terça-feira, 30 de junho de 2009

A colonização do Nordeste brasileiro e os sertões.

A colonização do Nordeste brasileiro deu-se pelo litoral, onde os portugueses encontraram condições ideais para o plantio da cana-de-açúcar. O açúcar era um produto de grande aceitação na Europa e alcançava um alto valor comercial. Após as experiências positivas de cultivo no Nordeste, já que a cana-de-açúcar se adaptou bem ao clima e ao solo nordestino, começou o plantio em larga escala. E o litoral bastava para os colonizadores. Toda parte não habitada era chamada de deserto, ou "desertão", palavra essa que posteriormente ficou resumida a "Sertão".

Surgiram então os engenhos para processar o açúcar, e para mover as moendas tiveram que importar o gado para os trabalhos de tração. Com o crescimento do rebanho, começaram a surgir problemas entre os senhores de engenho e os criadores de gado, de forma que em 1701 uma Carta-Régia determinou a retirado do rebanho das terras litorâneas. As 10 primeiras léguas (aproximadamente 60km), a partir da quebra do mar, estavam reservadas para a plantação de cana-de-açúcar. Restava, pois, aos criadores o sertão.

E foi no rastro do gado que o sertão foi colonizado. Os pecuaristas aproveitavam os leitos secos dos rios como estradas para conduzirem as suas boiadas e quando chegavam num lugar plano, fora da faixa proibida, construíam os seus currais, erguiam as suas cabanas, fixavam-se na terra.

Para a construção das cabanas primitivas, o couro do boi era usado em grande escala. De couro eram as portas e janelas dos casebres, o lastro das camas rústicas, os baús de guardar objetos e roupas, os depósitos para a farinha, os arreios dos animais, o chapéu do vaqueiro, o gibão que os protegia, o peitoral que protegia igualmente os animais dos espinhos e pontas de galhos secos.

A presença do escravo africano nas fazendas era insignificante. Até porque um único homem era capaz de cuidar até de 200 rezes, do modo como era criado o gado no sertão. E pelo isolamento em que o sertanejo vivia, os poucos escravos eram tratados como membros da família, sem os castigos sofridos pelos escravos dos engenhos do litoral. Muitos dos escravos se afeiçoavam tanto aos seus patrões e aos filhos dos patrões, que eram capazes de dar a própria vida para defendê-los. São várias as histórias que se contam nesse sentido.

Muitas dessas fazendas tornaram-se, posteriormente, cidades. E acontecia de maneira natural. A religiosidade do povo sertanejo fazia com que houvesse a necessidade de se construir suas casas de oração ou até mesmo pequenas capelas. E ao redor dessas capelas iam se construindo as casas dos moradores, com o tempo e com o crescimento das famílias aqueles lugares se tornavam povoados, vilarejos, vilas e depois cidades. Aqui no Rio Grande do Norte várias cidades surgiram dessa forma, como nos ensina o Mestre Câmara Cascudo. Mossoró é um exemplo claro dessa forma de povoamento.

A primeira concessão de terra doada nas ribeiras do Mossoró foi para os frades do Convento do Carmo de Olinda/PE. Essa concessão foi por volta do ano de 1700. Os carmelitas queriam terras para criação de gado. Aqui se instalaram, montaram seus currais, suas casas de moradas e de oração. E a tudo foram dando o nome do Carmo. Carmo passou a ser o rio que cortava as suas terras; Carmo passou a ser a serra, foi o nome da fazenda por eles administrada, topônimos que permanecem até os dias atuais.

Depois dos carmelitas, outras concessões de terras foram sendo doadas pela Coroa Portuguesa, ao longo da ribeira do Mossoró, inclusive a Fazenda Santa Luzia que pertencia, antes de 1739, ao Capitão Teodorico da Rocha. Por volta de 1770, a posse da Fazenda estava com o português Antônio de Souza Machado, e foi por essa época que a fixação demográfica foi iniciada pela criação de gado, oficina de carnes e extração do sal.

Foi Souza Machado quem construiu a pequena capela de Santa Luzia, em pagamento de promessa feita por sua mulher. Ao redor da capela foram sendo erguidas casas para os moradores e familiares e foi se formando a quadra do vilarejo. Em 15 de março de 1852, através de um projeto do vigário Antônio Joaquim, o povoado de Santa Luzia do Mossoró era Emancipado, desligando-se politicamente do município de Assu, passando a se chamar Vila de Mossoró, e em 9 de novembro de 1870 a vila foi elevada ao predicamento de cidade, permanecendo até os dias atuais como cidade de Mossoró.

Assim se deu a colonização do Sertão Nordestino. Para conhecer mais sobre a história de Mossoró visite o blog: www.blogdogemaia.com.

Geraldo Maia.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Blog do geo-história: um ano de vida.


Hoje, 29.06.2009, este blog, está completando exatamente um ano de existência. Tudo começou com uma idéia do professor João Carlos que foi unanimamente aceita e abraçada por nós, do CIS - Geografia e História. Essa mídia nos permite a difusão de artigos e idéias, abrindo espaço para reflexões que entendemos necessárias em todo processo de aprendizagem e evolução intelectual.

Neste espaço de tempo tivemos, aproximadamente, 83.000 acessos com uma média mensal de 7.000 o que , para um blog voltado apenas para educação e cultura, são números consideravéis.

Somos sabedores e agradecemos o conceito que o CIS possui hoje na cidade, por parte dos colegas professores e, principalmente, de nossos alunos e internautas.

Agradecemos, pois, esse carinho e admiração e reafirmamos nosso compromisso com qualidade buscada incessantemente.

Adailton Figueiredo
Agenor Pichinni
Elmar Anselmo
Henrique Lucena
João Bosco de Oliveira
João Carlos da Rocha
Luís Eduardo Suassuna - Kokinho-
Sami Andrade
Wellington Albano

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Escândalos de prateleira.


Já escrevi algumas vezes sobre o modelo político-midiático brasileiro. Esse episódio do Senado vem apenas comprovar.

Tem-se um escândalo de 14 anos. Nesse período todo, o Senado foi coberto diariamente por jornalistas especializados dos principais jornais. Segundo o Estadão de hoje, os atos secretos beneficiaram 37 senadores, entre os quais o Pedro Simon, Demóstenes Torres, além de Renan, Sarney e companheiros, Delcídio e Augusto Botelho, do PT.

