, mas apenas 8,1% da população, dados que resultam em uma densidade média de 4,0 hab./km². A maior densidade fica com a Região Sudeste, que tem 42% da população brasileira e densidade de 87,4 hab./km².
Domicílios
Segundo a Pnad 2007, o número de domicílios particulares no Brasil é de cerca de 56,4 milhões. O número médio de moradores por domicílio era de 3,8 em 1997, mas caiu para 3,4 pessoas em 2007, como conseqüência da queda da fecundidade. Destes domicílios, 73,6% são próprios, 19,1% são alugados e 6,8% são cedidos.
Aumenta famílias com casa própria no País
Considerados apenas os domicílios mais pobres (com rendimento per capita de até meio salário mínimo), 71,5% deles eram próprios, 17,4% eram alugados e 10,4% eram cedidos. Quanto ao tipo de domicílio, 86,9% são casas e 12,7% são apartamentos.
Em 2007, 62,4% dos domicílios urbanos tinha atendimento simultâneo de serviços públicos de abastecimento de água com canalização interna, esgotamento sanitário e coleta de lixo. O índice é maior que o de 1997, que chegava a apenas 55,6%. No Sudeste, 83,7% dos domicílios tem todos os serviços, índice que supera os de todas as outras regiões. Para a faixa de até meio salário mínimo, 42% têm tais serviços simultâneos, índice que chega a 77,2% entre os domicílios com mais de 5 salários mínimos per capita.
Segundo a Pnad, em 2007, 99,8% dos domicílios brasileiros dispunham de iluminação elétrica, 72,8% tinham telefone fixo e 23,3% tinham acesso à internet. 20,5% dos domicílios brasileiros informaram possuir, ao mesmo tempo, iluminação elétrica, telefonia fixa, computador, geladeira, TV em cores e máquina de lavar. Quando a este conjunto se inclui acesso à Internet, este percentual cai para 17,6% Esse índice de posse de bens e serviços simultâneos é maior nas regiões Sudeste (26%) e Sul (27%) do que na Norte (7%) e Nordeste (8%).
Educação
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) é um dos usados pelo Ministério da Saúde para monitorar a qualidade do ensino no País. Os resultados de 2007 ultrapassaram, em média, as metas programadas para serem atingidas em 2009. O destaque ficou para a Região Nordeste, que ultrapassou as projeções para o ano quem vem nos três níveis da educação básica. Alagoas foi o Estado que deu o salto de qualidade mais expressivo.
A freqüência à escola para crianças e adolescentes cresceu nos últimos dez anos. No grupo de crianças de 0 a 6 anos, a freqüência escolar foi de 29,2% em 1997 para 44,5% em 2007. Entre crianças de 4 a 6 anos, o percentual de 2007 chegou a quase 78%. Do conjunto de crianças de 7 a 14 anos que frequentam a escola, 87% o fazem em estabelecimentos da rede pública.
No entanto, o Brasil ainda conta com 14,1 milhões de pessoas de 15 anos ou mais consideradas analfabetas, o equivalente a 10% da população, número inferior ao registrado em 1997 (14,7%). A maioria das pessoas pertencentes a esse grupo (52%) se encontra na Região Nordeste. Do total de analfabetos, 40,1% eram pessoas acima de 60 anos de idade, sendo ainda expressivo o percentual de analfabetos entre 40 e 59 anos (36,5%).
Entre o grupo de pessoas que vivem com até meio salário mínimo de rendimento familiar per capita, cerca de 18% eram analfabetos em 2007. Nas classes de rendimentos superiores a dois salários mínimos, esse percentual se reduz para 1,4%. Além disso, a taxa de analfabetismo em áreas rurais é três vezes maior que em áreas urbanas (23,3% e 7,6%, respectivamente).
Considerada a taxa de analfabetismo funcional, referente ao percentual da população de 15 anos ou mais com menos de quatro anos de estudo, o índice brasileiro chegava, em 2007, a 21,7%, o equivalente a 30 milhões de pessoas. O número é considerável, mas 32% menor que a registrada há dez anos. O Nordeste também tem a maior taxa de analfabetos funcionais: 33,5%.
Famílias
O IBGE considera “família” o grupo de pessoas que reside em um mesmo domicílio, independentemente da existência de vínculos entre elas. Pelos dados da Pnad 2007, 88,6% das pessoas que moram juntas têm parentesco. Destes, 48,9% são casais com filhos, número menor que o registrado em 1997 (56,6%). Ao mesmo tempo, o percentual de casais sem filhos cresceu de 12,9% para 16% entre 1997 e 2007. Cresceu, também, o percentual de pessoas que vivem sozinhas, de 8,3% para 11,1%.
Entre as famílias onde há presença de filhos, 50,5% eram menores de 16 anos. Ainda considerando estas famílias, é interessante notar o crescimento da proporção entre aquelas criadas por apenas um dos pais. De 1997 a 2007, esse índice passou de 19,2% a 21,8%.
Aumentou, também, o percentual de filhos com menos de 16 anos criados apenas pelo pai, de 7,8% para 9,8%. Segundo o IBGE, esses números podem indicar um aumento na divisão de responsabilidade pelas crianças.
Cresce número de idosos e esperança de vida
Em 2007, a população com menos de 1 ano de idade correspondia a 1,4% do total. No Norte este contingente atinge maior percentual (2%), o que revela que essa é a região com nível de fecundidade mais elevado. Já as pessoas com mais de 60% contabilizam 10,5% do total da população. Os maiores percentuais desse grupo encontram-se nas regiões Sudeste (11,7%) e Sul (11,4%).
