domingo, 7 de setembro de 2008

A influência da TV


Em 1934 Clark Gable apareceu sem camiseta em Aconteceu Naquela Noite e essa única aparição foi suficiente para provocar nacionalmente a queda na venda dessas camisetas que os americanos costumam usar por baixo da camisa social. O cabelo cacheado de Shirley Temple foi adotado por milhões de criança dentro e fora dos EUA.

Até a década de 50, havia uma máxima no cinema americano: O crime não compensa. O gangster quando não morria no confronto com a polícia era sentenciado à morte. Em clássicos como O Inimigo Público e Alma no Lodo, havia um letreiro introdutório explicando e justificando o objetivo dos filmes: denunciar e combater o crime organizado. O bandido não era enfocado como vítima da sociedade e muito menos glorificado. O que se via nessas produções era a defesa da Lei e da Ordem, o Estado defendendo a sociedade através do sistema policial e judiciário.


O poder de influenciar modas e costumes do cinema passou por um processo de multiplicação através da televisão. Explica-se a diferença. Ir ao cinema é um ato voluntário, que, para começar, implica em sair de casa e comprar o ingresso. E, portanto, o oposto da TV, que adentra em sua casa a qualquer hora do dia e da noite. E mais: é ilusória a advertência de que este ou aquele programa é recomendável para maiores de tal idade.

Sabe-se que o império de Xuxa foi construído através da venda dos mil produtos dirigidos ao público infantil. O adolescente é igualmente influenciável. E, quer queira ou não, o público também sofre o processo da lavagem cerebral da televisão.

O alvo da preocupação não é, porém, o adulto. Esse é responsável pelo que faz ou deixa de fazer. A nocividade da influencia televisiva é em relação ao público infanto-juvenil. Essa se tornou global e imediata depois da transmissão em rede nacional. E, entre as emissoras, esse predomínio há anos e anos é exercido pela Rede Globo e o exemplo mais notável, no plano da política, ocorreu em relação a Lula. O antigo vilão da Globo foi transformado no novo Getúlio.

Quanto a questão da manipulação da política na televisão, liderada pela Globo, nada se poderá fazer. Ela advém do monopólio da audiência, que, aliás, não ocorre nos EUA. Somente o Governo Federal, que concede os canais de TV, poderia impor as restrições existentes na América contra a lei antitruste.


O que verdadeiramente preocupa nas novelas é a maneira como os adolescentes são tratados. Um deles chama especialmente atenção. É o Klaus (Rafael Cardoso) de Beleza Pura. É um irresponsável, mentiroso, mau aluno, oportunista, mau caráter. Klaus levou uma menor para o motel, perdeu cem mil reais jogando em cassino clandestino, não tem carteira de habilitação e dirige bêbado. E, mais grave, provocou o acidente de carro que quase matou a própria mãe (Sônia) e a irmã (Joana).



Esse tipo de delinqüente, capaz de tirar dinheiro da própria mãe, não pode ser tratado como se fosse uma criança inocente. Ele é consciente do que faz e apenas finge de ter se arrependido da má ação que acabou de cometer. Klaus é incorrigível – é uma ameaça a sociedade. No momento é que seus erros são perdoados pela mãe, pela irmã, pelos amigos e amigas, continuará agindo sob o manto da impunidade.



Klaus é um péssimo, e perigoso, exemplo para os adolescentes que se miram e se deixam influenciar pelo comportamento dos personagens de novelas. Sônia, a mãe, e a irmã mais velha, Joana, são cúmplices dessa conduta anti-familiar e anti-social.


Por ser a maior do Brasil, a Globo, mais do que qualquer outra emissora, tem o dever, pelo menos em relação às personagens jovens, que não justifica, nem torna simpática, muito menos perdoar, a conduta de tipos inescrupulosos como esse Klaus, já basta a produção de bandidos da vida real.

Valério de Andrade
E-mail: Jornalista e pesquisador (
contato@festnatal.com)
http://www.jornaldehoje.com.br/novo/navegacao/ver_artigos.php?id_artigo=1443, 07.09.2008.

4 comentários:

Sanidades Insanas disse...

gostei bastante do texto, pois é bem isso mesmo o que ocorre com a TV e com seus expectadores!
fiquemos atentos!
não só a isso...mas a vidaa!

;)
bjos!

Unknown disse...

10-09-08
1976 - Morreu aos 82 anos, na China, o líder Mao Tse-tung, que transformou o país em potência mundial.
1942 - Pela única vez o território continental americano foi atacado durante a Segunda Guerra Mundial. Um hidroavião japonês lançou uma bomba incendiária em uma floresta no Oregon. Ninguém morreu.

curiosidade historica :p

Anônimo disse...

10-09-08
1976 - Morreu aos 82 anos, na China, o líder Mao Tse-tung, que transformou o país em potência mundial.
1942 - Pela única vez o território continental americano foi atacado durante a Segunda Guerra Mundial. Um hidroavião japonês lançou uma bomba incendiária em uma floresta no Oregon. Ninguém morreu.

curiosidades historicas xD

Anônimo disse...

Grande professor Adailton
Achei seu artigo muito interessante. Queria ao menos dizer umas coisas a respeito desse assunto.
Não assisto novela, sendo assim não conheço o personagem que você citou no artigo. Porem eu, pessoalmente, dou muito valor ao vilão da historia. Fui assistir ao filme do Batman só para ver o coringa e torcer para que ele vencesse. Não é doença professor. Apenas acho que esses tipos de personagens são fundamentais para uma historia, principalmente em uma novela.
As pessoas são influenciadas por tudo e qualquer coisa. Isso é fato. Mas no caso das novelas minha opinião fica do lado de que é a sociedade que demonstram o estilo dos personagens, já vi casos e mais casos de roteiro de novelas serem alterados por insatisfação do publico. Alem disso, não vejo motivo algum para a estimulação de rebeldes nas famílias. Ao contrario. O intuito é mostrar o reflexo de um problema familiar a ponto de ninguém querer copiar. Estando sendo bem sucedido ou não esse propósito, ai já são outros 500. Em fim, não vejo mal na criação desses personagens.
Porem concordo com o senhor no que diz a respeito da Globo. Acho incrível o ataque ao publico jovem, feito não só por ela, como também outras emissoras, por exemplo, a MTV. A idéia é moldar os jovens ao estilo que eles bem entenderem.
Abraços professor. Tenha um ótimo dia
Valeu.