terça-feira, 27 de setembro de 2011

DESABAFO



Na fila do supermercado, o caixa diz uma senhora idosa:

- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis com o ambiente.

A senhora pediu desculpas e disse:

- Não havia essa onda verde no meu tempo.

O empregado respondeu:

- Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente.

- Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se preocupou adequadamentecom o ambiente.Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja.A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

Realmente não nos preocupamos com o ambiente no nosso tempo.Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões.

Mas você está certo.Nós não nos preocupávamos com o ambiente.Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.

Mas é verdade:não havia preocupação com o ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto.E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo,não plastico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar.Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.

Mas você tem razão:não havia naquela época preocupação com o ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos.Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés de comprar uma outra. Abandonamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.
Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas. Tínhamos só  uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, não é risível que a atual geração fale tanto em "meio ambiente", mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?

4 comentários:

Helena disse...

onde estão os slides de GEO do AULÃO?

Anônimo disse...

O texto forçou um pouco a barra. Tentou atribuir uma consciência ecológica à geração passada quando na verdade os fatos citados assim eram por uma falta de possibilidade em adotar-se um comportamento diferente. Será que se fosse maior o acesso à inúmeros eletrodomésticos, obtenção de crédito para a compra de carros, uso de fraldas descartáveis e já houvesse a banalização do uso do plástico as coisas não teriam sido diferentes?
Não vale uma vilanização da atual geração pelo consumismo desenfreado pois essa realidade foi construída ao longo de décadas por diferentes gerações. Se fosse ideológico o comportamento do passado ele seria reproduzido até hoje pelos que viveram na época a qual o texto faz referência. Porém, o comportamento foi atualizado. Os mais velhos, por acaso, não usam garrafas pet? Vivem a andar de ônibus? Se recusam a ter vários aparelhos eletrônicos em casa?
Isso é saudosismo. É guerra de gerações.
É importante sim a onda verde. Podem ainda não estar em concordância o discurso e a ação, mas por isso a teoria perde a sua importância? O debate é sempre positivo uma vez que permite o questionamento, e é assim que uma ideia amadurece e gera frutos na sociedade.
Dessa forma, não cabe saudar o passado nem o presente como exemplos de sustentabilidade e sim engajar-nos em procurar ideias para um futuro sustentável.

Anônimo disse...

Será que a questão da poluição é culpa de gerações diferentes ou da sanha capitalista?

Não creio que o fato demonize essa ou aquela geração! creio que até nisso o capital foi e é competente: jogando a responsabilidade da poluição para um elemento que faça parte da cadeia poluente!

A questão, meu caro, não de comportamento! É sim, de lucro!!!!!

geoboscao@gmail.com disse...

Gostei da polêmica que o texto criou só assim sabemos o nível de intelectualidade dos nossos alunos.
Concordo com ambos pois esta situação em que nos encontramos é fruto da ação de varias gerações que ao longo do tempo dilapidaram o nosso planeta. Como diz o meu Amigo Adaílton Figueiredo somos fruto elementos que compõe a cadeia exploradora e poluente organizada pelo CAPITAL