Esses episódios, além dos esquemas de terceirizações da casa (a propósito, investiguem como são as terceirizações em todos os grandes órgãos públicos federais e estaduais) são velhos conhecidos dos jornalistas.

Mas ficam pendentes, não são usados enquanto não têm utilidade. Quando interessa ao jogo político da mídia, vai-se na gôndola do Supermercado de Escândalos e saca-se aquele que melhor se adequa ao momento. Neste caso específico, o objetivo evidente não é o de moralizar a casa, caso contrário não teriam deixado passar em branco 14 anos de irregularidades: é desestabilizar politicamente o país.

Significa que Sarney deve ser poupado? Longe disso. Mas ele foi atacado pela Polícia Federal ligada a José Serra na Operação que flagrou os recursos de campanha de Roseana Sarney - porque interessava à candidatura Serra. Depois, poupado do escândalo Cemar, porque na outra ponta os beneficiários eram grandes fundos de investimento. Foi inicialmente poupado no caso Gautama, porque naquele momento atirar nele não interessava a ninguém. Está sendo atacado de todas as formas agora, inclusive pelo caso Gautama, porque interessa à candidatura Serra.
Não interessa discutir mudanças radicais que eliminem de vez essas aberrações e essa falta de controle.Esses escândalos reiterados são a pulguinha no umbigo do fazendeiro (lembrando a história do médico que formou o filho graças à pulguinha que atormentava o fazendeiro, seu cliente e que, por isso mesmo, não poderia ser morta).

São características que fortalecem a mídia, que lhes dá poder. Essas aberrações institucionais permitem ao editor escolher o caso que quiser, escândalo grande, pequeno ou factóide, e dar-lhe o tratamento que desejar. E, como disse o diretor de redação do Estadão, a edição é um dos pressupostos da liberdade de imprensa.

Se submetida à mesma lente, por exemplo, não escaparia a Assembeia Legislativa de São Paulo, a Câmara de Vereadores, os serviços terceirizados. E, provavelmente, de nenhum outro estado. Mas são escândalos potenciais, que ficam na gôndola aguardando o momento que mais interessar ao jornal. Ou, como uma espada de Dâmocles sobre os governantes, tornando-os mais permeáveis, por exemplo, à venda de publicações pagas com as verbas da Educação - o novo grande veio descoberto pelos grandes grupos de mídia.

Evidentemente não tem santo nessa história. Mas, se tivesse que colocar alguma hierarquia, não incluiria os senadores no início da fila.

Luís Nassif.

História em quadrinhos (45)

Fonte: http://www.ivancabral.blogspot.com/

Senadores pedem saída de Sarney e acusam Agaciel Maia de Chantagem.

Alguns senadores pediram ontem, em plenário, a saída do Presidente do Senado José Sarney do cargo, informa O Globo. Para Cristovam Buarque (PDT-DF), Sarney “não está tendo a percepção da crise” e sugeriu ao presidente que se licencie por dois meses. Arthur Virgilio (PSDB-AM) afirmou, dirigindo-se a Sarney: “Vossa Excelência não necessariamente tem que sobreviver. Quem tem que sobreviver é o Senado Federal.” E acusou o ex-diretor geral do Senado, Agaciel Maia - irmão do deputado federal pelo RN João Maia - , de usar os atos secretos para chantagear senadores e se perpetuar na função. Para Virgilio, Maia "tem mestrado e doutoramento em chantagem" e, ao lado do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi, seria um “ladrão comprovado”. Os termos usados por Virgilio são um sinal de que o clima no Senado é inviável - ou se faz algo realmente sério ou a lama toma conta de tudo.

Atos secretos já envolvem, pelo menos, 37 senadores.


A conta é feita pelo Estadão. Segundo o jornal, a edição de atos secretos beneficiou ou obteve o aval de ao menos 37 dos 81 senadores desde 1995 - o que dá uma assustadora fatia de 45% da Casa. Outros 24 ex-parlamentares também tiveram algum tipo de relação com as decisões por baixo dos panos. E não há distinção partidária - PT, DEM, PMDB, PSDB, PDT, PSB, PRB, PTB e PR estão na lista. Ontem, foi revelado pelo Blog do Noblat que mais um afilhado político do presidente José Sarney (PMDB-AP) ocupa cargo na Casa: é Raimundo Nonato Quintiliano Pereira Filho, diretor da Fundação José Sarney, em São Luís, mas lotado no gabinete de Edison Lobão (PMDB-MA). É o 11º na conta de Sarney.

domingo, 21 de junho de 2009

História em quadrinhos (44)

Fonte: http://www.ivancabral.blogspot.com/

Algumas imagens (14)



Nota: encontrei essas imagens na net separadamente; mas, como sempre gostei de paralelismos...

... ainda sobre a questão do diploma para o exercício do jornalismo.

Não acredito que a decisão do STF seja um retrocesso quando extingue uma lei criada pela ditadura militar, uma das tantas ferramentas (censura, etc) utilizadas pelos militares para impedir a liberdade de expressão no Brasil. Acho que a decisão do Supremo não extingue as faculdades de comunicação nem desvaloriza os jornalistas diplomados, apenas elimina a exigência imposta pela ditadura na vigência do tempo negro da república brasileira.

Agora, achar que o mau exercício da profissão é causado por pessoas sem habilitação superior em jornalismo, sem formação acadêmica ou coisa do gênero , é tão distorcido como a lei da ditadura que impôs a exigência do diploma. Até porque nesses quarenta anos de vigência da lei da ditadura (contrariando a constituição federal), o exercício da profissão e suas irregularidades foram cometidas por jornalistas formados e com diplomas.

Ética, responsabilidade, seriedade, compromisso com a verdade e isenção não são forjados nos bancos das faculdades. Podem e devem ser incorporados ao aprendizado. Mas, certas coisas estão enraizadas no caráter da pessoa, vem da formação familiar, da construção da consciência e da visão histórica dos fatos que fazem o mundo em que vivemos, os quais transformamos em notícias para quem não participa desses momentos.

