quinta-feira, 11 de março de 2010

A rede idiota.


Segundo leio no Google, num site aberto ao acaso, a internet surgiu com objetivos militares, ainda em plena Guerra Fria, como uma forma de as Forças Armadas americanas manterem o controle, caso ataques russos destruíssem seus meios de comunicação ou se infiltrassem nestes e trouxessem a público informações sigilosas. Outro site diz: "Eram apenas quatro computadores ligados em dezembro de 1969, quando a internet começou a existir, ainda com o nome de Arpanet e com o objetivo de garantir que a troca de informações prosseguisse, mesmo que um dos pontos da rede fosse atingido por um bombardeio inimigo."

Entre as décadas de 70 e 80, estudantes e professores universitários já trocavam informações e descobertas por meio da rede. Mas foi a partir de 1990 que a internet passou a servir aos simples mortais. Hoje há um bilhão de usuários no mundo todo, afirma outro site. Outro informa que o Brasil é o quinto no ranking dos países com mais usuários na internet, tem hoje cerca de 50 milhões de internautas ativos, atrás apenas de Índia, Japão, Estados Unidos e China, estes últimos com 234 e 285 milhões de usuários, respectivamente, informa ainda outro site.

Ilustro com essas informações (suspeitas, como todas que vagam no espaço virtual) a abrangência que tem hoje a internet em todo o mundo, em especial no Brasil. Quase nada acontece hoje sem que passe pela grande rede. Coisas importantes e coisas nem tão importantes assim, como este texto, que não chegaria tão ágil à redação da IstoÉ se não fosse enviado de um computador a outro num piscar de olhos.

Não pretendo demonizar a internet, até porque sou bastante dependente dela. De todo modo, é histórico o mau uso que os humanos fazem de meios fantásticos de comunicação, e o rádio e a tevê estão aí e não me deixam mentir. De todas as ilusões que a internet alimenta, a que julgo mais grave é a terrível onipotência que seu uso desperta. Todos se acham capazes de tudo, com direito a tudo, opinar, julgar, sugerir, depreciar, mas sempre à sombra da marquise, no confortável "anonimato público" que o mundo paralelo da rede propicia. Consultam o Google como se consulta um oráculo, como se lá repousasse toda a sabedoria do mundo. Pra que livros, enciclopédias, se há o Google? - perguntam-se.

No livro "A Marca Humana", de Philip Roth, um personagem fala: "As pessoas estão cada vez mais idiotas, mas cheias de opinião." Não sei o que vem por aí, é cedo para vaticínios sombrios, mas posso antever um mundo povoado por covardes anônimos e cheios de opiniões. O sujeito se sente participando da "vida coletiva", integrado ao mundo, quando dá sua opinião sobre o que quer que seja: a cantora que errou o "Hino Nacional", o discurso do presidente, a contratação milionária do clube, o novo disco do velho artista, etc. Julga-se um homem de atitude se protesta contra tudo e todos em posts no blog de economia e comentários abaixo do vídeo no YouTube. Faz tudo isso no escuro, protegido por um nickname, um endereço de e-mail, uma máscara. Raivosa, mas covarde.

P.S.: A propósito, comunico, a quem interessar possa, que não tenho Twitter. Não me sigam que não sou novela.

Zeca Baleiro é cantor é compositor

2 comentários:

Alexandre Diniz disse...

Muito show esse texto, porém crítica muito o uso da internet, e a meu ver a internet veio com uma base de ajuda para absorvermos mais ainda o conhecimento, ela é como se fosse uma enciclopédia dentro do universo dos livros, sendo que muitos usufruem somente essa encicloplédia e conseqüentemente possuem um ponto de vista igual aos que os grandes empresários das internet querem passar. Por esse fato é necessário saber encontrar o meio termo que o filósofo Aristóteles buscava na sociedade. Sabendo administrá-la sem excesso, podendo compreendê-la e possuindo um ponto de vista crítico nada mal haverá pra essa pessoa. Exemplificando esse caso, Você oferece o conhecimento desse texto, eu analiso e posteriormente faço uma reflexão podendo fazer uma análise crítica. E aos que só leram e apenas absorveram o que você queria passar, não passam de leigos da internet que mal sabem usá-la.

Anônimo disse...

Nossa! Fessor, a aula que o senhor deu em cima dessa musica... Poxa! foi A aula!!!! como quue o senhor consegue ser tão paw? Poxa... O melhor professor de todos os tempos! Eu odiava história, mas depois que vc é o meu professor, to pensando em fazer o curso até!
PAw demais doido