Em 2007, a esperança de vida ao nascer era de 72,7 anos de idade, um crescimento de 3,4 anos se comparado aos índices de 1997. A taxa bruta de mortalidade, que representa a freqüência com que ocorrem óbitos em uma população, passou de 6,6%, em 1997 para 6,23%, em 2007.
Idosos
O aumento gradativo da população de 60 anos ou mais indica que o Brasil se encontra em um processo de envelhecimento populacional, que, segundo o Centro Latinoamericano y Caribeño de Demografia das Nações Unidas, está num estágio “moderado avançado”. Entre 1997 e 2007, a população brasileira apresentou um crescimento relativo de 21,6%. Entre as pessoas com 60 anos ou mais, esse crescimento foi mais acelerado (47,8%), devido, sobretudo, ao adiamento da mortalidade devido aos avanços da medicina e dos meios de comunicação.
A Pnad 2007 revelou que existem quase 20 milhões de idosos no Brasil. Destes, 16,5 milhões viviam na área urbana e 3,4 milhões na rural. A divisão por sexo dessa população mostra que as mulheres têm maior longevidade. Em 2007, havia 79 homens idosos para cada 100 mulheres idosas.
Migração
O IBGE avalia que os movimentos migratórios brasileiros encontram-se estáveis, visto que a distribuição da população por regiões de residência atual, segundo o local de nascimento, mantém as mesmas tendências do início da década de 1990. As regiões com maior proporção de população natural, ou seja, pessoas que vivem nas regiões em que nasceram, são a Nordeste (97,2%) e Sul (94%) O menor contingente de população natural, 69,7%, é registrado no Centro-Oeste, que também tem o maior percentual de migrantes (30,3%), a maioria provenientes das Regiões Nordeste e Sudeste.
Em 2007, calcula-se que 19,7 milhões de pessoas migraram de região, sendo que os nordestinos correspondem a 53,5% desse total. A região Sudeste continua sendo o maior pólo de atração da população do Nordeste (destino de 66,7%) e também de estrangeiros (71,6% dos 692 mil que vieram para o Brasil em 2007). Observa-se, ainda, que todas as regiões têm o Sudeste como o maior pólo de atração, menos a Norte, que tem maior fluxo de emigrantes se dirigindo para o Centro-Oeste.
Mortalidade infantil
A mortalidade infantil continua em declínio, e de 1997 a 2007 passou de 35,2% para 24,32%. A redução desse índice deve-se, principalmente, à melhoria das condições de habitação, já que mais domicílios contam com saneamento básico, e à ampliação da cobertura dos serviços de saúde. A menor taxa de mortalidade infantil é registrada no Rio Grande do Sul (13,5%) e a maior em Alagoas (50%).
Aumenta número de mulheres com 1 filho
De 1997 a 2007, o número de mulheres em idade reprodutiva (15 a 29 anos) com filhos nascidos vivos, manteve-se em 63%. Porém, o percentual de mulheres que tinham apenas um filho subiu de 25,8% para 30,7%. O índice de adolescentes com idade entre 15 e 17 anos que tinham filhos era de 6,3% em 2007, patamar similar ao de 1997.
Em relação à escolaridade, as mulheres brasileiras, especialmente as que vivem em áreas urbanas, apresentam média de um ano a mais de estudo que os homens. Além disso, do conjunto de estudantes do ensino superior, 57,1% eram mulheres em 1997. No mercado de trabalho, porém, o sexo feminino continua menos representado que o masculino.
Renda
Em 2007, o valor médio do rendimento familiar per capita ficou em torno de R$ 624. Entretanto, metade das famílias vivia com menos de R$ 380, valor do salário mínimo no mesmo ano. O estudo evidencia que a distribuição de renda continua desigual no Brasil, já que metade das famílias nordestinas viviam com até R$ 214, enquanto o rendimento médio da região Sudeste girava em torno de R$ 441.
Segundo o IBGE, a comparação da relação entre os rendimentos dos 40% mais pobres e dos 10% mais ricos, de 1997 a 2007, mostra uma leve tendência de redução, o que indica melhora na distribuição de renda na última década
Sexo
No Brasil, existem 95,3 homens para cada 100 mulheres, índice que se deve, em parte, à sobremortalidade masculina. Os valores mais baixos dessa razão de sexo foram encontradas na região metropolitana de Recife, onde, para cada 100 mulheres, existem 87,8 homens. Taxa de fecundidade No ano passado, a taxa de fecundidade total (número de filhos que uma mulher teria no final do seu período fértil) foi de 1,95. Em 1997, esse índice era de 2,54 filhos por mulher. Segundo o IBGE, o índice revela o intenso e acelerado processo de declínio da fecundidade na sociedade brasileira.
Urbanização
Em 2007, a taxa de urbanização foi de 83,5% o que, segundo o IBGE, confirma a tendência de crescimento paulatino do processo de urbanização no Brasil. No Rio de Janeiro, a taxa é de 96,7%, devido ao fato de, nesse Estado, a maior parte da população residir na região metropolitana. O Estado do Piauí tem a taxa de urbanização mais baixa: 62,1%.
Veja outros dados do estudo do IBGE:
· Política pública melhora renda dos mais pobres
· Desigualdades raciais seguem elevadas no País
· Mulheres passam a ter menos de 2 filhos no País
· Migrantes são 30% da população do Centro-Oeste
· Pobreza atinge 46% das crianças e adolescentes
Fonte:IBGE - 2008