Acho que podemos evoluir sem o medo de ficar a margem do processo produtivo por que o STF extinguiu uma lei da ditadura militar e restaurou a constitucionalidade do livre exercício da expressão e opinião. Não é o sindicato quem deve policiar (como os censores na ditadura) as contratações de jornalistas com ou sem diploma. A sociedade sabe distinguir o que é bom do que é mau. As empresas também sabem que quanto mais competência tiver um profissional integrante de seus quadros de pessoal, mais credibilidade ela terá perante a opinião pública. O contrário também é verdadeiro.

O filtro entre o bom e o ruim não é propriedade da ditadura do diploma ou o corporativismo ultrapassado dos organismos sindicais , mas uma prerrogativa da própria sociedade, do conjunto de cidadãos e cidadãs que compõem o objetivo das empresas de comunicação do país; jornais, revistas, rádios e TVs. São o objetivo é serão, sempre, os censores naturais do que presta e daquilo que não vale a pena ser levado em consideração.

Depois, o mau exercício profissional não é privilégio de quem não tem um diploma de jornalista. Em todas as atividades sociais e produtivas existem aqueles que cometem os excessos e aqueles que agem com seriedade encaram suas profissões com honestidade e isenção profissional. Do catador de lixo ao grande empresário, da dona de casa ao prostíbulo, do advogado ao jornalista, da polícia aos políticos, em todas as categorias existem aqueles que cometem irregularidades e denigrem a profissão. Na verdade, representam uma parcela inexpressiva do conjunto de trabalhadores brasileiros, mas existem e atuam impunemente, muitos deles com apoio e trabalho de jornalistas diplomados.

Para os excessos que distorcem o exercício profissional do jornalista (com ou sem diploma), o Código Penal Brasileiro é o melhor caminho para a correção. Não precisamos de Conselhos profissionais como desejou o partido do Lula para “ocultar a censura branca do PT” e impedir que as possíveis “irregularidades” do governo Lula fossem alvo da liberdade de imprensa, do livre exercício da expressão e da manifestação de opinião sem tutela e sem medo.

Lembre-se que os mais importantes nomes do jornalismo brasileiro pré 64 exerciam a profissão sem a necessidade do diploma. Eram jornalistas provisionados e depois de um ano no batente, ganhavam o registro de jornalistas profissionais. Foram ícones da resistência à ditadura. Para calar a resistência e a livre manifestação do pensamento, os militares criaram a censura (triste para a história do país) e, posteriormente, no governo militar (Costa e Silva/Médici/Ernesteo Geisel/Figueiredo), editou a Lei impondo a exigência do diploma, como forma de afastar das redações pessoas capazes de exercer a profissão porque não era conveniente ao regime militar certas opiniões e reportagens. A Lei do Diploma, também foi uma forma de controlar o ensino da profissão nas faculdades, formando profissionais menos comprometidos com a resistência ao golpe militar de 64 e a verdadeira história do período da ditadura militar brasileira (a ditabranda, como escreveu na Folha, um jornalista diplomado).

O grande problema do Brasil, e aí não é exclusivo da categoria dos jornalistas, mas de todo universo sindical, é que o sindicalismo atual brasileiro ainda vive como se o país estivesse nos anos 70/80, e não num outro século, 40 anos à frente, onde a globalização fez do mundo uma aldeia global sem fronteiras, onde a liberdade de expressão não pode se prender a uma lei esdrúxula criada pela ditadura militar brasileira para impedir que mentes brilhantes do país exercessem o livre e sagrado direito de manifestar sua opinião numa publicação, numa emissora de rádio ou TV.

Apoiar uma Lei da ditadura militar brasileira é retrocesso. Isso sim...

Marcus Ottoni, jornalista.


sábado, 20 de junho de 2009

... e você o quê pensa sobre o tema?

Sim! Eu sou jornalista diplomado!
Por Bruno Araújo
Estudante de Jornalismo da UFRN

Quais são os ingredientes necessários para realizar um sonho? Um grande punhado de força de vontade. Colheradas generosas de paciência. Gotas suntuosas de determinação e talvez umas boas pitadas de sorte. Tudo isso despejado de maneira cuidadosa no ‘panelaço’ da vida.


Pois bem, às vezes a receita a qual nos propomos a preparar desanda por um motivo qualquer. Não porque fizemos rápido ou devagar demais. Não porque exageramos um pouco neste ou naquele outro ingrediente. Muitas vezes, o que faz nosso sonho caminhar três passos à frente, quando nossas pernas nos permitem dar apenas dois passos, é a presença de interesses contrários ao que almejamos.


Indignação é uma das muitas palavras que me vem à cabeça quando se confirmou a notícia de que o diploma de jornalista não é mais uma exigência para o exercício da profissão.


Um sonho que perdeu por oito votos a um. Um sonho que, apesar de não ter sido desfeito, foi duramente atacado e ferido. Em aproximadamente seis meses, devo me formar e receber o diploma, assim como tantos outros no país. Então eu pergunto: Para quê senhores ministros do Supremo Tribunal Federal? Meu esperado diploma, até então uma representação em papel de uma árdua batalha universitária, poderá ser comparado a uma receita para analgésicos. Ou seja, sem utilidade alguma.


Muitos dirão: Mas o que vale é o que você aprendeu nos bancos da faculdade e as horas de estudo! Talvez sim, mas qual será a sensação de um concluinte, depois de quatro anos e meio lutando pela formação superior, ao receber um canudo que não terá mais valor algum?


Tão infeliz quanto à decisão tomada na noite de quarta-feira (17), foi analogia feita pelo excelentíssimo ministro e relator da proposta, Gilmar Mendes, ao comparar a profissão do jornalista a de um cozinheiro ou mesmo um costureiro! Não desmerecendo as profissões citadas, mas ser jornalista não é unir um punhado de ingredientes no boteco da esquina, ou tricotar um casaco para o neto querido. Resumindo: não é pura técnica!


Ser jornalista é ter um papel de extrema importância na formação das sociedades. É, não apenas escrever de forma acessível, mas saber a importância do que se está escrevendo, para quem está se fazendo, sem contar a responsabilidade do ato. É ter a certeza de que, assim como um médico pode destruir uma vida rompendo a artéria de um paciente durante uma cirurgia, um jornalista sem formação e sem conceitos, pode fazê-lo sem utilizar um bisturi e matar não uma, mas uma série de pessoas, com a divulgação de uma notícia mal apurada ou mesmo falsa.


