sábado, 18 de outubro de 2008

Sobre o brasileiro.


Nem sempre os textos que exponho aqui condizem com meu pensamento. Todavia, creio que a reflexão sobre determinadas opiniões é indispensável: acompanhem essa crônica de Arnaldo Jabor com atenção e tirem suas conclusões.

Boa leitura!

Brasileiro é um povo solidário. Mentira. Brasileiro é babaca. Eleger para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari, só porque tem uma história de vida sofrida; Pagar 40% de sua renda em tributos e ainda dar esmola para pobre na rua ao invés de cobrar do governo uma solução para pobreza;Aceitar que ONG's de direitos humanos fiquem dando pitaco na forma como tratamos nossa criminalidade... Não protestar cada vez que o governo compra colchões para presidiários que queimaram os deles de propósito, não é coisa de gente solidária. É coisa de gente otária.


Brasileiro é um povo alegre. Mentira. Brasileiro é bobalhão. Fazer piadinha com as imundices que acompanhamos todo dia é o mesmo que tomar bofetada na cara e dar risada. Depois de um massacre que durou quatro dias em São Paulo, ouvir o José Simão fazer piadinha a respeito e achar graça, é o mesmo que contar piada no enterro do pai. Brasileiro tem um sério problema. Quando surge um escândalo, ao invés de protestar e tomar providências como cidadão, ri feito bobo.


Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira. Brasileiro é vagabundo por excelência. O brasileiro tenta se enganar, fingindo que os políticos que ocupam cargos públicos no país, surgiram de Marte e pousaram em seus cargos, quando na verdade, são oriundos do povo. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado ao ver um deputado receber 20 mil por mês, para trabalhar 3 dias e coçar o saco o resto da semana, também sente inveja e sabe lá no fundo que se estivesse no lugar dele faria o mesmo. Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada e não aproveita isso para alavancar sua vida (realidade da brutal maioria dos beneficiários do bolsa família) não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo.


Brasileiro é um povo honesto. Mentira. Já foi; hoje é uma qualidade em baixa. Se você oferecer 50 Euros a um policial europeu para ele não te autuar, provavelmente irá preso. Não por medo de ser pego, mas porque ele sabe ser errado aceitar propinas. O brasileiro, ao mesmo tempo em que fica indignado com o mensalão, pensa intimamente o que faria se arrumasse uma boquinha dessas, quando na realidade isso sequer deveria passar por sua cabeça.


90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira. Já foi. Historicamente, as favelas se iniciaram nos morros cariocas quando os negros e mulatos retornando da Guerra do Paraguai ali se instalaram. Naquela época quem morava lá era gente honesta, que não tinha outra alternativa e não concordava com o crime. Hoje a realidade é diferente. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como 'aviãozinho' do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora, porque podem matar 2 ou 3 mas não milhares de pessoas. Além disso, cooperariam com a polícia na identificação de criminosos, inibindo-os de montar suas bases de operação nas favelas.


O Brasil é um país democrático. Mentira. Num país democrático a vontade da maioria é Lei. A maioria do povo acha que bandido bom é bandido morto, mas sucumbe a uma minoria barulhenta que se apressa em dizer que um bandido que foi morto numa troca de tiros, foi executado friamente. Num país onde todos têm direitos mas ninguém tem obrigações, não existe democracia e sim, anarquia. Num país em que a maioria sucumbe bovinamente ante uma minoria barulhenta, não existe democracia, mas um simulacro hipócrita. Se tirarmos o pano do politicamente correto, veremos que vivemos numa sociedade feudal: um rei que detém o poder central (presidente e suas MP’s), seguido de duques, condes, arquiduques e senhores feudais (ministros, senadores, deputados, prefeitos, vereadores). Todos sustentados pelo povo que paga tributos que têm como único fim, o pagamento dos privilégios do poder. E ainda somos obrigados a votar. Democracia isso? Pense! O famoso jeitinho brasileiro. Na minha opinião, um dos maiores responsáveis pelo caos que se tornou a política brasileira. Brasileiro se acha malandro, muito esperto. Faz um 'gato' puxando a TV a cabo do vizinho e acha que está botando pra quebrar. No outro dia o caixa da padaria erra no troco e devolve 6 reais a mais, caramba, silenciosamente ele sai de lá com a felicidade de ter ganhado na loto... malandrões, esquecem que pagam a maior taxa de juros do planeta e o retorno é zero. Zero saúde, zero emprego, zero educação, mas e daí? Afinal somos penta campeões do mundo né??? Grande coisa...