O gosto pela História


A existência de várias revistas de circulação nacional voltadas para a história é a prova de uma demanda até então reprimida. Nas últimas décadas, sofremos os efeitos de uma ênfase exagerada numa historiografia baseada na "grande síntese" e na filosofia da história. Na época da ditadura, passou-se da história fincada no culto aos grandes heróis ao seu extremo oposto. Essa passagem, entretanto, não representou, de fato, um enriquecimento intelectual. No plano do ensino, o resultado foi uma linha de trabalho em que a interpretação independia do fato.

Não mais se decorava datas, porém sabia-se na ponta da língua o esquema analítico do professor quanto aos conteúdos. História virou sinônimo de ideologia e a posição política do professor uma verdadeira ditadura sobre o aluno. Com isso, houve um rolo compressor sobre o que existia anteriormente. Os nomes e as personalidades dos antes protagonistas da história não interessavam mais e a cultura material produzida no passado ficou, quando muito, em segundo plano. Além das datas e dos nomes, foi se perdendo o sentido simbólico dos acontecimentos e das localidades históricas.

No afã de desmistificar os heróis, a historiografia dedicava solene desprezo a eventos como o Grito do Ipiranga, a Fundação de São Paulo, o suicídio de Getúlio Vargas. Que representatividade poderia ter, então, o Monumento do Ipiranga, o Pátio do Colégio ou o Palácio do Catete?


Paralelamente a isso, verificou-se um verdadeiro colapso da história regional. A "grande síntese" privilegiava o todo, não deixando espaço para a memória local. Exemplo triste é o descarte das obras dos memorialistas, consideradas desprezíveis por intelectuais e pelas bibliotecas públicas de muitas cidades do interior. Títulos como A cidade Naquele Tempo, Tradições e Reminiscências ou Evocações do Passado foram considerados banalidades de velhos reacionários e os livros vendidos como papel velho. Esse foi o caso de obras preciosas como a de Didi Andrade, cronista da cidade histórica de São Luís do Paraitinga, em São Paulo.


Como se não bastasse a situação do país e seus crônicos problemas sociais, o brasileiro começou a considerar a história de sua pátria como a única no mundo a não ter grandes nomes dignos de atenção. Todos não passavam de figuras ridículas e interesseiras. Tudo isso contribuiu para transformar a filosofia da história em opositora da história factual - confundida, muitas vezes, com história oficialista - e do aparato simbólico construído no passado.

Em resultado, quebrou-se, nas novas gerações, o vínculo empático com a história. Sem intimidade nem compreensão desse aparato simbólico legado pelo passado - no qual se inclui os antigos personagens, suas idéias, sentimentos e, principalmente, a cultura material de seu tempo - a história ficou desumanizada e com gosto de papel. Visitar um museu de história, tornou-se algo entediante, obrigação imposta por poucos e, geralmente, mal preparados professores. Parece que a retomada do gosto pela história deve passar, necessariamente, pela revalorização do material simbólico, uma vez que este não é fruto do acaso, pois teve aceitação coletiva e como tal, faz parte do patrimônio histórico e cultural da nação.

Mário Jorge Pires é Historiador e Doutor em Ciências da Comunicação. Professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, escreveu obras como Lazer e Turismo Cultural e Raízes do Turismo no Brasil (Ed. Manole 2001).