O argumento do STF para derrubar a exigência do diploma apóia-se no direito à liberdade de expressão. E quem, em que momento, e de que forma, cercearia esse direito constitucional mediante a exigência do diploma? Hoje, em qualquer lugar, quem quer escrever, o faz e o publica em qualquer lugar da internet, num folhetim de bairro, ou numa TV comunitária. Para isso, para expor idéias e pensamentos, não há necessidade de se possuir um curso superior. Patativa do Assaré passou longe da academia e expôs sua arte sem qualquer empecilho, assim como tantos outros que o fizeram. Para escrever, basta ter alma, ter coração, uma opinião e querer expressá-lo.


O que se precisa resguardar é a profissão do jornalista. Para exercê-la, é preciso ter não apenas os dons alquímicos dos cozinheiros, mas também os dotes para cruzar informações, como linhas, assim como os costureiros fazem de maneira precisa. No entanto, tão importante quanto, é ter formação.


É preciso ter o reconhecimento dessa profissão na sociedade para que, uma categoria de tamanha importância na vida das pessoas, não seja esfacelada pelos interesses de empresas que, poderão escolher entre uma pessoa que acha ter o dom da escrita e não tem idéia do poder e a responsabilidade que tem nas mãos, a um indivíduo que alia habilidades na grafia a experiência de vida e de conhecimento científicos específicos que apenas os bancos da academia, as horas de sono mal dormidas e as acaloradas discussões com professores podem proporcionar e transformar um curioso em um profissional.


Tão ruim quanto à decisão é o precedente que se abre. Hoje o jornalista passa a ser desqualificado. Amanhã é o advogado, em seguida o médico. E depois? Em seguida vem o caos. Clima desejado por àqueles no poder, que pretendem manter-se onde estão, e para isso, enfraquecem a categoria que mais pode ameaçar seus anseios. A única categoria, salvo exceções, alheia ao Estado e ao poder e que é capaz de revelar à sociedade as reais falhas do sistema, dos governantes e das corruptelas instaladas em nossa sociedade e sugam ininterruptamente e discretamente de nossas tetas.


Mas hoje, mesmo com o pesar que sinto e a descrença ainda maior que passo a ter na Justiça brasileira, tenho orgulho de ser estudante de jornalismo e, mesmo parecendo piegas, defensor da verdade e do interesse coletivo. E, em breve, poderei bater no peito e dizer com enorme prazer e satisfação: SIM! EU SOU JORNALISTA DIPLOMADO!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

GABARITO SIMULADO CALL - GEOGRAFIA

Conforme solicitado por muitos alunos,aí está o gabarito das questões de geografia do simulado do CALL.Abraço a todos e todas.
1 - D
2 - B
3 - D
4 - A
5 - C
6 - B
7 - C
8 - C
9 - D
10 - A
11 - B
12 - D

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Dica de leitura para o recesso (01)


Vocês todos sabem que, além de História, também estudo Direito. A minha dica literária para o recesso junta esses dois saberes. É o novo livro do historiador paulista Boris Fausto, intitulado O crime do restaurante chinês: carnaval, futebol e justiça na São Paulo dos anos 30.

A maioria de vocês deve se questionando: por qual motivo deveria ler um estudo que fala sobre a justiça paulista na década de 30?

Para responder a essa pergunta, farei um pequeno esclarecimento historiográfico. Nos anos 60, um historiador italiano chamado Carlo Ginzburg inaugurou uma nova forma de se ver a história: a micro-história. Seu intento era o de, partindo de uma situação singular – uma biografia de alguém “desconhecido” ou um processo inquisitorial, por exemplo – conseguir visualizar situações históricas consideradas, até então, pouco importantes, visto que as principais escolas historiográficas – o marxismo e a segunda geração dos Annales – se preocupavam mais com as generalidades, as estruturas e a longa duração. Ginzburg queria entender as situações cotidianas, a mentalidade, o imaginário das pessoas, a influência de um livro sobre a visão de mundo de um pobre moleiro parcamente alfabetizado do interior da península itálica, como o fez em O queijo e os vermes.

Boris Fausto segue essa idéia. A partir de um horrendo crime – acontecido em 1938, quando foram assassinadas quatro pessoas, sendo três esmagadas por um cilindro de madeira usado como pilão no restaurante – o autor trata das repercussões do caso na sociedade paulistana, tendo os jornais da época como principais fontes.

Boris Fausto, professor aposentado da USP.

No decorrer da narrativa, Fausto, ao se prender nos autos e nas perícias feitas pela polícia e por cientistas, analisa uma série de situações que ocorriam no Brasil à época, como a crença no pensamento criminológico de Cesare Lombroso – em consonância com a perspectiva do Darwinismo Social –, que terminava por justificar cientificamente o racismo.

O principal suspeito do crime, Arias de Oliveira, negro, já estava condenado antes mesmo do julgamento, dado à cobertura dos tablóides paulistas, que transformaram o caso numa verdadeira jogada para aumentar seus rendimentos (isso me lembra o recente o caso Eloá...). Mas aí surge um advogado da Frente Negra – uma associação de negros da classe média paulistana – que passa a defendê-lo com enorme sucesso.

Ao longo da narrativa do caso, aspectos como futebol, carnaval, racismo, imigração e Estado Novo são muito bem trabalhados pelo historiador, fato que nos faz compreender o Brasil da época.

Não vou contar a história inteira, porque perde a graça. Mas é uma excelente dica! Ricamente ilustrado, escrito em ritmo de romance policial, com um enredo que surpreende até o mais criativo roteirista de Hollywood, o livro nos cativa ao ponto de não querermos dormir, só para continuar lendo. Eu mesmo o li em uma tarde/noite!

Boa leitura!
___________________________
Livro: O Crime do Restaurante Chinês.
Autor: Boris Fausto.
Editora: Companhia das Letras.
Ano: 2009.
Páginas: 236.
Média de preço: R$45.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Gabarito do Simulado do CALL

Atendento aos inúmeros pedidos, aí está o gabarito de HISTÓRIA do Simulado do CALL, feito em parceria com o CIS.

