Aproxima-se o dia das eleições americanas. A disputa torna-se mais acirrada. Os ataques pessoais começam a aflorar. E os indícios de quem será o vitorioso ainda não estão claros. E agora tudo é mais complicado com a crise economia, que não é de fácil solução. O que se soma a falta de liderança do Partido Republicano. Demonstrada na derrota do pacote de 700 bilhões de dólares, que foi posta abaixo pelos republicanos O apelo de Bush não teve o mínimo efeito.
Acompanhando as pesquisas, e lá são praticamente diárias e em quantidades exageradas, vê-se como a eleição está apertada. Há um site na internet, RCL (www.realclearppolitics.com), que transcreve todas as pesquisas realizadas no país e calcula uma média. Essa média hoje (01/10) dá uma vitória à Obama por 5,7%. Dias atrás, a vantagem era de McCain. Gallup dá vitoria a McCain por 5%. A CBS, na mesma data, apresenta 50% para Obama e 41% para McCain, ou seja, nove pontos favoráveis à Obama. Semanas passadas, a diferença era bem menor, e havia algumas pesquisas favoráveis à McCain. Hoje, (03/10), praticamente todas elas são favoráveis à Obama.Em termos de votos eleitorais, dentro da peculiar sistemática americana, McCain também perderia, pois tem apenas 163 votos, contra 260 de Obama, com 115 indecisos. Na semana passada, eram 202 para Obama e para McCain 189, com 147 votos não definidos. Esses votos são dos delegados dos Estados, e isso leva a que possa o candidato ter maioria de votos populares e perder a eleição, como já ocorreu no passado.
Em comentários anteriores, fiz ver minha preocupação quanto à eleição de Obama, em referência ao seu comportamento em relação ao Brasil e a América Latina. É protecionista, é contra a abertura de mercado, há informações que deverá manter as altas tarifas sobre a importação de etanol, pretende rever o acordo de livre mercado com o México e Canadá (NAFTA), bem como reexaminar os diversos acordos bilaterais já existentes. Para os Estados Unidos, deve ser mesmo o melhor candidato. Já prometeu diálogo com todos os países, reexaminar a política externa do país em relação a Cuba, Iraque, Afeganistão, Irã. Internamente, diz que mudará a atual política econômica de Bush, promete diminuir impostos da classe média, incentivar assistência à saúde, seguridade social, e inovar a política de imigração. São todos pontos polêmicos, em que o presente governo tem uma péssima imagem.
Já McCain, embora procurando se afastar de Bush, carrega o peso dos republicanos, e de um governo que tem o pior julgamento dos últimos tempos nos EUA. Sua escolha de uma mulher para vice-presidente lhe rendeu alguns pontos, mas já começa também a ter certo peso negativo. Sarah Palin é muito polemica. Sua exposição à mídia começa a mostrar que ela não é tão pura quanto se anunciou. Um exame mais detalhado de seu comportamento como prefeita de uma cidadezinha sem importância, e como governadora do Alaska, começa a mostrar pontos contrastantes com o quadro inicialmente pintado. No debate do dia dois, não se saiu bem e, embora simpática, não passou disso e nenhuma contribuição substancial resultou de suas discussões, segundo editorial do "New York Times"de 3 deste. Editorial que termina afirmando, ao comentar a escolha de Palin: It was either an act of incredible cynicism or appallingly bad judgment" - ou foi um ato de incrível cinismo ou desastroso julgamento.
Além disso, o problema da capacidade de assumir a presidência, numa emergência, tem um peso elevado nos EUA. O vice de Obama, Joe Biden, é um político experiente, com largo conhecimento dos meandros do poder, conhecedor dos problemas internacionais do país, e apto a assumir o lugar de Comandante em Chefe. Já Sarah Palin é uma novata, conservadora, sem conhecer os caminhos do poder e nenhuma experiência internacional. Tudo isso, num país envolvido com o Iraque, o Afeganistão, as ameaças do Irã e da Coréia do Norte, além do ressurgimento da Rússia, deixa o eleitor preocupado. Pesa contra o republicano.
Adicione-se o comportamento errático, inseguro, que vem mantendo em relação à crise econômica, seus titubeios no último debate (embora não tenha se saído mal), as expectativas são de que Obama se aproxima cada vez mais da vitória.
Apesar disso, nada está decidido. Acho que, antes da Palin, as possibilidades de McCain eram maiores. Há comentários de que a escolha de Palin já causou perda de 1/3 dos votos. Mas, ela pode demonstrar a habilidade de desenvolver conhecimentos durante a campanha. Obama se fortalece ao longo do tempo, como mostram as pesquisas. De tudo isso, uma certeza. Nunca uma campanha nos EUA foi tão interessante e tão disputada.
Autor: Dalton Melo de Andrade, professor universitário.
Autor: Dalton Melo de Andrade, professor universitário.
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