quinta-feira, 31 de julho de 2008
Algumas imagens (parte 01)
quarta-feira, 30 de julho de 2008
Desafio em casa (parte 04)
(Unicamp) "Todo o poder vem de Deus. Os governantes, pois, agem como ministros de Deus e seus representantes na terra. Conseqüentemente, o trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus". (Jacques Bossuet, POLÍTICA TIRADA DAS PALAVRAS DA SAGRADA ESCRITURA, 1709)
"(...) que seja prefixada à Constituição uma declaração de que todo o poder é originalmente concedido ao povo e, conseqüentemente, emanou do povo". (Emenda Constitucional proposta por Madison em 8 de junho de 1789)
a) Explique a concepção de Estado em cada um dos textos.
b) Qual a relação entre indivíduo e Estado em cada um dos textos?
Dominguinhos e Yamandu Costa
Acabei de assistir Yamandu Costa e Dominguinhos no YouTube. Lindo! Em tempos de "chupa que é de uva" e de "créu", escutar dois músicos desse calibre tocando juntos o que há de mais fino no repertório da MPB é um delírio.
Yamandu Costa é um violonista prodígio. Aos 18 anos foi vencedor do Prêmio Visa de Música Instrumental tocando "O trenzinho caipira", de Heitor Villa-Lobos. De lá pra cá, a saga desse gaúcho tem sido de muito sucesso nacional e, principalmente, internacional (infelizmente, pouco valorizamos nossos bons frutos). Dominguinhos dispensa comentários. Só em citar seu nome, já dizemos tudo.
Tirando Hebe Camargo, que aparece no final e faz questão de sussurar ao microfone no meio da música, o vídeo é lindíssimo. Nos deixa sem palavras.
terça-feira, 29 de julho de 2008
Um mês de blog
Um forte abraço a todos vocês!
Da equipe Cis.
Nota 02
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Comunidade CIS (parte 04).
Nota - Eles não usam black-tie.
Resposta do "desafio em casa" (parte 01)
(Unesp) "A idéia de 'bem comum', de 'utilidade comum', tão importante, por exemplo, em Aristóteles, foi aplicada à atividade dos mercadores pelos autores cristãos. Ligando esta idéia à do trabalho, São Tomás de Aquino (1225-1274) declarou: 'se alguém se entrega ao comércio tendo em vista a utilidade pública, se se quer que as coisas necessárias à existência não faltem ao reino, então o lucro, em lugar de ser visto como um fim, é somente reclamado como remuneração do trabalho'."
Esclareça por que a Igreja Católica, na transição do Século XIII para o Século XIV, passou a admitir o lucro variável nas operações mercantis.
Para responder esta questão deve-se levar em conta:
- O contexto que levou a Igreja Católica a admitir lucros variáveis é o do Renascimento Comercial, ocorrido após a reabertura das rotas comerciais do mar mediterrâneo.
- A partir desse momento, houve o crescimento das atividades comerciais nas cidades européias e o surgimento da burguesia, classe que vivia em torno dos lucros obtidos com o fortalecimento da nova economia.
domingo, 27 de julho de 2008
Eles não usam black tie
Renata, aluna do cursinho Contemporâneo, esperava uma aula maravilhosa.
O aluno salesiano Álvaro Ramon tinha a expectativa de entender a peça e conhecer melhor a história recente da política nacional, uma vez que são dois assuntos importantes para o vestibular da UFRN.
A aula começou por volta das 14:30, sendo iniciada pela equipe de História, formada por Kokinho, Adailton, Henrique, João Carlos e Wellington. Foram cerca de 45 minutos de discussão sobre a República Populista e sua crise, bem como alguns pontos sobre a ditadura. Sami e Agenor entraram em seguida, comentando aspectos econômicos daquele período. Por fim, o professor Alexandre fez uma análise apurada de Eles não usam black-tie, obra selecionada pela Comperve.
Durante o intervalo, Danilo Cortez, aluno do Contemporâneo, nos disse que o aulão estava muito bom, com excelente análise, principalmente do período de Vargas. Além disso, continuou ele, “havia muita interação entre os professores, gerando descontração e, ao mesmo tempo, aprendizagem”.
Júlia e Débora, alunas do Pré do Contemporâneo, acreditam que a aula permitiu compreender o contexto histórico da obra, o que facilita o entendimento do texto de Guarnieri. “Gostei muito da aula e da equipe, inclusive dos professores que não conhecia”, confidenciou uma delas.
Após o intervalo, o grupo Companhia Cênica Ventura apresentou Eles não usam black tie. Foi um sucesso!
Mais um grande evento do CIS! Nos vemos no próximo domingo, 03 de agosto de 2008!
