As ratazanas já se refestelam com as migalhas que caem dos banquetes dos gatunos. Fartam-se, ambos, outrora aparentes inimigos, com as iguarias que somente as mesas palacianas são contempladas; sofisticados pratos e finos licores encantam os mais exigentes paladares. Sorrisos enfeitam rostos que mais parecem molduras do cinismo. Elogios rasgados são alardeados a cada conviva chegado: o desfile da hipocrisia sempre encontra passarela adequada nos tapetes do poder. Abraços e apertos de mãos selam a imolação da verdade. O Jingle tantas vezes repetido nas ruas é a trilha da traição e sufoca as vozes que vem dos subúrbios doentes, das vielas inseguras e dos barracos mendicantes. O egoísmo desses parasitas sociais não lhes permite a decência da sensibilidade. Tramóias políticas são arquitetadas com requintes que deixariam os escritos de Nicolau Maquiavel, em “O Príncipe”, como exemplo de lisura. Dá medo.
Essa opereta dos horrores se repete ao fim de cada campanha política, nestas terras de xavantes, tupinambás, potiguares e outros índios. Os linchadores da verdade e vendilhões de promessas já desarmaram suas tendas e, agora, contabilizam seus dividendos e distribuem os últimos vinténs aos garotos de programas eleitoreiros. As promessas mirabolantes ou não vão para as prateleiras do esquecimento e um batalhão de serviçais da indecência se prostram vilmente em homenagem aos descuidistas de sonhos alheios à cata, certamente, de uma promoção que lhes garantam tetas mais fartas nos currais da burocracia; rábulas - carrascos da justiça - , engenheiros dos subterrâneos da moral, urbanistas maquiadores do caos, mercenários da saúde pública, disfarçados na limpidez dos jalecos e mestres na arte do estelionato rastejam pelas pocilgas dos conchavos, tentando se saciarem das sobras dos coxos. Na verdade, nos monturos dos desgovernos se encontra de tudo e nada se presta à nobreza da reciclagem; tudo está podre na circunvizinhança do fétido poder. Dá náusea.
O Estado, que no pensar de teóricos como, por exemplo, Rousseau ou Montesquieu, deveria ser o guardião dos interesses coletivos, tornou-se, em determinados momentos, espólio para aventureiros. Vilipendiado, serve a quase todos, exceto ao bobo da corte, neste caso, o cidadão. O contribuinte, na maioria das vezes, exigido à exaustão, sente-se sangrado em seus parcos ganhos; quase comatoso, não vê como estancar tamanha hemorragia; pior; não sabe quem pode socorrê-lo. Vê-se à mingua, no desespero dos inocentes condenados já no patíbulo. Todavia, conclui o pagador de impostos, cada qual, mesmo os puros, tem seu cadafalso e se conforma. Dá pena.
E segue-se, nas altas rodas, a partilha de cargos e bens. Ávidos por poder balconistas e fregueses sem honra repartem as vestes do erário público e prostituem os restos dos frangalhos de seus nomes já atolados na lama da história. Compradores e vendedores emporcalham-se no mesmo charco num espetáculo deprimente para uma platéia que assiste a tudo inerte. Parece que o cidadão perdeu a capacidade de se indignar e se deixou dominar pela canga da desprezível subserviência. Dá nojo!
Ainda bem que isso não ocorre entre nós. Todavia, ficção tem lá suas profecias e algumas se cumprem. Portanto, cuidado cidadãos. Só em pensar, dá arrepios!
Essa opereta dos horrores se repete ao fim de cada campanha política, nestas terras de xavantes, tupinambás, potiguares e outros índios. Os linchadores da verdade e vendilhões de promessas já desarmaram suas tendas e, agora, contabilizam seus dividendos e distribuem os últimos vinténs aos garotos de programas eleitoreiros. As promessas mirabolantes ou não vão para as prateleiras do esquecimento e um batalhão de serviçais da indecência se prostram vilmente em homenagem aos descuidistas de sonhos alheios à cata, certamente, de uma promoção que lhes garantam tetas mais fartas nos currais da burocracia; rábulas - carrascos da justiça - , engenheiros dos subterrâneos da moral, urbanistas maquiadores do caos, mercenários da saúde pública, disfarçados na limpidez dos jalecos e mestres na arte do estelionato rastejam pelas pocilgas dos conchavos, tentando se saciarem das sobras dos coxos. Na verdade, nos monturos dos desgovernos se encontra de tudo e nada se presta à nobreza da reciclagem; tudo está podre na circunvizinhança do fétido poder. Dá náusea.
O Estado, que no pensar de teóricos como, por exemplo, Rousseau ou Montesquieu, deveria ser o guardião dos interesses coletivos, tornou-se, em determinados momentos, espólio para aventureiros. Vilipendiado, serve a quase todos, exceto ao bobo da corte, neste caso, o cidadão. O contribuinte, na maioria das vezes, exigido à exaustão, sente-se sangrado em seus parcos ganhos; quase comatoso, não vê como estancar tamanha hemorragia; pior; não sabe quem pode socorrê-lo. Vê-se à mingua, no desespero dos inocentes condenados já no patíbulo. Todavia, conclui o pagador de impostos, cada qual, mesmo os puros, tem seu cadafalso e se conforma. Dá pena.
E segue-se, nas altas rodas, a partilha de cargos e bens. Ávidos por poder balconistas e fregueses sem honra repartem as vestes do erário público e prostituem os restos dos frangalhos de seus nomes já atolados na lama da história. Compradores e vendedores emporcalham-se no mesmo charco num espetáculo deprimente para uma platéia que assiste a tudo inerte. Parece que o cidadão perdeu a capacidade de se indignar e se deixou dominar pela canga da desprezível subserviência. Dá nojo!
Ainda bem que isso não ocorre entre nós. Todavia, ficção tem lá suas profecias e algumas se cumprem. Portanto, cuidado cidadãos. Só em pensar, dá arrepios!
Adailton Figueiredo, professor de História.
2 comentários:
Corrupção na política brasileira é algo que sempre existiu, desde a república velha até os tempos hodiernos. Agora, ela só está mais explícita.
O populismo continua vivíssimo na política: basta olhar para as campanhas realizadas hoje em dia. Todos os políticos mencionam o povo, falando de reforma agrária, assistencialismo, de combate às "elites corruptas" e outras formas de demagogia, mas quando chegam ao poder, preocupam-se mais com o que irão comprar com seu salário altíssimo (que por sinal, não parece ser suficiente, visto a quantidade de esquemas de desvios públicos) do que com o seu trabalho em si, de atender aos interesses do povo. Lastimável.
E...integridade? Acho que isso já está entrando em extinção há algum tempo na política. Ainda há pessoas íntegras na política sim, todavia, esses espécimes estão ficando cada vez mais raros hoje em dia. Se continuar assim, só sabe o que vai ser da administração do país.
Apesar de tudo, não perco a esperança de um governo mais decente. Sonhar não custa, não?
Adoro seus textos! Sempre fico impressionada depois que termino de ler um.
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