Quando a teoria da evolução chegou ao Brasil, no final do século XIX, ela foi usada para justificar o racismo contra os negros e mestiços. Sob a égide das idéias de Herbert Spencer e de Félix Von Luschan, os intelectuais brasileiros justificaram a dominação da elite – predominantemente branca – sobre os negros, índios e mestiços a partir da idéia de que haveria uma diferenciação entre as raças e que, cientificamente, a branca seria predominante à negra e suas derivações de cores.
A escala cromática de Félix Von Luschan diferenciava as raças e sua "evolução".
Foi nesse período que a eugenia tornou-se uma “ciência” muito apreciada no Brasil, pois permitia uma “higiene” da raça, purificando a nação da “morbidez” trazida pelos africanos e nativos. A imigração de europeus, inclusive, além de ser fruto da necessidade de braços para a lavoura cafeeira, também fazia parte de uma estratégia governamental para “branquear” o Brasil. Muitos estudiosos acreditavam que o País só se tornaria uma potência mundial quando a população fosse totalmente branca.
O darwinismo social começou a ser desacreditado em terras brasileiras quando sociólogos como Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda interpretaram a identidade nacional a partir do fenômeno da miscigenação. Ao invés de ser o pior que poderia ter acontecido ao povo brasileiro, para esses autores, ser mestiço o havia dotado de características importantes. Mesmo assim, os resquícios do “preconceito científico” permanecem no Brasil atual, como podemos testemunhar cotidianamente. É lamentável ter de responder num questionário a qual raça pertencemos. Branco? Negro? Amarelo? Somos brasileiros e todos pertencentes a apenas uma raça, a humana.
Embora tenha sido usada erroneamente para justificar dominações político-sociais, a teoria da evolução das espécies de Charles Darwin sobrevoa tudo isso e continua a ser a mais revolucionária idéia científica da humanidade. Fico feliz em viver num mundo que a conhece.
(João Carlos Rocha)
4 comentários:
Muito show! Qual é a fonte?,
O conhecimento perde a essência quando se torda justificativa para o poder!
"Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada!"
(Humberto Gessinger)
torna*
Fantástico!
Postar um comentário