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Democracia racial.
Ultimamente, os sistemas de cotas e a criação de um ministério voltado para essa única questão demonstram o tamanho do nosso problema. Ainda aceitamos distinguir o negro do moreno, em uma aquarela de tons onde o último ocupa uma situação melhor que a do primeiro. Desta maneira, criamos a estranha situação onde “todos os outros podem ser racistas, menos eu... é claro!”. Isso nos indica que o alcance da democracia é um assunto tão difícil e complexo como a nossa relação com o negro no Brasil.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
Líder da Revolta da Chibata é anistiado 98 anos depois.
Brasília (AE) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou ontem a lei de autoria da senadora Marina Silva (PT-AC) que anistia post-mortem o marinheiro João Cândido, o “Almirante Negro”, líder da Revolta da Chibata, ocorrida em 1910. Além de João Cândido, outros 600 marinheiros que participaram da revolta também foram beneficiados. A lei teve um artigo vetado: o que tornava automática a concessão de reparação aos descendentes dos marinheiros por parte do governo federal. O argumento foi puramente financeiro: de acordo com a equipe econômica, o custo total das reparações poderia ultrapassar R$ 1 bilhão. Menos do que os R$ 2,4 bilhões que já foram pagos em indenizações por conta da ditadura militar, mas um gasto que o governo federal não estava disposto a assumir nesse momento. O veto, no entanto, não impede os descendentes de entrarem na Justiça para pedir as reparações. Apenas retira a obrigação automática, o que pode tornar o processo mais lento - e até mesmo impossível, em alguns casos, já que os descendentes teriam que provar o parentesco com alguém que morreu há quase 100 anos. O próprio João Cândido tinha uma filha, que morreu recentemente. Estão vivos, no entanto, alguns netos. A autora da lei, Marina Silva, foi informada do veto no momento da sanção, no gabinete do presidente Lula, na noite da última quarta-feira. A avaliação de Marina foi que o mais importante foi preservado, que era a anistia e a “reparação da injustiça” feita aos marinheiros. Segundo sua assessoria, a senadora compreendeu que o valor seria muito alto na forma em que a lei estava, mas espera que sejam definidos, depois, limites orçamentários para o pagamento das reparações. A Revolta da Chibata aconteceu em novembro de 1910, na baía de Guanabara (RJ), e começou a bordo do encouraçado Minas Gerais depois que o marinheiro Marcelino Menezes recebeu 250 chibatadas por ter levado cachaça para o navio. A ação já estaria sendo planejada para que os castigos físicos dos marinheiros - a maioria negros e mulatos, comandados por oficiais brancos - mas teria sido antecipada por conta do castigo excessivo de Marcelino. Em seguida à revolta no Minas Gerais, outros cinco navios ancorados aderiram.Depois de tensas negociações e uma anistia aprovada pelo Congresso, os marinheiros se renderam. Poucas semanas depois, no entanto, alguns foram expulsos da Marinha e outra revolta estourou na Ilha das Cobras, com 600 marinheiros. A maioria foi morta. João Cândido, um dos sobreviventes, foi internado no hospital dos alienados como louco e indigente. Dois anos depois, os revoltosos foram julgados e absolvidos, mas nunca receberam anistia nem reparações.
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Comunidade CIS (parte 03)
Para refletir um pouco... (parte 02)
O que as nossas sensações têm de real é precisamente o que têm de não nossas. O que há de comum nas sensações é que forma a realidade. Por isso a nossa individualidade nas nossas sensações está só na parte errônea delas. A alegria que eu teria se visse um dia o sol escarlate. Seria tão meu aquele sol, só meu!”
(Fernando Pessoa, O livro do desassossego, p.341)
Desafio em casa (parte 03)
(OMC) contra os subsídios da União Européia para a produção de açúcar. (Adaptado de Renée Pereira, "Açúcar e álcool entram em nova era de prosperidade", O Estado de S. Paulo, 08 de agosto de 2004, p. B7).
a) Compare a atual onda de otimismo do setor sucroalcooleiro com as motivações que levaram à criação do Proálcool na década de 1970. Aponte as semelhanças e as diferenças entre esses dois momentos do setor sucroalcooleiro.
b) Os subsídios praticados pelos países desenvolvidos para sua agricultura acarretam dificuldades para esse setor nos países subdesenvolvidos. Explique essas dificuldades.
Comunidade CIS (parte 02)
Laura Alves, turma da segunda-feira - vespertino, ex-aluna Henrique Castriciano, futura advogada.
Desafio em casa (parte 02)
a) identifique o principal conflito existente nas áreas A e B;
b) caracterize o principal conflito existente na área C.