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Contos, Fábulas e Lendas.(parte 03)


A LENDA DA BESTA FERA.

É a mais temível de todas as criaturas. Seria um ser fantástico metade homem metade cavalo. Corre pelas ruas de lugares remotos em noites sem lua. Sua presença é pavorosa. Ninguém jamais se atreve a abrir as portas quando ele passa em desembalada carreira dando uivos e gritos horripilantes. O barulho dos seus cascos no chão, costuma deixar o mais valente dos homens de cabelo em pé. Por onde ele passa, no seu encalço seguem dezenas de cachorros fazendo um barulho infernal. O animal que se atreve a chegar mais perto é açoitado sem piedade.É um mito muito popular no Nordeste.

Nota:Mito muito comum em todo Brasil principalmente no meio rural.É muito popular principalmente no Nordeste do País.

Curiosidades.


Primeira Coca-cola foi vendida em 1886.

A primeira garrafa de Coca-Cola foi vendida no dia 08 de maio de 1886, em Atlanta, EUA. Criada pelo farmacêutico John S. Pemberton, a bebida era inicialmente vendida como um xarope capaz de curar "todos os males da alma e do corpo" por apenas $5 cents. Por dificuldades financeiras, Pemberton vendeu a fórmula para o empresário Asa G. Candle em 1891, que criou a The Coca-Cola Company.No Brasil, o refrigerante chegou informalmente em 1941, no Recife e foi produzida inicialmente pela Fábrica de Água Mineral Santa Clara, até que fossem instaladas minifábricas na capital pernambucana e em Natal, no Rio Grande do Norte. O local era conhecido como "Corredor da Vitória", parada obrigatória dos navios para a Europa em plena Segunda Guerra Mundial. A primeira fábrica da Coca-cola foi instalada na então capital do Brasil, Rio de Janeiro. De onde, em 18 de abril de 1942, saíam da Rio de Janeiro Refrescos as primeiras garrafinhas de 185 ml.


Fonte: JB Online

Desafio em casa (parte 08)

(Fuvest) "As ruas estão, em geral, repletas de mercadorias inglesas. A cada porta as palavras SUPERFINO DE LONDRES saltam aos olhos: algodão estampado, panos largos, louça de barro, mas, acima de tudo, ferragens de Birmigham, podem ser obtidas nas lojas do Brasil a um preço um pouco mais alto do que em nossa terra."

Esta descrição das lojas do Rio de Janeiro foi feita por Mary Graham, uma inglesa que veio ao Brasil em 1821.

a) Como se explica a grande quantidade de produtos ingleses à venda no Brasil desde 1808, e sobretudo depois de 1810?

b) Quais os privilégios que os produtos ingleses tinham nas alfândegas brasileiras?

domingo, 21 de setembro de 2008

Jack, o Estripador, é tema de tour nas ruas de Londres.


Embora pareça inusitado, “Jack, o Estripador” atrai toda noite centenas de turistas que ainda buscam o resquício invisível de seus crimes em Whitechapel, o bairro de Londres onde o famoso assassino matou, sem piedade, suas vítimas.

Cento vinte anos depois do assustador “Outono do Terror” de 1888, quando o criminoso cometeu assassinatos que aterrorizaram a sociedade vitoriana, a verdadeira identidade do autor das mortes permanece um mistério.

O permanente fascínio pelo criminoso influenciou muitos autores e gerou várias rotas turísticas pelos cenários nos quais o criminoso mutilou cinco prostitutas.

Esses passeios pelos passos de “Jack, o Estripador”, guiados às vezes por “ripperólogos”, como são conhecidos os detetives que investigam os casos envolvendo o assassino, se transformaram em um lucrativo negócio pelo qual mais de dez empresas se digladiam.

“É enormemente competitivo. Mais de um milhão de pessoas participam a cada ano dos passeios”, assegura Richard Jones, guia de um passeio pelo East End londrino do homicida.

Muitas dessas caminhadas, que custam cerca de seis libras (US$ 11), começam na estação de metrô de Tower Hill, como a que é oferecida por Donald Rumbelow, um dos mais renomados "ripperólogos", que convoca os visitantes ao anoitecer.

Ex-policial e autor de “The Complete Jack The Ripper” (1975), um clássico sobre o tema, Rumbelow inicia o passeio em Tower Hill, pois esse ponto delimitava os territórios da Scotland Yard e da Polícia da City (centro financeiro de Londres), as duas forças de segurança cuja eterna rivalidade tornou impossível a captura de “Jack”.

Acompanhado de um séquito de turistas com câmeras nas mãos, o especialista entra em Whitechapel, que, em 1888, era um bairro pobre com quase um milhão de habitantes que sobreviviam nas ruas, onde era comum encontrar tabernas pestilentas e sexo barato. “Era possível comprar uma prostituta com uma rabanada”, conta Rumbelow, em cima de um banco para ser visto por todos.