O Brasil é o país do futuro. Caramba , meu avô dizia isso em 1950. Muitas vezes cheguei a imaginar em como seria a indignação e revolta dos meus avôs se ainda estivessem vivos. Dessa vergonha eles se safaram... Brasil, o país do futuro !? Hoje o futuro chegou e tivemos uma das piores taxas de crescimento do mundo.


Deus é brasileiro. Puxa, essa eu não vou nem comentar... O que me deixa mais triste e inconformado é ver todos os dias nos jornais a manchete da vitória do governo mais sujo já visto em toda a história brasileira.

9 comentários:

Anônimo disse...

Adorei Professor!!!
É a mais pura verdade.

Neto M. disse...

Esse Arnaldo Jabor se acha bem onisciente pra saber o que se passa no íntimo de todos os brasileiros. Alguém pode avisa-lo que o Brasil não é um romance escrito por ele?

Anônimo disse...

Ok... mas e a solução? Suicídio em massa? Vindo de Arnaldo Jabor não seria de se espantar... Afinal, se ele podesse jogaria uma bomba em todos os presídios do Brasil e acharia que resolveu o problema. Acho que as coisas não são por aí. O que vivemos não é um caos, como diz Arnaldo Jabor. A forma de agir dos "brasileiros" (sem generalizar) é uma construção histórica e isso é o tipo da coisa que só se muda a longo prazo. Em vez de ficar fazendo alarde ele deveria estar falando em educação de qualidade para todos, livre acesso à informação, etc. Mas vindo de alguém que serve à Rede Globo de Televisão e outros interesses escusos...

João Carlos Rocha disse...

Adailton, gostei de você ter publicado este texto de Arnaldo Jabor. Afinal, abre a possibilidade para que muitos que apenas o conhecem pela televisão, fazendo seus comentários entremeados com gracinhas, entendam quais são as suas visões sobre o Brasil. Este texto, que muito me lembra os de Diogo Mainardi, demonstra, dentre outras coisas, preconceitos sociais e econômicos. Cada um tem sua opinião, mas eu o considero um verdadeiro “bobo da corte”.

Anônimo disse...

Prezado João Carlos,

Quando publiquei esse texto a idéia era oferecer ao nosso aluno a possibilidade de refletir sobre determinadas opiniões e mostrar que alguns formadores de opinião são serviçais de uma elite que ainda entende o povo brasileiro como sendo escória.

Adailton Figueiredo disse...

João Carlos,

o "anônimo" acima sou eu.

Abraço,

Adailton Figueiredo

Anônimo disse...

Que Arnaldo Jabour invista em suas crônicas sobre sexo, amor, família e mulheres. Fazendo algum esforço, talvez, sejam interessantes.

Anônimo disse...

É por isso que eu adimiro esse meu professor de história. Quanto ao meu comentário a respeito de Arnaldo, ele representa o que é de mais reacionário na vida política brasileira, ele é um legítimo porta voz da burguesia brasileira.

Aluno CIS.

Anônimo disse...

Digamos que Arnaldo Jabor seja um escritor e comentarista da Rede Globo extremamente criítico com suas posições. Mas extremar um radicalismo dessa forma é um tanto quanto absurdo e abusivo. Uma coisa é escrever um texto crítico que desenvolva debates, outra é denegrir a imagem do brasileiro. Isso é para aprendermos o cuidado que devemos ter quando formos assistir ou ler certos materiais divulgados. Discernimento é o essencial para ter esse senso crítico, para não cair no poder midiático. Obg, por abrir o espaço para essa discussão.