Desafio em casa (parte 01)
Lá vai a primeira:
(Unesp) "A idéia de 'bem comum', de 'utilidade comum', tão importante, por exemplo, em Aristóteles, foi aplicada à atividade dos mercadores pelos autores cristãos. Ligando esta idéia à do trabalho, São Tomás de Aquino (1225-1274) declarou: 'se alguém se entrega ao comércio tendo em vista a utilidade pública, se se quer que as coisas necessárias à existência não faltem ao reino, então o lucro, em lugar de ser visto como um fim, é somente reclamado como remuneração do trabalho'."
Esclareça por que a Igreja Católica, na transição do Século XIII para o Século XIV, passou a admitir o lucro variável nas operações mercantis.
A farsa da legitimidade (parte 02)
terça-feira, 22 de julho de 2008
Comunidade CIS.
Adolfo Magalhães Cavalcanti, Turma da segunda-feira - vespertino, ex-aluno Salesiano, futuro advogado.
E a chuva levou...
Para baixar o arquivo, clique AQUI.
Ps. Quando abrir o site do rapidshare, clique no botão FREE ou FREE USER (situado na parte de baixo da página). Feito isso, você terá acesso ao arquivo para download.Falou e disse (parte 02)
Um dos grandes pensadores do século XX foi Antonio Gramsci, renovador do pensamento marxista e criador de análises interessantes, como a que versa sobre a participação dos intelectuais na política. Na esteira dos textos publicados por Adailton em nosso blog, pensei em colocar esse pequeno trecho do filósofo italiano, no qual se discute a indiferença política:
Odeio os indiferentes. Como Federico Hebbel, acredito que “viver quer dizer tomar partido”. Não podem existir os apenas homens, os estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão e partidário. Indiferença é abulia, é parasitismo, é covardia, não é vida. Por isso, odeio os indiferentes.
A indiferença é o peso morto da história. É a bola de chumbo para o inovador, é a matéria inerte na qual freqüentemente se afogam os entusiasmos mais esplendorosos.
A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; é aquilo com o que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mais bem construídos. É a matéria bruta que se rebela contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se deve tanto à iniciativa dos poucos que atuam, quanto à indiferença de muitos. O que acontece não acontece tanto porque alguns o queiram, mas porque a massa dos homens abdica de sua vontade, deixa fazer, deixa enrolarem os nós que, depois só a espada poderá cortar; deixa promulgar leis que, depois, só a revolta fará anular; deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. Os fatos amadurecem na sombra porque mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões restritas, os objetivos imediatos, as ambições e paixões pessoas de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens ignora, porque não se preocupa.
Quem melhor do que Gramsci para falar de indiferença política? Afinal, foi ele um dos maiores críticos do regime de Mussolini, tendo sido preso e morto durante sua ditadura. Foi, acima de tudo, um grande ativo político, ao contrário da maioria silenciosa que prefere o conforto de seus cotidianos a lutar por uma situação melhor.
Durante um período tão marcado pela presença pública da política, devemos lembrar que ser “apolítico” significa aceitar e justificar o modelo vigente, com seus favorecimentos e suas desonestidades. Transformemo-nos em cidadãos ativos que batalham pela criação de um espaço do bem-comum.
De fato, Gramsci “falou e disse”.
Ingressos esgotados!!!
segunda-feira, 21 de julho de 2008
A farsa da legitimidade.
A festa da democracia está na rua. Cores enfeitam avenidas, vestem corpos e se desbotam na história. Jingles enaltecendo candidatos e alienando eleitores são exaustivamente repetidos como preces pela eleição; promessas se esvaem por esgotos a céu aberto; modernização em bocas de dinossauros da política é a palavra de ordem! Antigos caciques, pecuaristas de eleitores, proprietários de currais eleitorais, falam de honestidade com a autoridade de um cidadão probo, cumpridor dos deveres.
A festa da democracia está na rua. Filhotes de tiranossauros apresentam-se como o novo. Herdeiros da genética maldita da politicagem rasteira, da desonestidade tradicional, da incompetência testificada pela história, detentores dos chicotes de avós e pais, algozes de um povo crédulo e miserável lançam-se ávidos pelo poder que os encastelará em torres de catedrais que custaram o suor dos nossos pais e sua manutenção exigirá o nosso e de nossos filhos e netos.
A festa da democracia está na rua. Serviçais de alcovas, camareiros dos prostíbulos das escusas negociatas, arautos dos vendedores de ilusão tocarão as trombetas da esperança e os bobos da corte dos horrores desviarão a atenção do cidadão com a mesma maestria com que alguns dos seus senhores desviaram e, quem sabe, desviarão recursos públicos das mesas de nossas filhas e filhos.