21. D
22. A
23. A
24. B
25. A
26. B
27. A
28. A
29. C
30. B
31. B
32. A

sábado, 13 de junho de 2009

Ciclo de Aulões do CDF

Pessoal, como havia prometido aos presentes no ciclo de aulões do CDF, aí estão os slides da apresentação sobre a escravidão no Brasil.

O arquivo está em .pdf, ou seja, deve ser lido no Adobe Acrobat Reader.

Clique AQUI para baixar o arquivo.


---------------- UPDATE!

Gente, agora eu descobri um outro servidor para armazenar os arquivos. O bom nele é que o número de downloads agora é ilimitado. Portanto, podem baixar e avisar pro resto da galera!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

MASSAS DE AR QUE ATUAM NO BRASIL



Um dos fatores mais decisivos na caracterização do clima de uma dada região é a atuação das massas de ar, pois “emprestam” suas características ao tempo e ao clima dos lugares por onde circulam. A origem quanto às zonas climáticas determinará a temperatura das massas, assim, as que se formarem na zona polar serão frias e as das zonas tropical e equatorial, serão quentes. Da mesma forma, a origem oceânica ou continental irá determinar sua umidade que poderá, entretanto, variar com o deslocamento da massa por sobre regiões de umidade distinta.

MASSAS QUE ATUAM NO BRASIL
As zonas climáticas brasileiras são ifluenciadas pela atuação de cinco massas de ar:

1. Massa Equatorial Contineltal (mEc)
É uma massa quente e instável originada na Amazônia Ocidental, que atua sobre todas as regiões do país. Apesar de continental é uma massa úmida, em razão da presença de rios caudalosos e da intensa transpiração da massa vegetal da Amazônia, região em que provoca chuvas abundantes e quase diárias, principalmente no verão e no outono. No verão, avança para o interior do país provocando as “chuvas de verão”.

2. Massa Equatorial Atlântica (mEa)
É quente, úmida e originária do Atlântico Norte (próximo à Ilha de Açores). Atua nas regiões litorânes do Norte do Nordeste, principalmente no verão e na primavera, sendo também formadoras dos ventos alísios de nordeste.

3. Massa Tropical Atlântica (mTa)
Origina-se no Oceano Atlântico e atua na faixa litorânea do Nordeste ao Sul do país. Quente e úmida, provoca as chuvas frontais de inverno na região Nordeste a partir do seu enconttro com a Massa Polar Atlântica e as chuvas de relevo nos litorais sul e sudeste, a partir do choque com a Serra do Mar. Também é formadora dos ventos alísios de sudeste.

4. Massa Polar Atlântica (mPa)
Forma-se no Oceano Atlântico sul (próximo à Patagônia), sendo fria e úmida e atuando subretudo no inverno no litoral nordestino (causa chuvas frontais), nos estados sulinos (causa queda de temperatura e geadas) e na Amazônia Ocidental (causa fenômeno da friagem, queda brusca na temperatura).

5. Massa Tropical Continental (mTc)
Originada na Depressão do Chaco, é quente e seca e atua basicamente em sua área de origem, causando longos períodos quentes e secos no sul da região Centro-oeste e no interior das regiões Sul e Sudeste.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O CIS e Chico Buarque.

Você não perde por esperar... aguarde! o CIS tá trabalhando.

Climas do Brasil


Entendendo o clima Brasileiro



O extenso território brasileiro, a diversidade de formas de relevo, a altitude e dinâmica das correntes e massas de ar, possibilitam uma grande diversidade de climas no Brasil. Atravessado na região norte pela Linha do Equador e ao sul pelo Trópico de Capricórnio, o Brasil está situado, na maior parte do território, nas zonas de latitudes baixas -chamadas de zona intertropical- nas quais prevalecem os climas quentes e úmidos, com temperaturas médias em torno de 20ºC.


A amplitude térmica - diferenças entre as temperaturas mínimas e máximas no decorrer do ano é baixa, em outras palavras: a variação de temperatura no território brasileiro é pequena.


Os tipos de clima do Brasil Para classificar um clima, devemos considerar a temperatura, a umidade, as massas de ar, a pressão atmosférica, correntes marítimas e ventos, entre muitas outras características. A classificação mais utilizada para os diferentes tipos de clima do Brasil assemelha-se a criada pelo estudioso Arthur Strahler, que se baseia na origem, natureza e movimentação das correntes e massas de ar.


De acordo com essa classificação, os tipos de clima do Brasil são os seguintes:


Clima Subtropical: A região de climas mais frios no Brasil corresponde à faixa territorial situada abaixo do Trópico de Capricórnio , abrangendo os estados sulistas, com exceção do norte do Paraná. O clima subtropical destas regiões apresenta temperaturas médias inferiores a 20° C, com índice pluviométrico variando entre 2.000 e 1.500 mm anuais. Tal região circunscrita a essa faixa climática apresenta os invernos mais rigorosos do país, sobretudo nas áreas de maior altitude, onde inclusive podem ocorrer nevascas. A tipologia vegetal dominante constitui a chamada floresta de araucária (zonas de altitude mais elevada) e ainda as gramíneas (zonas mais baixas, como os Pampas gaúchos e a Depressão Periférica). A mata das araucárias também sofreu grandes devastações, mas há a ocorrência de áreas de reflorestamento. presente na região sul dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por verões quentes e úmidos e invernos frios e secos. Chove muito nos meses de novembro à março. Recebe influência, principalmente no inverno, das massas de ar frias vindas da Antártida.


Clima Semi-árido: O chamado clima semi-árido estende-se pelos territórios correspondentes ao sertão nordestino, incluindo o vale do Rio São Francisco, até o norte do estado de Minas Gerais. Os índices pluviométricos destas áreas são os mais baixos do país, apresentando um média inferior a 800 mm anuais. Em contrapartida, as temperaturas médias anuais estão entre às maiores no território brasileiro, oscilando por cerca de 27° C. A vegetação correspondente a estas regiões é a caatinga, encerrando vegetais de feições retorcidas e espinhosas, com grande constância de plantas cactáceas.


Clima Equatorial: encontra-se na região da Amazônia. As temperaturas são elevadas durante quase todo o ano. Este clima prevalece na região da Floresta Amazônica, apresentando características como temperaturas médias que oscilam entre 24 e 26° C. Chuvas em grande quantidade, com índice pluviométrico acima de 2500 mm anuais (o mais alto índice referente ao regime de chuvas do território brasileiro). A vegetação da área compreendida por este tipo de clima corresponde à chamada floresta equatorial (hiléia amazônica).


