AREIA PRETA, em foco.
Segundo registra Câmara Cascudo, Areia Preta era um recanto de pescadores até 1920. Com o tempo, os pescadores foram vendendo suas casas e novas construções apareceram. Era a mais distante das terras à leste da cidade, e por isso local de festas, serenatas, banhos de mar à fantasia e piqueniques. Ali veraneava o comerciante Jorge Barreto, aclamado pelos amigos como Conde D'Areia Preta. A praia foi a primeira escolhida pela Intendência para a função balneária, por ser considerada em boas condições para tal fim. A partir de 1º de fevereiro de 1915, os bondes elétricos da Empresa Força e Luz estenderam seu percurso de Petrópolis a Areia Preta. Até a década de 40, Areia Preta era a praia da moda. No veraneio de 41/42, escreve o historiador Lenine Pinto, lá foi erguido um enorme tablado ao ar livre onde dançaram oficiais da Marinha americana com moças das mais ilustres famílias natalenses da época. Esse e outros eventos visavam promover a confraternização entre grupos de recém chegados e as famílias norte-rio-grandenses, organizados por Mrs. Knabb, coordenadora americano de eventos com o apoio local das senhoras Eutália Dantas e Cecília Oliveira. A seu respeito Cascudo informa, "Areia Preta não tem história. Praia Feliz". Para ele, ir a Areia Preta de bonde era o mais delicioso passeio da época. Seu nome provém da cor das falésias ou barreiras ali existentes. Falando sobre esta praia, que ele conheceu na década de 70, o jornalista Carlos de Souza a ele se refere: " Areia Preta tinha aquele jeitão de praia de veraneio. E no entanto, era a mais urbana das praias. O casario baixo dava uma visão poética do bairro de Mãe Luíza que se formava lá em cima. O farol piscava ciumento cuidando de suas redondezas. Era tempo do Yara Bar , aquele barzinho que avançava mar adentro, com suas palhoças que abrigavam os sonhos adolescentes de meninos e meninas mal saídos das fraldas, mas que já amavam a cidade e a vida com uma sofreguidão de legionários". Comparando a situação da década de 70 com a história mais recente do bairro, no final dos anos 90, ele assim se expressa: “ Para quem vem caminhando no sentido da Praia do Meio para a Via Costeira, já se torna necessário certo malabarismo para se ver o farol. As humildes casas do morro de Mãe Luíza vão perdendo aos poucos a visão do mar. Os grandes edifícios imperam majestosos na velha praia” ( A Metamorfose de um bairro. Diário de Natal, 29 de agosto de 1999). Hoje, a praia detém o metro quadrado mais caro de Natal, com edifícios residenciais de alto padrão e que conseguiu encobrir a visão do mar e do farol, um dos símbolos da nossa capital. Recebeu a construção de espigões a partir de 2001 visando proteger as encostas da erosão e revitalização da área. Está previsto um aterro hidráulico para aumentar a praia em 65 metros de extensão, a partir da cortina de concreto ali construída com os três espigões ali construídos. Foi oficializada como bairro pela Lei nº 7 4.328, de 05 de abril de 1993, publicada no Diário Oficial em 07 de setembro de 1994.
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