As vítimas.

Os "excursionistas do crime" escutam Rumbelow passar pelos chamados assassinatos “canônicos”, ou seja, os cinco crimes que os “ripperólogos” atribuem oficialmente a “Jack”.

As vítimas foram Mary Ann Nichols, de 43 anos e morta em 31 de agosto de 1888 em Buck's Row (hoje, Durward Street); Annie Chapman, de 47 anos, cujo corpo apareceu em 8 de setembro em Hanbury Street; Elizabeth Stride, de 43 anos, assassinada em 30 de setembro em Berner Street (hoje, Henriques Street); e Catherine Eddowes, de 46 anos, atacada em 30 de setembro em Mitre Square.

A última vítima - e a mais mutilada delas - foi Mary Jane Kelly, de 25 anos, cujo corpo foi encontrado em um antro de Dorset Street.

“Todos os assassinatos ocorreram na madrugada de sexta-feira, sábado ou domingo. Além disso, 'Jack' agia com rapidez e tinha conhecimentos de anatomia”, explica Rumbelow.

Como não podia ser de outra forma, a pergunta mais habitual dos turistas é “Quem foi 'Jack, o Estripador'?”. O respeitado “ripperólogo” responde sempre com um franco “Não sei”.

Múltiplas teorias apontaram para numerosos suspeitos: desde um barbeiro polonês chamado Aaron Kosminski até o príncipe Albert Victor, neto da rainha Vitória, ou o pintor Walter Sickert.

Mas Rumbelow não dá crédito “nem aos grandes nomes nem às grandes teorias”. “Acho que foi alguém que vivia na zona. Alguém muito comum, como um açougueiro ou um marinheiro”, afirmou.

Os tours pelo caminho do assassinato acabam perto do pub vitoriano Ten Bells, freqüentado pelas vítimas e, supostamente, pelo próprio criminoso.

Após duas horas de passeio, os “excursionistas do crime” costumam se refrescar com uma cerveja no pub, que aparece em “Do Inferno” (2001), filme sobre “Jack, o Estripador” protagonizado por Johnny Depp.

sábado, 20 de setembro de 2008

A culpa é do Karl Marx!


Desculpe se você é eleitor do PSTU, mas eu preciso te dizer: quem salvou o capitalismo foi Karl Marx. Pois é. Na verdade tudo começou quando Adam Smith (Um escocês narigudo que no século XVIII andou escrevendo uns livros sobre economia) desenvolveu a desvairada idéia de que se os governos deixassem o mercado livre, com o mínimo de regulamentação possível, as crises cíclicas que assustavam os capitalistas, tenderiam a ser menos intensas e com uma distância maior de tempo entre elas.

Ora, qualquer surfista sabe que quando a distância entre a crista da onda e sua base diminui e o intervalo entre uma onda e outra aumenta, o mar fica ruim. A onda vira marola e é melhor botar a prancha debaixo do braço e voltar para casa. Na verdade era isso que o Adam Smith estava tentando fazer. Convencer a humanidade que o mercado era racional e que, com o passar do tempo, deixando esse mercado solto, livre, leve e bem à vontade, as coisas iriam se equilibrar e o mundo seria uma maravilha, com os preços caindo e os salários aumentando.

Marx percebeu justamente que essa idéia iria levar a um colapso do sistema produtivo e ficou bastante animado com as perspectivas a ponto de produzir um dos elogios mais significativos da classe burguesa no seu famoso Manifesto Comunista. Marx sacou que a idéia de Smith era uma bobagem e que iria levar o capitalismo a bancarrota em uma crise sem precedentes. Um imenso tsunami financeiro que levaria a economia dos países e permitira a tão sonhada revolução operária. Por isso Marx resolveu se antecipar e escrever logo o necrológio da classe burguesa (o Manifesto Comunista). O problema é que Marx fez o elogio fúnebre antes do moribundo esticar as pernas. E pior, ele mostrou os mecanismos econômicos, políticos e filosóficos que iriam levar o sistema burguês ao falecimento.

Então, em 1929, quando o capitalismo parecia que ia mesmo pro caixão como Marx havia previsto (em seus momentos de maior comoção e fúria divina, quase como os bons e velhos profetas judeus anunciando o Messiah na porta do Santo dos Santos em Jerusalém), Keynes apareceu na jogada e demonstrou que a idéia de Smith era realmente uma bobagem e que se o mercado ficasse solto, livre e leve, as crises cíclicas do capitalismo iriam aumentar de intensidade e o intervalo de tempo entre elas iria diminuir. Justamente o inverso do cálculo do Smith.