A festa da democracia está na rua. A plebe circunvizinha do poder se refestelará na lama deixada pelas sapatilhas de pelica da elite como urubus famintos em carniça de monturo. Consciências serão prostituídas por alguns níqueis; saberes serão segredados em troca de algum posto que sangrará o erário público; algumas doações de campanha serão empréstimos que deixarão rubra a falta de vergonha. Decências usarão lentes escuras e não terão coragem de olhar nos olhos da verdade!
A festa da democracia está na rua. Ao final, as sobras das mentiras, os restos apodrecidos dos conchavos, os resquícios dos enxovalhos, os dejetos da orgia e o custo da festa serão nossos. Até quando, meu Deus?!.
domingo, 20 de julho de 2008
O politeismo e o mito do dilúvio.
Os zigurates
O dilúvio
sábado, 19 de julho de 2008
O "novo" português
Esta semana recebi um arquivo por e-mail que simplifica as principais reformas na nossa língua. Resolvi o colocar no blog e socializá-lo com vocês.
Para baixar a planilha do novo acordo ortográfico da língua portuguesa, clique AQUI.
Ps. Quando abrir o site do rapidshare, clique no botão FREE (situado na parte de baixo da página). Feito isso, você terá acesso ao arquivo para download.
Da falácia da igualdade de todos perante a lei (Parte 02)
Quem gostou do texto Da falácia da igualdade de todos perante a lei (ou o caso Daniel Dantas), de autoria do nosso professor Adailton Figueiredo, pode lê-lo no site do Jornal de Hoje, na coluna de Artigos, ou clicando AQUI!
Últimos ingressos!!
sexta-feira, 18 de julho de 2008
DENG XIAO PING DEFENDE AS REFORMAS ECONÔMICAS CHINESAS
A verdade está nos fatos,e os fatos falam claro,aqui e em todo país. Não se pode ficar agarrado a Marx como a um dogma,o marxismo é evolução. Segundo os dogmáticos,uma verdadeira economia socialista tem a planificação e a capitalista tem o mercado.mas esses são instrumentos, não são os fins.A finalidade do socialismo é fazer com que o povo viva melhor,e sabemos como estávamos antes que o mercado se abrisse.dizem que a bolsa é uma prática capitalista.Trata-se, porém, de um instrumento financeiro.Algumas práticas capitalistas podem perfeitamente ser usadas na sociedade socialista.talvez se cometam erros,mas ninguém é 100% bem sucedido.Áreas do litoral,onde há condições mais favoráveis,devem ser livres para desenvolver-se plenamente ,e não refreadas para permanecerem no mesmo nível de pobreza das internas.Que Cantão prossiga em seu desenvolvimento,que procure alcançar “os quatro tigres”,isto é,Cingapura,Taiwan,Coréia do Sul e Hong Kong.A riqueza também traz fenômenos negativos,mas em Cingapura sabem muito bem como mantê-la sob controle.
(Deng Xiao Ping,citado por MEZZETI,Fernando.De Mao a Deng,a transformação da China.Brasília:UNB,2000.p.456.)
terça-feira, 15 de julho de 2008
Da falácia da igualdade de todos perante a lei (ou o caso Daniel Dantas).
A idéia corrente de um poder legitimado pelos deuses era incutida em corações amedrontados e mentes intelectualmente modestas. Sacerdotes profissionais, serviçais do poder e beneficiários do Estado difundiam a ideologia que mantinha a distância entre os servidos e os servidores. No Egito, por exemplo, o faraó era um deus vivo; na Mesopotâmia, o patesi era a representação do divino; entre os hebreus, o juiz se auto-intitulava escolhido por Javé. Não obstante, na magnífica e imponente Roma o imperador era uma divindade merecedora de respeito e obediência desmedida e inquestionável por parte de uma população miserável e iletrada.
A legislação aristocrática e autoritária servia de pano de fundo para o circo de horrores políticos: definia cidadão, via de regra, como aqueles grandes proprietários de terras, de objetos e de gente coisificada. O humano desprovido de riqueza ou o cavalo servindo de montaria a um nobre não se diferenciavam! O escravo era a pura expressão do anti-cidadão na civilização que apregoava a cidadania. A inclusão era para alguns e nela não cabia o dejeto social. A lei que deveria ser seguida era aquela que fora elaborada em benefício de poucos e, talvez, por isso mesmo, não poderia ser questionada, afinal, dura lex, sede lex. A legislação era a mantenedora da ordem. Todavia, cabem aqui algumas perguntas: que ordem? A ordem da anticidadania? Da miséria? Da submissão? Sim, provavelmente não haveremos de encontrar entre artigos e alíneas complexas, tortuosas, labirínticas, com seus alçapões e arpões para peixes de segunda categoria a busca pela manutenção de outra ordem.
