domingo, 5 de abril de 2009

Unificação dos vestibulares



Se obtiver a concordância dos reitores, o Ministério da Educação (MEC) unificará já em 2010 o vestibular das instituições de ensino superior mantidas pela União. Atualmente, cada uma das 55 universidades federais prepara seu próprio exame e as provas são realizadas em datas diferentes. A ideia, que acaba de ser lançada pelo ministro Fernando Haddad e é inspirada no sistema adotado nas universidades americanas, é fazer uma prova única e com validade nacional, o que permite aos aprovados escolher o curso e a universidade conforme a pontuação obtida.

Para implantar esse sistema, o MEC quer aproveitar a experiência de avaliação escolar que já acumulou desde a segunda metade da década de 90, quando lançou o antigo Provão e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Já aplicado 11 vezes, desde sua criação, o Enem é um teste com excelente imagem e credibilidade na comunidade estudantil, pois suas notas são utilizadas como critério de seleção para a concessão de bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni) e em processos seletivos de 500 instituições públicas, confessionais e privadas de ensino superior. Em 1998, ele avaliou 157 mil alunos do ensino médio. No ano passado, o número subiu para 4 milhões.
A ideia do MEC é aperfeiçoar e expandir o Enem, convertendo-o na base do vestibular unificado das universidades federais. Em seu formato atual, o Enem consiste numa prova de 63 questões de múltipla escolha e redação, realizada num único dia. O MEC quer aplicar quatro provas, com 60 questões cada uma, nas áreas de ciências humanas, linguagens, ciências da natureza e matemática, além de redação. Para os candidatos a cursos muito técnicos, como medicina, o exame também incluiria mais uma etapa, na qual seria aplicada uma prova com questões sobre disciplinas mais específicas, como ciências exatas. Com isso, o Enem passaria a ser realizado em dois dias.
O modelo do novo Enem só foi apresentado em suas linhas gerais pelo ministro da Educação. O detalhamento será feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), com base em sugestões dos reitores das universidades federais. Para os alunos, o sistema propicia a realização de um único vestibular e permite que candidatos de uma região possam se candidatar a universidades situadas em outras regiões, sem que tenham de se deslocar até elas.

Para o ministro da Educação, a unificação do vestibular tem a vantagem de aperfeiçoar o processo seletivo, tornando-o mais analítico e permitindo uma avaliação mais rigorosa das competências e habilidades dos vestibulandos. "Queremos uma prova que combine vestibular e Enem, corrigindo as distorções hoje existentes. O Enem pergunta bem, mas carece de conteúdos. O vestibular tem conteúdo, mas distorce na hora de perguntar", diz Haddad. Segundo ele, os atuais processos seletivos das universidades federais privilegiam a chamada "decoreba", não avaliando o que o aluno efetivamente aprendeu no ensino médio.

A reação inicial dos reitores, que por lei têm total autonomia para estabelecer critérios de seleção, foi favorável à proposta. Na reunião que mantiveram com Haddad, as lideranças da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) aceitaram as linhas gerais da proposta do MEC. Em Pernambuco, lembrou o presidente da Andifes, Amaro Lins, as três universidades federais adotaram o vestibular unificado, numa experiência de sucesso.

O único ponto de divergência foi com relação ao prazo de implementação das mudanças. O ministro quer promovê-las o mais rapidamente possível, enquanto os reitores querem tempo para poder ouvir os conselhos universitários e realizá-las conforme as especificidades de suas instituições. A proposta será examinada na reunião plenária da Andifes que será realizada dentro de duas semanas.

A pressa do ministro é justificada por razões políticas, até porque 2010 é um ano eleitoral e a unificação dos vestibulares seria um trunfo a ser usado na campanha. Aos reitores cabe cuidar para que uma boa ideia não seja comprometida por razões políticas.
Nota do Blog. É preciso que se pense e repense esta proposta, pois todas as vezes que se pensou em mudar a estrutura do ensino no Brasil, quem pagou o pato foram os estudantes e futuros profissionais.

3 comentários:

Anônimo disse...

O maldito do Haddad deveria fazer primeiro um teste com os filhos dele...
Só inventou tudo isso pra receber retorno nas eleições de 2010, esquecendo de nós estudantes.

Anônimo disse...

Esse país é mesmo uma piada!

Viviane disse...

Não é de todo um absurdo, mas é fato que o sistema educacional não está preparado para essa mudança, existe uma grande discrepância no nivel da educação entre as regiões brasileiras e conseguir um nivelamento entre essas, esse sim será o desafio.