Pronto. Agora era a hora de tomar medidas para evitar que o tsunami levasse embora a economia de mercado. Daí apareceu esse tal de Estado, para pagar a conta do prejuízo da farra financeira, justo com o dinheiro do contribuinte. A lógica é simples: quando é para lucrar a gente privatiza, quando é para pagar a conta, a gente usa o dinheiro dos impostos e estatiza. Nem bem um século se passou e o cadáver de Adam Smith, retirado de seu caixão escocês pelos boyzinhos de Milton Friedman volta a fazer seu estrago. Dos quatro maiores bancos norte americanos, dois já pediram penico e parece que os outros não estão muito longe disso. O FED faz os cálculos e percebe que talvez não haja dinheiro no caixa do Estado para pagar todas as contas e segurar o rombo do mercado livre. De Janeiro até agora os norte americanos já perderam mais de 600.000 postos de trabalho. O mercado imobiliário dissolveu-se e quem tinha dinheiro em bolsa está lotando os consultórios psiquiátricos e as igrejas pentecostais para pedir auxílio ao espírito santo.

Mas, calma, calma, não se anime, o capitalismo não vai acabar, afinal Keynes, depois de ter lido Marx, já mostrou qual é o caminho para reanimar o paciente em estado comatoso e a turma sabe como fazer quando a bolha estoura. Chama o Estado que ele resolve. Tá vendo! Tudo culpa do Karl Marx, esse porco capitalista!

Pablo Capistrano.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

História da Moeda

O dinheiro é comumente reconhecido como um meio de troca aceito no pagamento de bens, serviços e dívidas. Além disso, a moeda serve para mensurar o valor relativo que algum tipo de riqueza ou serviço possui. O preço de cada mercadoria é atribuído por meio de um número específico de moedas ou cédulas que demarcam a quantidade a ser paga por esse bem. No entanto, nem sempre uma única moeda serve de referência para uma mesma localidade.


Mesmo trazendo maior mobilidade para o empreendimento de transações comerciais, a moeda não é usada em todas as economias do mundo. Diversas sociedades e regiões preservam o uso da troca em sua economia. De forma geral, os produtores inseridos neste tipo de economia utilizam dos excedentes de sua produção para estabelecerem alguma forma de escambo. Ao longo do tempo, a diversificação dos produtos dificultou a realização desse tipo de troca natural.


Foi nesse contexto que os primeiros tipos de moeda começaram a ser estipulados. Geralmente, para estabelecer algum padrão monetário, os comerciantes costumavam utilizar algum tipo de mercadoria de grande procura. Na Grécia Antiga, o boi (que era chamado pekus) foi utilizado como referência nas trocas comerciais. Uma outra mercadoria comumente utilizada foi o sal, que foi usado como moeda entre os romanos e etíopes.


O metal passou a ser utilizado por algumas culturas na medida em que o mesmo começou a ganhar espaço na cultura material desses povos. O fácil acesso, o apelo estético e as facilidades de mensuração e transporte fizeram dele um novo tipo de moeda. Em um primeiro momento, os metais utilizados no comércio eram usados “in natura” ou sobre a forma de objetos de adorno como os anéis e braceletes. Foi só mais tarde que o metal passou a ser padronizado para fins comerciais.


A cunhagem padronizada de moedas fez com que as peças de metal tivessem um grau de pureza e uma pesagem específica. Além disso, as medas sofreram um processo de cunhagem onde a origem da moeda e a representação de algum reino ou governante ficariam registrados. Uma das mais antigas moedas com o rosto de um monarca foi feita em homenagem ao rei macedônico Alexandre, O Grande. As reuniões dessas informações fizeram com que estes artefatos servissem de fonte de investigação histórica.


As primeiras ligas metálicas utilizadas na fabricação de moedas foram o ouro e a prata. O uso desses metais se justifica por seu difícil acesso, a beleza de seu brilho, a durabilidade de seu material e sua vinculação com padrões estéticos e religiosos de uma cultura. Entre os babilônios, por exemplo, prata e ouro eram relacionados com a adoração da lua e do sol, respectivamente.


Ao longo dos séculos, a requisição de jazidas de ouro e de prata para a fabricação de moedas acabou se tornando cada vez mais difícil. Por isso, o papel moeda acabou ganhando maior espaço no desenvolvimento das transações comerciais. Na Baixa Idade Média, a falta de moedas motivava os comerciantes das feiras a utilizarem letras de câmbio para o estabelecimento de alguma negociação.


Hoje em dia, as moedas são mais utilizadas para o pagamento de quantidades de baixo valor. A perda de espaço para o papel-moeda fez com que as moedas metálicas agora fossem mais valorizadas por sua durabilidade do que por sua beleza. O rápido processo de circulação de valores e a complexificação de economias cada vez mais integradas, fizeram com que as moedas fossem substituídas por outras formas de pagamento, como o cheque e o cartão de crédito.


