terça-feira, 18 de novembro de 2008

Para presidente da República Daniel Dantas

Enquanto o governo João Goulart caminhava cambaleante para o fim de mandato nos idos 1964 diante das perspectivas sombrias de golpe, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, conspirava abertamente para a deposição do presidente da República, com o apoio ostensivo de políticos aproveitadores e militares golpistas descontentes com os rumos sinuosos do governo federal.


A influência do embaixador era tanta, que chegava a pregar abertamente a queda do presidente nas conferências que fazia pelo país afora, convidado por instituições comprometidas com o golpe, fato que viria a ocorrer em 31/03/64. Mister Gordon conspirava internamente e, ao mesmo tempo, articulava o apoio do seu país ao movimento articulado para depor Goulart através da "Operação Brother Sam".


Nessa fase de atuação indevida da embaixada americana nos assuntos internos do país, antes da eclosão do golpe de estado, as eleições presidenciais estavam previstas para 1965 e, pelo menos, dois nomes já estavam lançados: JK pelo PSD e Carlos Lacerda pela UDN. Diante dessas candidaturas, o jornalista Otto Lara Resende disse a frase definitiva: "Deixemos de intermediários, para presidente Lincoln Gordon".



Desta vez, a intromissão não é de um diplomata estrangeiro interessado em derrubar o governo, mas do ardiloso banqueiro Daniel Dantas que utiliza o método mafioso de aliciar autoridades dos poderes constituídos, por se achar o condestável da República. Ele tem o condão de transformar desafetos em vilões como num passe de mágica, manipulando marionetes a serviço de suas ambições e negociatas. Em conversa gravada, afirma seu advogado de defesa citando STJ e STF: "Nas instâncias superiores, resolveremos tudo".



Preso como um dos principais indiciados na "Operação Satiagraha", executada com erros e acertos, o banqueiro foi solto em tempo recorde por decisão do presidente do STF, ministro Gilmar Mendes e quase provocou uma crise hierárquica no poder judiciário. Um juiz federal e o ministro-presidente do Supremo Tribunal Federal trocaram farpas na operação "prende e solta", em disputa pelo cobiçado troféu Daniel Dantas, um delinqüente acostumado a burlar leis pelo poder de comprometer cooptáveis.



O juiz Fausto de Sanctis e o delegado Protógenes Queiroz estão sendo investigados, enquanto Daniel Dantas desfruta da suprema impunidade, protegido pela justiça dos ricos e poderosos, conforme sentença do jurista João Mangabeira. O banqueiro Dantas, que circula com intimidade pelas veredas do poder exibindo garbosamente seu poderio, deverá sair desse episódio impune e acionará a união por danos morais pelos "relevantes serviços prestados ao país."



Por coincidência ou não, após o banqueiro ter sido algemado pela PF, o STF aprovou súmula proibindo o uso de algemas, exceto em casos excepcionais, quando o acusado oferecer resistência à prisão. Decidiu ainda aquela Corte, proibir a Polícia Federal de nominar suas operações, alegando tratar-se de publicidade inaceitável. Esta semana, o plenário do STF referendou decisões anteriores do ministro Gilmar Mendes, referentes à liberdade do banqueiro.



As decisões soberanas do Supremo, sejam quais forem, deverão ser acatadas, embora passem à sociedade a sensação de privilégio descabido. As autoridades que prenderam o banqueiro ladino estão sendo investigadas numa inversão do processo que caminha para livrar Dantas e condenar seus investigadores, comprovando o poderio do esperto banqueiro. Portanto, diante disso tudo isso, faço minhas as palavras de Otto Lara Resende. "Deixemos de intermediários, para presidente Daniel Dantas".



Autor: João Batista Machado
E-mail: Jornalista (jbmjor@yahoo.com.br)

6 comentários:

Anônimo disse...

Professor Adailtooon x)Admiro demasiadamente, você! Obrigada por tudo.

Beijos carinhosos!

Ps.: Vou arrasaaar no vestibularrr (2)

João Carlos Rocha disse...

Meu pequeno comentário para esse oportuno artigo postado por você, Adailton: será que terei que contar essa história aos meus filhos, tendo que enfatizar a seguinte idéia - "Queiroz e De Sanctis, dois brasileiros que tiveram suas vidas destruídas e devassadas porque, seguindo as instruções morais de seus cargos, ousaram combater um criminoso de branco colarinho" ?
Seria muito triste.

Anônimo disse...

Poucos são honestos como este delegado e este juiz. Devemos todos levantar e apoiar suas atitudes.

Este é o verdadeiro exemplo que precisamos para nossos filhos, não esse banqueiro bandido e essa mídia hipócrita e transviada.

abraços.

Adailton Figueiredo disse...

Prisc.

Obrigado pela admiração. Creio que é mais por bondade sua que merecimento meu. Deus te ilumine.

Anônimo disse...

Owww, professor! Fique certo que é por merecimento, mesmo!

Beijos.

Adailton Figueiredo disse...

Priiscunha,

mais uma vez muito obrigado.
Feliz vestibular.