sábado, 19 de junho de 2010

A morte de Saramago, um gênio da língua portuguesa


Hoje é um dia triste para Portugal, para o Brasil e para a língua portuguesa: morreu José Saramago, sem dúvidas o maior escritor lusitano da segunda metade do século XX.

Acredito que muitos aqui já tiveram contato com a obra desse gênio, mesmo que tenha sido indiretamente, por meio do filme Ensaio sobre a cegueira (Blindness), dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles (por sinal, um bom filme... pode ser uma pedida para o fim de semana).

Meu contato com a obra de Saramago não foi fácil, vou confessar. Há uns dez anos tentei ler Memorial do Convento, mas achei tudo meio complicadão. Claro! Saramago era conhecido por escrever parágrafos grandes (enormes!) e usar pouca pontuação, o que demanda uma leitura mais cuidadosa e, consequentemente, mais reflexiva. Parei a leitura no início, achei chato demais.

Anos depois, quando soube que Ensaio sobre a cegueira iria virar filme, resolvi encarar Saramago de frente. E que coisa maravilhosa! Foi um dos melhores livros que já li! A história de uma epidemia de cegueira branca que atingia uma metrópole me fez pensar sobre os limites do poder e do altruísmo humano.

Empolgado, resolvi ler Evangelho segundo Jesus Cristo. A história recontada de um cristo extremamente humano, com todos os defeitos e dificuldades que os homens têm, foi surpreendente, embora entendo que, para aquele mais religiosos, a leitura seria muito dura.

Saramago foi um grande homem, um dos maiores nomes do Realismo Fantástico. Não se furtava a dar sua opinião sobre política, arte, economia e religião. Aliás, nos últimos anos, desde a publicação do Evangelho, destacou-se pelos seus pensamentos ateus, materialistas e racionais.

Muito já se escreveu pela internet, jornais e revistas, mas não há palavras para o descrever. Assim, termino apenas com três frases que colhi quando da leitura de seus romances.

"A ausência é também uma morte, a única e importante diferença é a esperança".

"Se o Diabo não vive como Diabo, Deus não vive como Deus, a morte de um seria a morte do outro".

A mais polêmica: "Quando chegará, Senhor [Deus], o dia em que virás a nós para reconheceres os teus erros perante os homens?"

Pois é, morre o homem... ficam as obras.


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Update direto do Twitter: "A literatura nunca esteve tão de luto, de um lado morre José Saramago e de outro Geisy Arruda lança um livro."

2 comentários:

Anônimo disse...

"Quando chegará, Senhor [Deus], o dia em que virás a nós para reconheceres os teus erros perante os homens?"
Na verade, Deus não erra! O homem é que não é capaz de entender o grande plano divino...Certo e errado são conceitos individuais!

Antonela disse...

Adoro Saramago! Ele está imortalizado em suas belas obras, que nos faz refletir e, principalmente, nos questionar para que não aceitemos tudo como uma verdade absoluta.


"A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original". (Eistein, maior cientista so século XX)