Mesmo notando todas essas transformações no uso das moedas, não podemos considerá-la uma vítima de um processo de “evolução natural” da história econômica. Cada tipo de lastro econômico foi criado conforme as necessidades geradas por certa cultura ou sociedade. Não podemos dizer que as moedas desaparecerão da economia com o passar dos tempos. Por isso, trate de valorizar aqueles “níqueis” perdidos no fundo da sua carteira!
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Liberdade, para quê?


Pesquisando-se em jornais de 13 de maio de 1889, 1890 e 1891, descobre-se como as autoridades, nos anos seguintes à aprovação da Lei que aboliu a escravidão, sempre vinham realizando comemorações referentes a essa data. Nesses jornais, não se registra a presença, o nome ou algum discurso de africanos ou de seus descendentes. Esse fato, que ao leitor desatento pode passar despercebido, vai apenas se tornar mais um elemento do quadro histórico onde o africano, apesar de livre, continuou a sofrer discriminação social, política, cultural e econômica. Na data da celebração de sua liberdade, os jornais e a sociedade comemoraram em teatros e recintos fechados, onde aquele por quem se comemora estava ausente.

A ausência dos africanos do noticiário dessas comemorações é indicativo de que eles, apesar de livres, não conquistaram, de fato, a condição de igualdade que na Lei estava registrada.

O movimento abolicionista, ao obter o apoio de amplos setores da sociedade que até então era escravocrata, impediu ou mesmo dificultou uma luta pela libertação que incluísse em seu programa, questões referentes a trabalho, educação e saúde de toda essa enorme parcela da população constituída por africanos, descendentes destes e mestiços. O movimento abolicionista, na verdade, restringiu-se a extinguir o regime escravista, não colocando em discussão as formas de vida do ex-escravo.

Este fato nos possibilita reconhecer que a abolição precisava vir acompanhada de um amplo programa político. A conquista da condição de homem livre deveria estar associada a outras condições de trabalho e de vida.

Ao ex-escravo, após as comemorações do 13 de maio de 1888, só restou voltar a trabalhar para o ex-senhor, recebendo pequenos salários (pois eram deste a terra, a casa e os instrumentos de trabalho), ou se estabelecer na periferia das cidades, realizando pequenos serviços ou trabalhos mais regulares.

(Adaptado de MONTENEGRO, Antônio Torres. Reinventando a liberdade : a abolição da escravatura no Brasil. São Paulo: Atual, 1989. p.15.)

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Dessas histórias do passado.


Quando criei essa coluna - Contos, fábulas e lendas - minha idéia era de retomar, especialmente, histórias e tradições que eram comuns à minha infância, onde os mais jovens viajavam em relatos fantásticos, narrados com maestria pelos adultos mais experientes. Pais e avós, sentados nas calçadas, mal iluminadas, circundados por filhos, netos, sobrinhos e demais crianças da vizinhança, iniciavam contos de casa mal-assombradas, nas quais escravos e escravas eram torturados em troncos até a morte!


Lembro-me do meu pai, maior referência de decência de minha vida, com sua voz firme e pausada, repleta de inflexões, com mãos cortando o vento em gestos lentos, verdadeiro maestro da minha curiosidade, olhar distante, descrevendo, em detalhes, varandas de casarões antigos nos quais meus bisavós moraram, habitados por fantasmas de ex-moradores de épocas de engenhos de açúcar. Eu, agarrado às mãos de meus irmãos, maravilhado e apavorado, parecia mergulhado nas discrições, encantado com o relato.


Seguia, meu pai, com seu conto: as portas arqueadas de umburana, que davam para o roçado, batiam violentamente sem que ninguém as abrissem; eram os espíritos, dizia ele. Arrastado de correntes, estalar de chicotes, potes de barro sendo enchidos com água na cozinha, choros de crianças em forma de soluço baixinho. De repente, o silêncio. O mais absoluto silêncio.


Assim a noite se arrastava como alma penada. Longa noite que não encontrava o dia. Daí a pouco, tudo outra vez. Agora o barulho era mais alto. Os animais se agitavam lá fora no terreiro. Pela fresta da janela lateral, minha tataravó, por nome Maria de Sebastião ferreiro, tentava ver alguma coisa. Terço em uma das mãos, água benta na outra, rezava com fervor, talvez pela ida da assombração, talvez pela chegada do dia.


- “Isso só acontuce nas sexta-feira sem lua, Maria!” Dizia meu tataravô.


- “É, Bastião, indagurinha, tava se alembrando dirso!... Mais, Jesus fi de Maria santirssima e padim Ciço são maior!


Dia seguinte, continuava meu pai, tudo estava na mais perfeita ordem.