Clima Tropical: O clima tropical atua nas regiões do Planalto Central, além de áreas do nordeste e do sudeste brasileiros. Este clima é caracterizado por duas estações quentes distintas por ano, apresentando temperatura média superior a 20° C. Quanto ao regime de chuvas, o índice pluviométrico anual varia entre os parâmetros de 1.000 e 1.500 mm/ano. A vegetação das áreas circunscritas a este tipo de clima é tipicamente de cerrado, apresentando arbustos de casca grossa e gramíneas. Já nas áreas adjacentes aos rios, há a presença constante de matas ciliares. temperaturas elevadas (média anual por volta de 20°C), presença de umidade e índice de chuvas de médio a elevado.


Clima Tropical de altitude: ocorre principalmente nas regiões serranas do Espirito Santo, Rio de Janeiro e Serra da Mantiqueira. As temperatura médias variam de 15 a 21º C. As chuvas de verão são intensas e no inverno sofre a influência das massas de ar frias vindas pela Oceano Atlântico. Pode apresentar geadas no inverno. Nas regiões mais altas circunscritas pelos planalto atlântico no sudeste, e ainda na regiões ao sul de Mato Grosso do Sul e ao norte do Paraná. Apresentando um regime de chuvas anuais cujo índice varia entre 1.000 e 1.500 mm/ano. A floresta de araucárias (Serra do Mar e Serra da Mantiqueira) e a mata tropical predominam nas regiões mais altas destas áreas descritas, enquanto nas demais regiões a mata tropical encontra-se em estado avançado de devastação.


Clima Tropical Atlântico (tropical úmido e com chuvas de inverno): presente, principalmente, nas regiões litorâneas do Sudeste e Nordeste Oriental, apresenta grande influência da umidade vinda do Oceano Atlântico. As temperaturas são elevadas no verão (podendo atingir até 40°C) e amenas no inverno. Em função da umidade trazida pelo oceano, costuma chover muito nestas áreas. No Nordeste são comuns as Chuvas Frontais de inverno. O chamado clima tropical atlântico predomina em praticamente toda a faixa litorânea brasileira, estendendo-se desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Tal clima tem por temperatura média anual uma faixa de variação entre 18° e 26°C, possuindo índice pluviométrico médio variando em torno de 1.200 mm/ano. O quadro vegetal desta área é composto pela chamada Mata Atlântica, constituindo uma das áreas vegetais que mais sofreram com a devastação: a região do estado de São Paulo, detentora de 82% da Mata Atlântica original, se encontra atualmente reduzida a ínfimos 5%.

Curiosidades:

A ciência que estuda o clima e o tempo é o ramo da Geografia conhecido como climatologia.
As mudanças climáticas têm provado, na atualidade, o derretimento das calotas polares e a intensificação do processo de desertificação.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Classe e Raça (Darcy Ribeiro)


Darcy Ribeiro foi um dos maiores estudiosos da sociedade brasileira, tendo escrevido inúmeras obras, das quais se destaca O povo brasileiro. Ministro-chefe da Casa Civil durante o governo João Goulart, tentou organizar uma reação ao golpe militar, mas não conseguiu articular apoio suficiente.

Além da grande carreira acadêmica - reconhecida nacional e internacionalmente - Darcy Ribeiro também teve uma atuação política destacada, visto que chegou a ser Senador da República. Faleceu em 1997.

Estamos publicando um de seus textos, que versa sobre as questões de classe e de raça no Brasil.

Chamo atenção de todos vocês para a pertinência desse assunto, já que vivemos um momento de discussão em torno da questão das identidades negra e indígena, bem como de cotas nas universidades e concursos públicos.
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Classe e raça (Darcy Ribeiro)

A classe dominante [brasileira] bifurcou sua conduta em dois estilos contrapostos. Um, presidido pela mais viva cordialidade nas relações com seus pares; outro, remarcado pelo descaso no trato com os que lhe são socialmente inferiores. Assim é que na mesma pessoa se pode observar a representação de dois papéis, conforme encarne a etiqueta prescrita do anfitrião hospitaleiro, gentil e generoso diante de um visitante, ou o papel senhorial, em face de um subordinado. Ambos vividos com uma espontaneidade que só se explica pela conformação bipartida da personalidade.

A essa corrupção senhorial corresponde uma deterioração da dignidade pessoal das camadas mais humildes, condicionadas a um tratamento gritantemente assimétrico, predispostas a assumir atitudes de subserviência, compelidas a se deixarem explorar até a exaustão. São mais castas que classes, pela imutabilidade de sua condição social. Dentro desse contexto social jamais se puderam desenvolver instituições democráticas com base em formas locais de autogoverno. As instituições republicanas, adotadas formalmente no Brasil para justificar novas formas de exercício do poder pela classe dominante, tiveram sempre como seus agentes juntos ao povo a própria camada proprietária. No mundo rural, a mudança de regime jamais afetou o senhorio fazendeiro que, dirigindo a seu talante as funções de repressão policial, as instituições da propriedade na Colônia, no Império e na República, exerceu desde sempre um poderio hegemônico.

A sociedade resultante tem incompatibilidades insanáveis. Dentre elas, a incapacidade de assegurar um padrão de vida, mesmo modestamente satisfatório, para a maioria da população nacional; a inaptidão para criar uma cidadania livre e, em conseqüência, a inviabilidade de instituir-se uma vida democrática. Nessas condições, a eleição é uma grande farsa em que massas de eleitores vendem seus votos àqueles que seriam seus adversários naturais. Por tudo isso é que ela se caracteriza como uma ordenação oligárquica que só se pode manter artificiosa ou repressivamente pela compressão das forças majoritárias às quais condena ao atraso e à pobreza.
Não é por acaso, pois, que o Brasil passa de colônia a nação independente e de Monarquia a República, sem que a ordem fazendeira seja afetada e sem que o povo perceba. Todas as nossas instituições políticas constituem superfetações de um poder efetivo que se mantém intocado: o poderio do patronato fazendeiro.