Levando em conta a possibilidade do descumprimento da lei, a elite dominante, precavida e com percepção de longo alcance, cria seu braço armado: o exército ou equivalente, comandado pela casta abastarda e composta por miseráveis para reprimir miseráveis em nome da segurança nacional. Fica evidente a compreensão do perigo que seria uma massa faminta, revoltada e desobediente, não temente a Deus e a alguns homens. Ao lado dos exércitos, bem treinados e armados, onde jovens que nunca manusearam canetas eram hábeis com fuzis, erguem-se os templos das torturas e monumentos da repressão: as cadeias.
Cada vez mais sofisticadas na arte da reclusão, as prisões passam a ser símbolos do poder tanto quanto os palácios na medida em que abrigam os inimigos do rei, ao passo que, nos salões palatinos, guardavam-se os amigos do rei. Uma vez encarcerado, o individuo não seria mais influência maléfica à sociedade. Perguntar-se-ia: qual sociedade?
O tempo passou, a história foi sendo construída com seus avanços e retrocessos. Todavia, três coisas não mudaram, ainda: manda quem pode, obedece quem tem juízo e cadeia não é pra todo mundo.
segunda-feira, 14 de julho de 2008
A engenharia das raças
(http://www.clubemundo.com.br)
domingo, 13 de julho de 2008
Carta escrita em 2070
Documento extraído da revista biográfica
"Crônicas de los Tiempos" de Abril de 2006.
A NECESSIDADE DA UTOPIA NEOLIBERALISMO
LE MONDE Diplomatique
Um cartaz enfeitou, em janeiro de 1998, as paredes de vários aeroportos europeus: numa paródia às imagens da Revolução Cultural chinesa, mostrava uma fila de pessoas, avançando à frente de uma manifestação, rostos radiosos, empunhando estandartes coloridos, agitados pelo vento, e gritando: “Capitalistas de todos os países, uni-vos!” Para a Forbes, revista dos bilionários norte-americanos, essa foi uma maneira debochada de comemorar 150 anos do Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels.
Foi também uma maneira de afirmar, sem medo de ser desmentidos (os cartazes não estavam rasgados nem pichado), duas coisas: o comunismo já não mete medo; e o capitalismo passou à ofensiva.
A NOVA ARROGÂNCIA DO CAPITAL
Num ano em que se comemoravam não apenas o aniversário desse célebre Manifesto, escrito por dois jovens (Marx tinha trinta anos e Engels, 28!), mas também o da revolução de 1848 (que impôs o sufrágio universal masculino e a abolição da escravatura) e o da revolta de maio de 1968, que reflexões poderia inspirar essa nova arrogância do capital?
Ela começou com a queda do muro de Berlim e o desaparecimento da União Soviética, num contexto de estupor político em que se manifestava o desejo de uma ilusão perdida. As súbitas revelações de todas as conseqüências, no Leste europeu, de décadas de estatização perturbaram os espíritos. Um sistema sem liberdade e sem economia de mercado surgiu em seu absurdo trágico, com seu corolário de injustiças. O pensamento socialista de certa forma sucumbiu, assim como o paradigma do progresso enquanto ideologia que pretende um planejamento absoluto do futuro.
A UTOPIA DO PENSAMENTO ÚNICO
À esquerda, aparecem quatro novas convicções que poderiam solapar a esperança de transformar radicalmente a sociedade: nenhum país pode se desenvolver seriamente sem uma economia de mercado; e estatização sistemática dos meios de produção e de comércio acarreta desperdício e penúria; a austeridade a serviço da igualdade não constitui, em si própria, um programa de governo; a liberdade de pensamento e expressão pressupõe, como condição necessária, uma certa liberdade econômica.
O fracasso do comunismo e a implosão do socialismo também arrastaram, por tabela, o desmantelamento ideológico da direita tradicional (que tinha por único suporte doutrinário o anticomunismo) e consagraram como único vencedor do conforto leste-oeste neoliberalismo. Com sua dinâmica freada desde o inicio do século, este vê desaparecerem seus principais adversários e passa a se exibir, em escala planetária, com energia decuplicada. Sonha impor sua concepção do mundo, a sua própria utopia, enquanto pensamento único, a toda a Terra.