Eu, mais tarde, ia dormir, coberto com meu lençol branco, feito de saco de açúcar, imaginando se aquele saco teria sido carregado nas costas dos escravos daquela fazenda, morrendo de medo de alguma alma do outro mundo vir balançar o punho da minha rede.


Dessas histórias do meu pai, saíram meu gosto pela História e a compreensão do meu passado mais remoto. Aprendi com essas conversas de calçadas, em época que haviam calçadas e conversas, que meu bisavô Sebastião era ferreiro e minha bisavó era dona de casa. Viveram no interior, praticando a agricultura de subsistência, criando pequenos animais no quintal de um casarão numa fazenda de açúcar que tinha escravos. Aprendi que eram analfabetos, católicos e devotos de Padre Cícero. Aprendi a ouvir os mais velhos e respeitar a tradição; aprendi a deduzir, a tirar conclusões, a juntar informação e a armazenar dados, correlacionando-os. Aprendi a amar meus irmãos na partilha e não por co-habitar com eles; aprendi a lidar com meus medos. Tive infância, tive passado. Era pobre; muito pobre! Não havia Internet, nem orkut, tampouco, msn. Mas, eu era tão feliz!
Adailton Figueiredo.

Contos, Fábulas e Lendas.(parte 03)

A Mulher da Meia Noite.

A Mulher da meia noite, também Dama de vermelho, Dama de branco, é um mito universal. Ocorre nas Américas e em toda Europa.


É uma aparição na forma de uma bela mulher, normalmente vestida de vermelho, mas pode ser também de branco. Alguns dizem, que é uma alma penada que não sabe que já morreu, outros afirmam que é o fantasma de uma jovem assassinada que desde então vaga sem rumo. Na verdade ela não aparece à meia-noite, e sim, desaparece nessa hora. Linda como é, parece uma jovem normal. Gosta de se aproximar de homens solitários nas mesas de bar. Senta com ele, e logo o convida para que a leve para casa. Encantado com tamanha beleza, todos topam na hora. Eles caminham, e conversando logo chegam ao destino. Parando ao lado de um muro alto, ela então diz ao acompanhante: "É aqui que eu moro...". É nesse momento que a pessoa se dá conta que está ao lado de um cemitério, e antes que possa dizer alguma coisa, ela desaparece, e nessa hora, o sino da igreja anuncia que é meia noite.


Outras vezes, ela surge nas estradas desertas, pedindo carona. Então pede ao motorista que a acompanhe até sua casa. E, mais uma vez a pessoa só percebe que está diante do cemitério, quando ela com sua voz suave e encantadora diz: "É aqui que eu moro, não quer entrar comigo...?". Gelado da cabeça aos pés, a única coisa que a pessoa vê, é que ela acabou de sumir diante dos seus olhos, à meia-noite em ponto.

Alca impediria exploração do pré-sal, diz Batista Júnior


O representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Júnior, avaliou ontem, no seminário sobre os 200 anos do Ministério da Fazenda, que o projeto de exploração do petróleo da camada do pré-sal em estudo pelo governo não seria possível nos termos pretendidos se o País tivesse entrado na Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Segundo o economista, o governo brasileiro, “com toda razão”, está pensando em um projeto de exploração desses recursos naturais de forma conjugada a uma política industrial, que envolve planos para os setores que fornecerão os insumos e os equipamentos.

Nogueira Batista destacou que esses planos dependem de medidas de incentivo e preferências em relação a compras governamentais. Ele afirmou que “nada disso seria possível com a Alca” dentro do modelo que alguns países da América Latina assinaram com os EUA. Segundo ele, as políticas que estão sendo preparadas pelo governo brasileiro seriam consideradas ilegais e vetadas “pelo tratado (Alca) com a maior potência do mundo”.

Nogueira Batista destacou o fato de que o governo brasileiro, em 2003 e 2004, “com grande habilidade e sem confrontação”, se alinhou com países da América Latina para desfazer o projeto de integração do hemisfério à Alca, que estava andando “a grande vapor” e vinha “com grande ímpeto” do governo anterior. “O governo brasileiro conseguiu bloquear (a Alca). Sem isso, o Brasil não teria reais oportunidades de um projeto de desenvolvimento.”

(Retirado de O Estado de São Paulo)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Xote Ecológico

Minha gente o Velho Luiz Gonzaga realmente possuia uma mente privilegiada, pois a sua composição sobre a ecologia brasileira é uma verdadeira AULA.

Xote Ecológico

Luíz Gonzaga

Não posso respirar, não posso mais nadar
A terra está morrendo, não dá mais pra plantar
Se planta não nasce se nasce não dá
Até pinga da boa é difícil de encontrar
Cadê a flor que estava aqui?
Poluição comeu.
E o peixe que é do mar?
Poluição comeu
E o verde onde que está ?
Poluição comeu
Nem o Chico Mendes sobreviveu