A distância social mais espantosa do Brasil é a que separa e opõe os pobres dos ricos. A ela se soma, porém, a discriminação que pesa sobre os negros, mulatos e índios, sobretudo os primeiros. Entretanto, a rebeldia negra é muito menor e menos agressiva do que deveria ser. Não foi assim no passado. As lutas mais longas e mais cruentas que se travaram no Brasil foram a resistência indígena secular e a luta dos negros contra a escravidão, que duraram os séculos do escravismo. Tendo início quando começou o tráfico, só se encerrou com a abolição.

Sua forma era principalmente a de fuga, para a resistência e para a reconstituição de sua vida em liberdade nas comunidades solidárias dos quilombos, que se multiplicaram aos milhares.

As atuais classes dominantes brasileiras, feitas de filhos e netos dos antigos senhores de escravos, guardam, diante do negro, a mesma atitude de desprezo vil. Para seus pais, o negro escravo, o forro, , bem como o mulato, eram mera força energética, como um saco de carvão, que desgastado era substituído facilmente por outro que se comprava. Para seus descendentes, o negro livre, o mulato e o branco pobre são também o que há de mais reles, pela preguiça, pela ignorância, pela criminalidade inatas e inelutáveis. Todos eles são tidos consensualmente como culpados de suas próprias desgraças, explicadas como características da raça e não como resultado da escravidão e da opressão. Essa visão deformada é assimilada também pelos mulatos e até pelos negros que conseguem ascender socialmente, os quais se somam ao contingente branco para discriminar o negro-massa.

Nos últimos anos, por efeito do sucesso do negro americano, que foi tido pelos brasileiros como uma vitória da raça, mas principalmente pela ascensão de uma parcela da população de cor, através da educação e da ampliação de oportunidades de empregos, o negro brasileiro vem tomando coragem de assumir orgulhosamente sua condição de negro.

O mesmo ocorreu a muitos mulatos que saltaram para o lado negro de sua dupla natureza. Essa passagem, de fato, era muito difícil, em razão da imensa massa negra, afundada na miséria mais atroz, com que não podia se confundir. Massa que compõe a imagem popular do negro, cuja condição é absolutamente indesejável, porque sobre ela recai, com toda dureza, o pauperismo, as enfermidades, a criminalidade e a violência. Isso ocorre numa sociedade doentia, de consciência deformada, em que o negro é considerado culpado de sua penúria.
(RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.217-224)
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E aí, vocês concordam com ele? Postem seus comentários!

sábado, 6 de junho de 2009

Geo-economia do Rio Grande do Norte


No inicio da colonização, a economia do RN era basicamente de subsistência, concentrando-se na pesca, pecuária e agricultura.

A cultura da cana de açúcar, tão bem desenvolvida em outras capitanias, não teve o mesmo sucesso no Rio Grande, restringindo-se ao sul do Estado. O mais importante engenho é o Engenho do Cunhaú, fundado em 1630.

A exploração do Pau-Brasil, grande riqueza brasileira e praticamente o primeiro produto exportado do Rio Grande do Norte para a Europa, consistia na maior atividade econômica na época da Colônia, e foi também o motivo de varias invasões à nossa costa, tanto de franceses quanto holandeses, atrás da sua exploração clandestina.

Das atividades de subsistência, a pecuária foi a que mais se desenvolveu, com a criação de gado em grandes fazendas destinadas ao abastecimento das outras capitanias próximas. As fazendas de criação de gado deram origem aos distritos que hoje formam os 166 municípios do Estado do Rio Grande do Norte.

Atualmente, a economia do Estado está em pleno desenvolvimento. Suas principais atividades se concentram nas áreas de Agricultura - com o cultivo de algodão, arroz, banana, castanha-de-caju, cana-de-açúcar, coco-da-baía, feijão, mandioca, milho, batata-doce, sisal, fumo, abacaxi e mamona; Pecuária - bovina, suínos, avicultura; Pesca; Extração vegetal - Carnaúba e Mineração - sal marinho, calcário, diatomito, estanho, caulim, gás natural, petróleo, tungstênio, feldspato, nióbio.

O cultivo do algodão teve importante participação na economia do Rio Grande do Norte desde a colonização do Estado, e a pecuária ainda é uma das atividades econômicas mais fortes do Estado.

Os pólos salineiros no na região litorânea do extremo norte do Estado movimentam o porto de Areia Branca, sendo responsável por 90% da produção nacional.

Já a extração de petróleo movimenta o porto de Guamaré, sendo um dos maiores centros extratores de petróleo do país, e o maior produtor de petróleo "em terra" no Brasil. Estas duas atividades respondem pelo maior crescimento da Economia do Estado.

O Rio Grande do Norte vem desenvolvendo-se rapidamente nos últimos anos. Sua industria, cujos principais produtos ainda são os têxteis, os artesanatos e cerâmicas, vem ganhando força graças às exportações. Produtos como o sal, camarão, frutas - mamão, melão, melancia, abacaxi, manga, etc - peixes e doces tornaram o Estado o campeão de exportações do Nordeste.

A falta de estrutura ainda é um problema na economia, mas pólos industriais estão sendo montados, e melhorias e ampliações as estruturas de portos e aeroportos também estão contribuindo para o incremento das atividades econômicas.

O setor turístico é outro setor em franco desenvolvimento. O Rio Grande do Norte conta com uma das paisagens mais belas do Nordeste brasileiro, e suas praias de águas mornas e seu clima sempre favorável o tornam o principal alvo de turistas nacionais e estrangeiros. O setor turístico no Estado ainda é carente de profissionais especializados e subsídios do Governo, mas novas Faculdades e Escolas de Turismo estão atuando cada vez mais no Rio Grande do Norte.


