domingo, 10 de agosto de 2008

Entenda o confronto na Ossétia do sul.

Tropas russsas enfrentam forças georgianas pelo controle da Ossétia. Região se livrou do controle da Geórgia há mais de 15 anos.

Os combates iniciados na última sexta-feira (8) com a invasão da Ossétia do Sul pela Geórgia, seguida pela reação russa, são na verdade o ponto culminante de um processo de tensão local que existe desde o início da década de 90.

A Ossétia do Sul é um território de mais ou menos quatro mil quilômetros quadrados localizado cerca de 100 quilômetros ao norte da capital da Geórgia, Tbilisi, na encosta sul das montanhas do Cáucaso.

O colapso da União Soviética alimentou o nascimento de um movimento separatista na Ossétia do Sul, que sempre se sentiu mais próxima da Rússia que da Geórgia. A região livrou-se do controle georgiano durante uma guerra travada em 1991 e 1992 e na qual milhares de pessoas morreram. A Ossétia do Sul mantém uma relação estreita com a vizinha russa Ossétia do Norte, que fica do lado norte do Cáucaso.

A maior parte de seus quase 70 mil habitantes é etnicamente distinta dos georgianos e fala sua própria língua, parecida com o persa. Essas pessoas afirmam ter sido absorvidas à força pela Geórgia, durante o regime soviético, e agora desejam exercer seu direito à autodeterminação.

O líder separatista é Eduard Kokoity. Em novembro de 2006, vilarejos da Ossétia do Sul que continuam sob o controle da Geórgia, elegeram um líder rival, o ex-separatista Dmitry Sanakoyev. Sanakoyev conta com o apoio do governo georgiano, mas sua influência estende-se por somente uma pequena parte da região.

Apoio russo
Cerca de dois terços do Orçamento anual da região, de cerca de US$ 30 milhões, vêm do governo russo. Quase todos os moradores dali exibem passaportes russos, e usam o rublo russo como moeda.

A estatal russa Gazprom, uma gigante do ramo do gás, está construindo novos gasodutos e novas instalações para abastecer a região desde a Rússia. As obras foram avaliadas em 15 bilhões de rublos (US$ 640 milhões).

Influência
O estado de 'cristalização' do conflito na Ossétia do Sul, assim como o da outra região separatista georgiana, a Abkházia, permitiu à Rússia preservar um instrumento vital de influência sobre seu vizinho do sul.

Moscou também quer um fim na tentativa da Geórgia de integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, a aliança de defesa ocidental). Há pouco, o ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, em um longo ensaio sobre a posição da Rússia no mundo, insistiu que a Otan deve ser suplantada como o principal fiador da segurança européia.

Nesta vertente de suspeita em relação à Otan e ao Ocidente, uma outra corrente de pensamento acredita que o presidente georgiano Mikhael Saakashvili na verdade está tentando arrastar a Otan para uma intervenção na disputa de seu país com Moscou.

Saakashvili já tentou propagar a idéia de sua integração à Otan como um fato, não uma possibilidade no longo prazo. Então, daqui por diante, parece inconcebível que a Otan se envolva.

Tensão
A consultoria Strategic Forecasting disse que a Geórgia representava o "ponto de conflito mais tenso das relações entre a Rússia e o Ocidente" por ser, no mapa-múndi, a área de influência das potências ocidentais localizada mais a leste.

"O que está em jogo aqui é saber se fazer fronteira com a Rússia e, ao mesmo tempo, ser um aliado dos EUA seria uma combinação suicida. Independente de como isso se resolverá, a dinâmica de toda a região está prestes a ser virada de ponta cabeça", disse consultoria em uma nota.

3 comentários:

Anônimo disse...

finalmente uma lu sobre esse conflito! agora sim eu posso pesquisar e me aprofundar mais!!
=D

gabi regis

Augusto Manoel disse...

Prof Adailton
Texto muito bom,pode ter certeza que vai ser proveitodo para todos

Augusto Manoel

Anônimo disse...

Já muito tentei ler à respeito desse conflito, porém, nada foi tão esclarecedor. Continuem assim e o blog continuará sempre a mil e muito bem divulgado!