A NEGAÇÃO DO ESTADO E DA CIDADANIA
Essa tarefa de conquista se chama globalização, e resulta da interdependência, cada vez maior, das economias de todos os países, através da liberdade absoluta de circulação dos capitais, da supressão das barreiras alfandegárias e de regulamentações, e pela intensificação do comércio e do livre mercado, incentivados pelo Banco Mundial (Bird), pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) e pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
Estabelece-se uma desconexão entre a economia financeira e a economia real. Enquanto as transações financeiras diárias representam 1,5 trilhão de dólares em escala mundial, apenas 1 por cento desse montante é dirigido à criação de novas riquezas. O resto é de natureza especulativa.
Esse impulso do neoliberalismo se faz acompanhar, mesmo nos países mais desenvolvidos, por uma significativa redução dos atores públicos, a começar pelos parlamentos, assim como por uma devastação do meio ambiente, por uma explosão de desigualdades e pelo retorno maciço à pobreza e ao desemprego. O que representa a negação do Estado moderno e cidadania.
COLOCANDO O PLANETA EM REDE
Também assistimos a uma desconexão radical entre, por um lado, a evolução das novas tecnologias e, por outro, a noção de progresso da sociedade. O avanço da biologia molecular, que data do inicio da década de 60, associado à potencia de matemática que agora permite a informática, mandou para o espaço a estabilidade geral do sistema técnico. Seu controle pelo poder público é cada vez mais difícil. Resultado: os dirigentes políticos se confessam incapazes de medir a ameaça que significa uma tal aceleração das tecnociências. Também aí eles passam à dependência de especialistas que dirigem, por caminhos obscuros, as decisões governamentais.
A revolução da informática explodiu a sociedade contemporânea, transtornou a circulação de mercadorias e proporcionou a expansão da economia eletrônica e a globalização. Esta ainda não abalou todos os países do mundo a ponto de os transformar numa única sociedade, mas tenta convertê-los num modelo único econômico, colocando planeta em rede. Cria um tipo de vinculo social-liberal totalmente constituído por redes, separando a humanidade em indivíduos isolados um do outro num universo hipertecnológico.
O MUNDO PARECE OPACO
Conseqüências: as desigualdades se aprofundam. Existem mais de 60 milhões de pobres nos Estados Unidos, o país mais rico do mundo. Mais de 50 milhões de pobres na União Européia, principal potência comercial. Nos Estados Unidos, 1 por cento da população detém 39 por cento da riqueza do país. E, em escala planetária, a fortuna dos 358 indivíduos mais ricos, bilionários em dólar, é superior à renda anual dos 45 por centos dos mais pobres, ou seja, 2,6 bilhões de pessoas...
A lógica da competitividade foi elevada ao nível do imperativo natural da sociedade. Ela faz perder o sentido de “viver juntos”, do “bem comum”. Enquanto isso, a distribuição dos lucros da produtividade se faz em benefício do capital e em detrimento do trabalho, o custo da solidariedade é considerado insuportável e o edifício do Estado de bem-estar é implodido.
Diante da brutalidade e da rapidez de todas essas mudanças, perdem-se as referências, acumulam-se as incertezas, o mundo parece opaco, a história parece fugir de qualquer tipo de análise. Em meio à crise, os cidadãos procuram um sentido para o que Antonio Gramsci definia: “Quando morre o velho e o novo hesita em nascer”. Ou, como diria Aléxis de Tocqueville, quando “o passado deixa de iluminar o futuro e o espírito caminha nas trevas”.
O DESCRÉDITO DAS ELITES E INTELECTUAIS
Para inúmeras pessoas, a idéia ultraliberal de que o Ocidente está suficientemente amadurecido para viver em condições de liberdade absoluta também é tão utópica – assim como dogmática – como a ambição revolucionária da igualdade absoluta. Perguntam-se como é possível pensar o futuro. E expressam a necessidade de uma outra utopia, de uma nova racionalização do mundo. Esperam por um tipo de profecia política, uma reflexão sobre um projeto para o futuro, a promessa de uma sociedade reconciliada, em plena harmonia com si própria.
E haveria hoje um espaço, entre as ruínas da União Soviética e os destroços de nossas sociedades desestruturadas pela barbárie neoliberal, para uma nova utopia? A priori, isso parece pouco viável, pois se generalizou a desconfiança para com os grandes projetos políticos e porque, ao mesmo tempo, se assiste a uma grave crise de representação política, a um enorme descrédito das elites tecnocráticas e da intelectualidade mais famosa, assim como a uma profunda ruptura entre os grandes meios de comunicação e o seu público.