Conteúdo Geografia-História ENEM 2009

4. Ciências Humanas e suas Tecnologias

• Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade
Cultura Material e imaterial; patrimônio e diversidade cultural no Brasil.
A Conquista da América. Conflitos entre europeus e indígenas na América
colonial. A escravidão e formas de resistência indígena e africana na América.
História cultural dos povos africanos. A luta dos negros no Brasil e o negro na
formação da sociedade brasileira.
História dos povos indígenas e a formação sócio-cultural brasileira.
Movimentos culturais no mundo ocidental e seus impactos na vida política e
social.
• Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento político e
ação do Estado
Cidadania e democracia na Antiguidade; Estado e direitos do cidadão a partir da
Idade Moderna; democracia direta, indireta e representativa.
Revoluções sociais e políticas na Europa Moderna.
Formação territorial brasileira; as regiões brasileiras; políticas de reordenamento
territorial.
As lutas pela conquista da independência política das colônias da América.
Grupos sociais em conflito no Brasil imperial e a construção da nação.
O desenvolvimento do pensamento liberal na sociedade capitalista e seus
críticos nos séculos XIX e XX.
Políticas de colonização, migração, imigração e emigração no Brasil nos séculos
XIX e XX.
A atuação dos grupos sociais e os grandes processos revolucionários do século
XX: Revolução Bolchevique, Revolução Chinesa, Revolução Cubana.
Geopolítica e conflitos entre os séculos XIX e XX: Imperialismo, a ocupação da
Ásia e da África, as Guerras Mundiais e a Guerra Fria.
Os sistemas totalitários na Europa do século XX: nazi-fascista, franquismo,
salazarismo e stalinismo. Ditaduras políticas na América Latina: Estado Novo no
Brasil e ditaduras na América.
Conflitos político-culturais pós-Guerra Fria, reorganização política internacional e
os organismos multilaterais nos séculos XX e XXI.
A luta pela conquista de direitos pelos cidadãos: direitos civis, humanos, políticos
e sociais. Direitos sociais nas constituições brasileiras. Políticas afirmativas.
Vida urbana: redes e hierarquia nas cidades, pobreza e segregação espacial.
• Características e transformações das estruturas produtivas
Diferentes formas de organização da produção: escravismo antigo, feudalismo,
capitalismo, socialismo e suas diferentes experiências.
Economia agro-exportadora brasileira: complexo açucareiro; a mineração no
período colonial; a economia cafeeira; a borracha na Amazônia.
Revolução Industrial: criação do sistema de fábrica na Europa e transformações
no processo de produção. Formação do espaço urbano-industrial.
Transformações na estrutura produtiva no século XX: o fordismo, o toyotismo, as
novas técnicas de produção e seus impactos.
A industrialização brasileira, a urbanização e as transformações sociais e
trabalhistas.
A globalização e as novas tecnologias de telecomunicação e suas
conseqüências econômicas, políticas e sociais.
Produção e transformação dos espaços agrários. Modernização da agricultura e
estruturas agrárias tradicionais. O agronegócio, a agricultura familiar, os
assalariados do campo e as lutas sociais no campo. A relação campo-cidade.
• Os domínios naturais e a relação do ser humano com o ambiente
Relação homem-natureza, a apropriação dos recursos naturais pelas sociedades
ao longo do tempo. Impacto ambiental das atividades econômicas no Brasil.
Recursos minerais e energéticos: exploração e impactos. Recursos hídricos;
bacias hidrográficas e seus aproveitamentos.
As questões ambientais contemporâneas: mudança climática, ilhas de calor,
efeito estufa, chuva ácida, a destruição da camada de ozônio. A nova ordem
ambiental internacional; políticas territoriais ambientais; uso e conservação dos
recursos naturais, unidades de conservação, corredores ecológicos, zoneamento
ecológico e econômico.
Origem e evolução do conceito de sustentabilidade.
Estrutura interna da terra. Estruturas do solo e do relevo; agentes internos e
externos modeladores do relevo.
Situação geral da atmosfera e classificação climática. As características
climáticas do território brasileiro.
Os grandes domínios da vegetação no Brasil e no mundo.
• Representação espacial
Projeções cartográficas; leitura de mapas temáticos, físicos e políticos;
tecnologias modernas aplicadas à cartografia.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Algumas imagens

Fonte: http://www.ailtonmedeiros.com.br/

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Dia Mundial do Meio Ambiente

Bosque dos Namorados
Parque das Dunas

No Dia Mundial do Meio Ambiente nós do Blog prestaremos homenagem ao Parque das Dunas de Natal.

O Parque Estadual Dunas do Natal é a primeira Unidade de Conservação Ambiental implantada no Rio Grande do Norte. Criado em 1977, o Parque está situado em Natal e ocupa uma área de aproximadamente 1.172 hectares, entre os bairros de Mãe Luiza e Capim Macio/Ponta Negra, estendendo-se ao longo da Via Costeira.

Uma das últimas áreas densas de Mata Atlântica preservada no Estado, o Parque das Dunas é considerado o segundo maior parque urbano do Brasil, superado, em tamanho, apenas pela Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro.Seu ecossistema de dunas é rico e diversificado, abrigando uma fauna e flora de grande valor bioecológico, que inclui diversas espécies em processo de extinção. Daí vem seu potencial científico e paisagístico, com condições de uso para a pesquisa, educação ambiental, lazer e turismo ecológico, além de sua importância geológico-geomorfológica.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Blocos Econômicos

Blocos econômicos são associações de países que estabelecem relações comerciais e econômicas privilegiadas entre si. O primeiro bloco importante surge na Europa em 1957, com a criação da Comunidade Econômica Européia (CEE), atual União Européia (UE). Mas a tendência de regionalização da economia só se fortalece nos anos 90, com o fim da Guerra Fria. Na América se destacam o Nafta, o Mercosul e, com menor importância, o Pacto Andino e o Caricom; na Europa, a UE e a Comunidade dos Estados Independentes (CEI); na África há o SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral); na Ásia, o Asean ( Associação das Nações do Sudeste Asiático). Também está em fase de implantação o bloco transcontinental Apec(Cooperação Economica para Ásia e Pacífico), que reúne países da América e da Ásia, e continuam as negociaões para a formação de um bloca abrangendo toda a América, a Alca.
Tipos de blocos

Os blocos econômicos classificam-se em zona de livre comércio, união aduaneira, mercado comum e união econômica e monetária. Na zona de livre comércio, há redução ou a eliminação das taxas alfandegárias que incidem sobre a troca de mercadorias dentro do bloco. A união aduaneira, além de abrir mercados inteiros, regulamenta o comércio dos países-membros com nações externas ao bloco. Já o mercado comum garante a livre circulação de pessoas, serviços e capitais. A união econômica e monetária integra de maneira mais profunda as economias do grupo.

História em quadrinhos (40)

Nota do Blog: "Nada pode ser mais perigoso do que uma caixa de fósforo na mão de um doido".