UM CONTRAPROJETO GLOBAL
Em qualquer tipo de eleição, aumenta o índice de abstenções, assim como o voto em branco e nulo. Na França, um em cada três jovens de menos de 25 anos não tem titulo eleitoral; o numero de filiados a partidos políticos não passa de 2 por cento dos eleitores e apenas 8 por cento dos assalariados se filiam a um sindicato. À esquerda, o Partido Socialista praticamente não tem mais quadros egressos das camadas populares; o Partido Comunista, além de perder sua identidade ideológica, praticamente perdeu a identidade sociológica.
E, no entanto, muitos cidadãos gostariam de colocar um grão de humanidade na engrenagem bárbara neoliberal; procuram um antecedente responsável, experimenta o desejo da ação coletiva. Gostariam de questionar dirigentes bem definidos, em carne e osso, a quem pudesse repassar suas críticas, suas preocupações, suas angustias e sua confusão, na medida em que o poder se tornou em grande parte abstrato, invisível, distante e impessoal. Ainda gostariam de acreditar que existem respostas na política, justamente quando a política tem cada vez maior dificuldade em dar respostas simples e claras aos problemas complexos da sociedade. E, no entanto, cada cidadão sente a necessidade urgente – como uma barreira contra a ressaca neoliberal – de um contraprojeto global, uma contra-ideologia, um edifício conceitual que se possa contrapor ao modelo atualmente dominante.
A IDEOLOGIA ANARCO-LIBERAL
Construir esse projeto não é fácil, pois o ponto de partida é quase tabula rasa que as utopias antecedentes, baseadas na idéia do progresso, sucumbiram quase sempre no autoritarismo, na opressão e na manipulação dos espíritos.
Uma vez mais se sente a necessidade de sonhadores que pensem e de pensadores que sonhem, para sair em busca de um projeto de sociedade – não um projeto amarrado e empacotado – que permite opinar, analisar e frear, através de uma nova ideologia, a ideologia anarco-liberal. Esta fabrica uma sociedade egoísta, priorizando a fragmentação, a divisão.
REINTRODUZIR A NOÇÃO DO COLETIVO
Torna-se indispensável, portanto, reintroduzir a noção do coletivo, pensando no futuro. E, hoje, essa ação coletiva passa por associações, como pelos partidos e sindicatos. Durante os últimos anos, aliás, assistiu-se, na França, a uma multiplicação dessas entidades, desde grupos de moradores numa luta especifica de seu bairro às associações contra o desemprego, passando pelas sucursais locais de ONGs internacionais, como Greenpeace, anistia Internacional, Médicos do Mundo ou Transparência.
Entre outras, os partidos têm duas características desabonadores: são genéricos (pretendem resolver todos os problemas da sociedade) e locais (seu perímetro de intervenção termina na fronteira do país). Já as associações têm, por seu lado, dois atributos simétricos e inversos aos dos partidos: são temáticas (voltadas para um único problema da sociedade: desemprego, habitação, meio ambiente etc.) e além fronteiras (sua área de intervenção se estende por todo o planeta).
UM VÍNCULO FUNDAMENTAL
Na década de 80, esses dois tipos de militância (global e de urgência, com um objetivo preciso) às vezes se estranharam. Porém, parece anunciar-se um movimento de convergência. Sua junção é indispensável. Constitui uma das equações a ser superadas para restaurar a política. Pois, se é o fato que as associações nascem de baixo, como testemunhas da riqueza da sociedade civil, e preenchem as deficiências do sindicalismo e dos partidos, também não passam, à vezes, de meros grupos de pressão, assim como lhes falta a legitimidade democrática da eleição para alcançar suas reivindicações. Numa hora ou em outra, será a vez do político. Por isso é fundamental que exista o vinculo entre associações e partidos.
Baseando-se numa concepção radical de democracia, essas associações continuam achando que é possível transformar o mundo.elas constituem, sem qualquer sombra de dúvida, o embrião da ação política na Europa. Muito provavelmente, como diziam Victor Hugo (“A utopia é a verdade de amanhã”) e Lamartine (“As utopias não passam de verdades prematuras”), seus militantes reaparecerão amanhã ou depois, em outros lugares, com outras palavras de ordem, engajados em outras lutas.
POR UMA ÉTICA DO FUTURO
Para reinstituir as nações Unidas no lugar que lhes cabe o direito internacional, uma ONU capaz de decidir, de agir e de impor um projeto de paz perpétuo; para adaptar os tribunais internacionais que julgarão crimes contra a humanidade, contra a democracia e contra o bem comum; para proibir a manipulação das massas; para acabar com a discriminação das mulheres; para estabelecer novos direitos de caráter ambiental; para instaurar o princípio do desenvolvimento durável; para proibir a existência de paraísos fiscais; para incentivar uma economia solidária etc.
“Arrisca teus passos por caminhos que ninguém passou; arrisca tua cabeça pensando o que ninguém pensou”, dizia uma pichação de maio de 1968 nas paredes do teatro Odéon, em Paris. Se realmente quisermos fundar uma ética do futuro, a atual situação convida ao mesmo tipo de audácia.
Tradução: Jô Amado/Ignácio Ramonet é editor de Le Monde Diplomatique.
Fonte: Revista Caros Amigos/ano IV/n°44/novembro de 2000.
Diálogo entre pai e filho
Pai - Lá tinha armas de destruição em massa.
F - Mas a TV disse que os inspetores não acharam nada.
P - Os iraquianos esconderam. E nosso governo sabe que invasões funcionam mais que inspeções.
F - Se tinham tais armas, por que não usaram quando atacamos?
P- Para que ninguém soubesse que eles têm as armas. Preferem morrer a defender-se.
F - Como um povo pode preferir morrer a defender-se?
P - A cultura deles é diferente. Preferem morrer e ir logo para junto de Alá. E lembre-se que Saddam Hussein era um cruel ditador.
F - Como cruel?
P - Torturava e matava gente.
F - Como na China comunista?
P - A China é diferente, seu povo trabalha para as nossas empresas, reduzindo os custos da produção e aumentando os nossos lucros.
F - Mas a China não é comunista?
P - É.
F - E os comunistas não são maus?
P - Só os comunistas da Coréia do Norte e de Cuba, que prendem e torturam gente.
F - Como fazemos em Bagdá?
P - É diferente. Nós prendemos e torturamos em defesa dos direitos humanos e da liberdade.
F - Foi o que fizemos no Afeganistão?
P - Lá foi por causa do Osama bin Laden.
F - Ele é afegão?
P - Não, é saudita.
F - Como 15 dos 19 seqüestradores suicidas do 11 de setembro?
P - Sim.
F - E por que não invadimos a Arábia Saudita?
P - Porque o governo de lá é nosso amigo.
F - Como era Saddam em 1980, ao combater o Irã?
P - Sim, quem combate o nosso inimigo é nosso amigo.
F - E por que temos inimigos?
P - Porque muitos povos têm inveja de nosso progresso.
F - Mas, pai, inveja não é problema do invejado?
P - O invejoso de hoje pode virar o terrorista de amanhã.
F - O que é um terrorista?
P - É uma pessoa que não pensa como nós pensamos.
F - Mas não defendemos a liberdade de opinião?
P - Só a que não vai contra a nossa opinião.
F - O Iraque nos atacou?
P - Não, mas agora fazemos guerras preventivas, evitamos o mal antes que a semente dele caia na terra.
F - Nós é que produzimos as armas empregadas nas guerras?
P - Boa parte delas, pois a guerra favorece a nossa economia.
F - Quer dizer que ficamos ricos às custas da morte de outros povos?
P - É a lógica do mercado.
F - Mas, pai, uma vida humana não vale mais que um míssil? Não foi isso que você me ensinou?
P - Teoricamente sim, mas na prática não é assim. Para o mercado, só tem valor a vida que está dentro dele, a do consumidor.
F - E as outras vidas?
P - Filho, nada em excesso é bom. Muito vento causa furacão; muita água, enchente; muitas bocas, fome.
F - Quer dizer que nós matamos como Saddam e o Talibã matavam?
P - Nós matamos a favor da liberdade; eles, contra.
F - Inclusive crianças como eu?
P - Você não é como elas. Não temos culpa de os nossos inimigos terem filhos.
F - Deus aprova isso?
P - Sim, nosso presidente fala diretamente com Deus.
F - Como assim?
P - Ele escuta a voz divina em sua cabeça. Deus o elegeu para fazer a guerra do bem contra o mal.
F - Mas Deus e Alá não são a mesma pessoa?
P - Billy, chega de perguntas. E, por favor, não confunda o nosso Deus com o deles!
(Por Frei Betto)
Para refletir um pouco...
sábado, 12 de julho de 2008
Relaxando no fim de semana (Parte 02)
Minha dica para o fim de semana pode ser encontrada no Youtube com muita facilidade. Trata-se da entrevista de Ariano Suassuna a Jô Soares. Nela, encontramos muitas explicações sobre sua obra, seus personagens e suas idéias. Além de tudo, é extremamente divertida, uma vez que ele conta vários causos.
Suassuna é considerado reacionário por muitos críticos, principalmente por sua postura contrária a globalização e a cultura de massa. No entanto, sua luta para preservar alguns aspectos da nossa cultura também é interessante, uma vez que ela nos identifica enquanto brasileiros.
Veja a entrevista na íntegra... e se prepare para rir muito!
Primeira Parte
Segunda Parte